"ACP Elétrico do Ano": até onde vai a inovação tecnológica?

Episode 86 July 16, 2025 00:26:27
"ACP Elétrico do Ano": até onde vai a inovação tecnológica?
ACP - Automóvel Club de Portugal
"ACP Elétrico do Ano": até onde vai a inovação tecnológica?

Jul 16 2025 | 00:26:27

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Show Notes

Os veículos elétricos representam uma evolução tecnológica, mas serão inovadores na mecânica? Neste episódio, Bruno Gomes, diretor técnico da Assistência ACP, dá a resposta.

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Episode Transcript

[00:00:05] Speaker A: Ora viva, bem-vindos a mais um ACP Elétrico do Ano, podcast sobre a mobilidade elétrica, e hoje falamos sobre a questão da tecnologia. Tecnologia, inovação, enfim, temos aqui várias vários parâmetros para podermos analisar a questão da tecnologia, mas sempre do ponto de vista prático. E por isso mesmo é que convidámos o Bruno Gomes, Diretor Técnico da Assistência à ACP. Obrigado por esta disponibilidade. Porque a ideia é aproveitar o Bruno para nos dar, para nos esclarecer, para nos dar algumas dicas para aquilo que é o nosso cotidiano de quem tem carro elétrico ou de quem pretende vir a ter carro elétrico. Acho que isto ainda é todo um mundo novo e acho que mesmo quem tem carro elétrico, acho que ainda está muito necessitado de algumas explicações, de alguns esclarecimentos. E o Bruno, começa por dizer que o automóvel elétrico não é nenhuma nave espacial. Bruno, quer começar por aqui, por desmistificar... [00:01:07] Speaker B: Sim, obrigado pelo convite. O carro elétrico, claramente, são carros de uma... utilidade muito simples e muito fácil de utilizar, sobretudo nos circuitos urbanos, são carros muito silenciosos, são carros muito fáceis de interagir, mas querecem mudar o seu próprio paradigma de pensarmos como é que os carros são na sua natureza. [00:01:36] Speaker A: Mas quem... talvez condutores mais velhos olhem para o carro elétrico exatamente com essa desconfiança. Se bem que parece haver aqui um paradigma, depois há um estudo do próprio ACP que diz que quem preferencialmente conduz carros elétricos são pessoas mais velhas. [00:01:51] Speaker B: Sim, mas e tem uma explicação. Para já são carros automáticos. que facilita muito a condução. Depois, os carros elétricos são tecnologicamente muito evoluídos, acima de tudo na parte dos entretenimentos, das ajudas à condução, porque a mecânica é muito mais simples, muito mais simples que um carro dito convencional, e então compensa com toda essa tecnologia, desde sensores de aproximação, de radares, são carros muito fáceis de conduzir. e tecnologicamente muito mais evoluídos, o que se torna mais apetecível para um utilizador comum ter um carro com imensa tecnologia, mas não são naves espaciais, são carros normalistas. [00:02:37] Speaker A: Exatamente, não é? Portanto, começamos por aí, por desmistificar esta questão. Mas há cuidados especiais a ter, claro. Bruno, o que é que é mais importante quando temos um carro elétrico ou quando pretendemos vir a ter? As questões, claro, dos carregamentos, obviamente há aí muito para falar, para detalhar. O que é mais importante? [00:02:59] Speaker B: Termos uma compra esclarecida. Ou seja, antes de termos um carro elétrico nós temos e efetivamente temos uma compra esclarecida. Primeiro é perceber que tipo de utilização é que damos à viatura. Se fazemos muitas viagens, não fazemos, se o nosso circuito é muito mais urbano ou não. Se temos condições de carregar o carro em casa, porque aí faz o salto económico que está aí. Se nós carregamos o carro em casa, Uma carga completa pode variar entre dois, cinco euros, depende do tamanho da bateria, depende de... Mas o custo é muito reduzido. Se carregamos o carro na rua, nos postos, é muito mais elevado. [00:03:36] Speaker A: Então se calhar podemos... começar aqui por estabelecer ao carro elétrico, 100%, depois aos híbridos plug-in, tem muito a ver com aquilo que estava a dizer, com as necessidades que temos para o nosso dia-a-dia. E sabendo que também os carros eletrificados, os híbridos plug-in, têm cada vez mais uma bateria que está a aumentar... De maior autonomia. Exato. [00:03:57] Speaker B: E isso, um carro plug-in neste momento é o melhor dos dois mundos, porque já temos carros relativamente em conta, segue-se que se possa chamar um carro elétrico em conta, porque são claramente um pouco mais caros que os carros ditos convencionais, mas as baterias têm muito mais autonomia, já temos carros com um custo de 120, 130, 140 km de autonomia em versão plug-in, dá uma utilização praticamente diária, é elétrico e se tivermos que fazer uma viagem ao fim de semana não estamos com o pânico da falta de autonomia porque temos ali um depósito a gasolina ou a diesel que ajuda claramente a fazer uma viagem em segurança e sem qualquer tipo de problema. É evidente que estes carros têm, mas existem os híbridos, que não têm que carregar e quem não tem essa possibilidade também pode optar por essa oferta no. [00:04:52] Speaker A: Mercado em que… Bruno, quero explicar exatamente. Um híbrido, portanto, que tem um carregamento, um auto carregamento, digamos assim, não é? [00:05:00] Speaker B: Um híbrido é um auto carregamento, ou seja, tem uma bateria de maior capacidade, uma bateria de tração, que sobretudo no trânsito, para a arranca, o carro anda em elétrico e depois em viagens o motor de tração é um motor de combustão normal mas também gera energia para carregar as baterias e aí é muito mais confortável para o utilizador que não tem que se preocupar com a carga e não tem que... Ora, um plugin tem a grande vantagem de podermos andar 100% elétrico com muito mais autonomia muito mais autonomia. Temos aqui o Carregar e aí sim tem muito a ver se eu tenho condições de poder carregar o carro em casa ou não porque tenho-me apercebido que há consumidores que compram carros elétricos e depois têm um problema gigante que é não sabem o que fazer com as cargas e já não é a primeira vez que nós cidadão, estamos a passear nos passeios e vemos fios pendurados num segundo andar a ligar o carro, que é ilegal, que não faz sentido, até por questões de segurança, porque se chover, se tiver humidade, se alguém desligar o fio, pode não estar preparado e aí sim causar um acidente. Tem essa questão. [00:06:10] Speaker A: Portanto, 100% elétrico, híbrido plug-in e esses, os híbridos que, digamos, não têm nestes últimos anos são os menos preferidos neste momento, não é? [00:06:22] Speaker B: Sim, sim. Até porque o que dita tudo isto são as questões fiscais. Nós vemos, há um grande crescimento na venda dos carros elétricos e plug-in, tem muito a ver com os benefícios fiscais e as empresas, sim, o consumidor final tem um carro elétrico, mas como segundo ou terceiro carro, ou seja, tem que continuar a ter o seu carro a combustão para fazer as suas viagens, maior espaço e acaba comprar carros elétricos pequenos para poder circular nas cidades. Tem as vantagens do estacionamento, porque não pagam, não é? mas... e tem as vantagens dos benefícios fiscais. Um carro elétrico tem algumas particularidades que são giras, ou seja, os carros são elétricos, os motores estão nas rodas e quando eles estão bloqueados, no caso agora falando aqui um pouco da assistência, nós... [00:07:10] Speaker A: O que o Bruno está habituado a fazer no seu dia-a-dia são os problemas. Mas ainda assim, e já podemos detalhar as particularidades de cada uma dessas categorias, a nível de tecnologia, a questão dos problemas na assistência, o que é que é mais comum aparecer? Sabendo que pelo facto destes carros serem diferentes, os problemas também são diferentes. [00:07:35] Speaker B: Sim. [00:07:36] Speaker A: Mas é preciso ter em conta que eles existem. [00:07:38] Speaker B: Sim. Há muitos problemas que têm muito a ver com a falta de conhecimento do utilizador, ou seja, porque quem vende e depois quem compra o carro elétrico não está perfeitamente esclarecido Porque, por exemplo, nós somos chamados muitas vezes para desbloquear o carro da tomada que não conseguem desbloquear. E há procedimentos que se fazem, como abrir e fechar o carro duas vezes e carregar na abertura de porta e a alavanca do carga-se sai. Mas quem não está habituado a esses tipos de detalhes e não tem esse conhecimento tem sempre alguma dificuldade. Mas nós temos que perceber que um carro elétrico também tem pneus, como um carro normal. Também tem uma bateria de 12V, como um carro normal. [00:08:20] Speaker A: Talvez seja. Eu confesso. [00:08:22] Speaker B: Muito engraçado. [00:08:23] Speaker A: Eu já aprendi, eu já aprendi. Antes de começarmos a gravar, o Bruno dizia-me isso. Eu tenho um carro elétrico há 3 anos, sensivelmente. Tenho também a combustão. Mas eu confesso que não sabia que o meu carro elétrico tinha uma bateria de 12 volts. [00:08:37] Speaker B: Tem. Essa bateria é a bateria principal para poder reconhecer a chave da viatura, para podermos abrir e fechar o carro e para ativar o modo de alta tensão de tração. Se essa bateria estiver em baixo ou se estiver descarregada, eu posso ter a bateria de tração 100% carregada e o carro não anda. Porquê? Porque os sistemas de segurança não são desativados, continuam armados, enquanto essa bateria de 12V não recupera. Evidente que ela depois recupera quando o carro está a andar e a própria bateria de tração recarrega a bateria de 12V, mas ela pode ir abaixo por qualquer motivo e quando é que ela vai abaixo? Se o carro é um carro elétrico, é outro detalhe engraçado, quando nós um carro de combustão estivermos um mês parado na garagem, nada acontece. [00:09:26] Speaker A: Mas um carro... Se a bateria for nova, não é? [00:09:27] Speaker B: Se a bateria for nova, evidente. Se a bateria for nova... Nova ou. [00:09:30] Speaker A: Que estiver bem... Ou se o carro. [00:09:31] Speaker B: Tiver uma boa manutenção, em que os sistemas de descarga dos consumíveis estiverem ativos à partir de um mês, um mês e meio, nada acontece. Um carro elétrico, pode acontecer eu deixar o carro com 100% de carga e quando chegar lá o carro tem 70% da bateria. E é algo, porquê? Porque todos esses sistemas estão sempre ativos. E vão sempre gastando um bocadinho de bateria. Os carros elétricos têm muitas atualizações, que o que eles chamam SOTA, que é Software Over The Air, os próprios fabricantes vão fazendo atualizações nas viaturas, que claramente o utilizador recebe uma mensagem do telemóvel a dizer assim, podemos fazer uma atualização na sua viatura? vai precisar de estar o carro parado uma hora ou duas horas, ou o que seja. E se disser que sim, o carro entra numa utilização e é importante para os carros terem questões de segurança, segurança informática, porque a grande diferença desses carros é que têm uma exposição muito grande à tecnologia, às informáticas, e eles são muito tecnológicos por aí, e claramente as utilizações são fundamentais para que os carros estejam em perfeitas condições de utilização. [00:10:41] Speaker A: Portanto, a parte da manutenção destes carros, dos eletrificados, ou dos 100% elétricos, é exatamente a questão da atualização de um software como se fosse, o quê eu diria, um telemóvel? [00:10:51] Speaker B: Um telemóvel. Porque, na realidade, a manutenção num carro elétrico tem os óleos dos travões, tem a verificação das pastilhas, mas claramente gastam muito menos porque por causa da energia regenerativa e gastam menos, mas é trocar o líquido de refrigeração porque as baterias precisam de arrefecer porque elas aquecem bastante, sobretudo quando são carregadas. Têm sistemas de ar-condicionado que também têm que estar em perfeitas condições e há carros que têm supercarregamentos e esse sim, o ar-condicionado é fundamental. É uma curiosidade. O carro quando está a carregar, há-de reparar que se estiver num posto de carregamento rápido, se estiver ao pé do carro, vai ver que as ventoinhas dos ar-condicionados são ligadas no máximo. Porquê? Porque tem o circuito de ar-condicionado no máximo para arrefecer a bateria, para garantir que consegue-se carregar com mais rapidez a bateria. E se ela estiver quente ou mais, com uma temperatura elevada, não se consegue carregar de uma forma tão rápida. É uma curiosidade. O carro está parado, está fechado, porque é que tem as ventoinhas no máximo ligadas? É para ajudar a arrefecer os sistemas de ventilação, de refrigeração, para podermos carregar a bateria de uma forma mais rápida. [00:12:09] Speaker A: Bruno, voltando aqui um pouco atrás na conversa e relativamente a estas curiosidades, temos aqui a questão dos híbridos plug-in que têm bateria também e podem funcionar de modo elétrico ou a combustão, mas a bateria tem que ter sempre algum carregamento, algum nível de carregamento. [00:12:27] Speaker B: Sim. É verdade. Por exemplo, eu posso, num carro plug-in, eu posso forçar o carro a andar elétrico. Eu posso dizer assim, quero andar elétrico. E se eu esgotar a bateria, apesar de dizer lá zero, ele tem uma tensão residual não inferior a 5% para manter todo o sistema ativo. Mas se eu, por qualquer motivo, esgotar a bateria, o carro pode estar com gasolina no máximo, depósito ou diesel, e o carro não anda. Porquê? Esses carros, essa tecnologia, não tem motor de arranque como um carro convencional. É um motor elétrico que está ocupado, um motor de combustão, que ativa e aciona o carro de combustão. Ou seja, se a bateria de tração estiver esgotada ou não tiver energia suficiente para ativar, já nos aconteceu algumas assistências em que os carros tinham gasolina mas não tinham tensão nenhuma na bateria de tração, o que fez com que o carro não andasse. Ou seja, é sempre recomendado ter 5, 10%, o mínimo, o mínimo, nessa bateria. [00:13:36] Speaker A: Porque está aí exatamente o motor de arranque, não é? [00:13:38] Speaker B: Sim, porque, repara, quando é que isso acontece? Eu esgotei a bateria e o carro ficou, fui passar o fim de semana fora, deixei o carro, estive 3 ou 4 dias fora. Se a bateria estiver muito próxima do fim, ele depois já pode não recuperar, porque está um dia de calor, está um dia de frio, ou seja, as temperaturas extremas influenciam na autonomia dos carros elétricos e também no comportamento da bateria. Então é engraçado que tivemos algumas assistências de o carro vir em folha e nós tivemos que dar uma carga na bateria de tração, ali 10 minutos, que seja, para o carro reconhecer a bateria, ativar os sistemas e o carro depois poder seguir viagem e fazer uma carga completa da bateria de tração. [00:14:18] Speaker A: A manutenção, há pouco também falávamos aqui, depois acabei por interromper o Bruno, a questão dos motores estarem acoplados às rodas em caso de bloqueio. Às vezes também as particularidades do elétrico podem fazer com que a assistência seja mais difícil em determinadas situações? [00:14:35] Speaker B: Difícil não é, mas tem detalhes acrescidos. Ou seja, se calhar eu não sou a pessoa melhor para falar de dificuldade porque a minha vida é existência e então eu acho tudo muito engraçado e divirto-me imenso com isto, mas eu compreendo que para um cliente que veja o seu carro que está bloqueado, que não anda, que não ativa e que nós temos que ir buscar uns carrinhos, levantar o carro, pôr umas rodinhas, puxar o carro, se calhar, com uma pick-up e depois para cima de um reboque, talvez aquilo se cause ali um bocadinho de confusão. E de stress até, mas é normal porquê? Porque as baterias, os motores estão ligados às rodas. Enquanto num carro de combustão nós tínhamos a questão dos travões elétricos, se nós desbloqueávamos os travões e o carro é neutro conseguíamos andar com ele para a frente e para trás, estando avariado. num carro elétrico é um bocadinho mais difícil. Não é impossível, tudo se faz, mas daí temos esses detalhes de ter que utilizar umas rodinhas especiais para poder transportar o carro em segurança e não causar qualquer tipo de dano nos motores. Claro. [00:15:41] Speaker A: Eu sou o Carlos Raleiras, moderador do podcast ACP Elétrico do Ano. Estou hoje à conversa com o Bruno Gomes, diretor técnico da assistência a ACP, que já nos deu aqui alguns esclarecimentos. Eu próprio já aprendi também aqui mais alguma coisa relativamente à questão e às particularidades dos carros elétricos. Bruno, em termos de assistência, o facto dos carros terem esta tecnologia cada vez mais conectável, isto em termos de oficinas no futuro, pode ser já o presente, em termos de diagnósticos remotos, marcação de assistências, remotas, também isto, digamos, é todo um novo mundo que nos estamos todos a adaptar, não é? [00:16:20] Speaker B: É um novo mundo, sim. Os carros estão conectados com os fabricantes e conseguem-te ver e prever algumas avarias. Se há atualizações de software que os fabricantes conseguem fazer numa ação remota, há outras que não. Tem que ir mesmo a um reparador autorizado. E essas, sim, carecem de... Mas o próprio carro já faz o agendamento e interage com o utilizador e pergunta se tem que fazer uma intervenção. e o operador liga para o dono do carro, para o utilizador e diz, olha, terça-feira pode ser de manhã ou de tarde, é muito engraçado. Ou seja, pomos a tecnologia ao serviço para facilitar a vida de qualquer condutor e qualquer utilizador de uma viatura elétrica e não só, essa tecnologia já existe também nas outras. Nós estamos aqui a dar um enfoque muito grande nos carros elétricos que claramente, a nível tecnológico e a nível de perceção do utilizador, tem imensa tecnologia. Essa tecnologia também está transposta nos outros carros normais, ou seja, ditos normais. [00:17:30] Speaker A: Exato. [00:17:31] Speaker B: Os Apple CarPlay, os entretenimentos, tudo isso dá uma perceção de tecnologia, mas a nível mecânico, a nível dos sistemas, não há assim uma evolução tão significativa, porque os carros já são muito evoluídos, ou seja, a nível de sensorizações já é muito evoluído, e se calhar os carros dos anos 90, que eram tecnologicamente carros evoluídos, houve uma evolução gigante na parte dos sensores, do tipo de injeção, porque desde o início do euro zero, nas finais da década de 90, com as recessões das emissões, tem-se trabalhado muito nessa parte tecnológica dos carros de combustão e, naturalmente, os carros elétricos deram aqui um hedón muito grande nessa parte ambiental e tecnológica. [00:18:27] Speaker A: Das atualizações que os fabricantes aconselham e quando os proprietários são, digamos, avisados, é algo que não deve ser descurado? [00:18:35] Speaker B: Não. [00:18:36] Speaker A: É mesmo para fazer? [00:18:36] Speaker B: É para fazer, mas é para fazer. Agora, é importante também ter noção que o valor hora de um carro elétrico, num reparo autorizado, é superior a um carro convencional. Porquê? Porque as ligações à fábrica e as licenças pagam-se, a formação dos mecânicos também se paga, as horas de ligação à fábrica também se paga, isso tudo no final é o utilizador que vai pagar, naturalmente. Tem muitos tem uma despesa em consumíveis menor, na manutenção, mas, claramente, quando vimos a conta, a factura é superior, sobretudo no valor à hora da manobra. É algo que eu tenho esclarecido a alguns utilizadores e que tem alguns… mas como é que é possível? E, efetivamente, a tecnologia também se paga, não é? Ou seja, e o custo de desenvolvimento e tudo isso se paga-se, por isso é algo estranho, mas tem que… Temos que contar com isso, claro. [00:19:36] Speaker A: Vou aproveitar também a presença do Bruno aqui para voltar aí à questão dos carregamentos, neste caso focando nos carregamentos rápidos que muitas vezes podem ser desnecessários para determinado tipo de baterias, para determinado tipo de carros que, digamos, pouco beneficiam de estarmos a fazer um carregamento rápido. Vamos entrar um pouco nesta matéria? [00:19:57] Speaker B: Sim, é um tema muito interessante, muito interessante. Por exemplo, É muito importante o utilizador do carro elétrico ou o carro plug-in saber qual é a capacidade máxima que aquela bateria tem de receber energia. Normalmente um carro plug-in carrega até 7.4 kW. Pode carregar até menos, mas 7.4. 7.4 é uma utilização normalíssima de uma tomada em casa ou de um carregamento normal destes de rua dos postos normais. Um carro elétrico pode carregar muito mais. Mas se o utilizador fizer o planeamento das viagens e carregar à noite, como é recomendado, e só utilizar numa situação de emergência num posto de carregamento rápido, porque está numa viagem e sim, é importante ter o esclarecimento que só a utilização desses postos de carregamento rápido, só o simples facto de tirar a tomada e ligar o carro, estou a pagar um FII de acesso que varia. 20, 21, 22, 30 euros, 40 euros, depende. Depende. E depois paga-se o kilowatt hora. E repare, se eu tiver um carro que só carrega até 7.4 e estou num posto ultra rápido, que carrega até 50 kilowatts, é completamente desnecessário. Ou seja, eu não vou conseguir tirar proveito nem da carga rápida, até posso danificar o carro por qualquer motivo. À partida não, porque existem sistemas de segurança. Mas estou a gastar muito mais para algo que eu não vou utilizar. Agora, em relação a um carro elétrico, que tem essa possibilidade de carregar, se é uma situação de uma viagem, uma emergência, claro que sim, deve-se utilizar. Mas é importante termos presente que muitas cargas elétricas rápidas não dão muita saúde à bateria. É uma situação para se fazer numa viagem, numa situação em algo de recurso, mas não algo diário ou recorrente. não dá saúde às baterias porque, como falámos no início, as baterias aquecem muito no carregamento. E se estivermos sempre a promover essa carga rápida, estou claramente a reduzir os ciclos de carga. Se pensamos no nosso telemóvel, que o carregamos todos os dias, não é? É inevitável, eu carrego o meu todos os dias. Cada vez que eu leio à corrente, estou a consumir um ciclo de carga. E as baterias dos automóveis têm ciclos de carga, que são muito superiores às baterias do telemóvel, até pela dimensão da bateria. Mas eu sempre que estou a ligar à corrente, estou a consumir um ciclo de carga. E é importante nós também utilizarmos essas cargas de uma forma consciente e disciplinada. Porque se eu tiver uma bateria com 80%, Não faz sentido eu ir agora, ir a casa a correr e correr a carregar para 100. Porque eu estou a consumir um ciclo de carga. É importante gastar um bocadinho mais e depois voltar a carregar. Isto é muito importante para a longevidade das baterias. Isso é muito importante, é muito importante passar essa mensagem aqui. [00:23:05] Speaker A: Falou exatamente num ponto que acho que é um calcanhar daquilo, ou pelo menos um daqueles bichos-papões que quem tem carro elétrico vive com ele, que é exatamente até quando é que eu vou ter bateria no meu carro. Ou seja, quando se compra um carro pensa-se sempre isto vai durar 5 anos, 10 anos. Até agora, digamos, estes receios que, diria, podem ser generalizados, eu próprio estou a fazer uma generalização, mas não tem havido grandes problemas ainda com a longevidade das baterias? [00:23:35] Speaker B: Que eu tenha conhecimento, não. Até porque, mal comparado, há também muitos carros de combustão que de vez em quando o motor estraga-se e a incidência é muito baixa. O que acontece também mesmo com as baterias. Há cerca de dois anos estive na Noruega, que é claramente o mercado mais evoluído de carros elétricos. Até para perceber como é que eles faziam as assistências, e eles têm uma exposição muito grande ao frio, não é? Às intempérias, como é que eles conseguiam gerir tudo isso. E eu perguntei, mas como é que vocês têm... e os carros... e pai, claramente, tem sido uma agradável surpresa, porque eles têm durado muito mais do que tudo aquilo que se previa. E é engraçado saber isso, ou seja, porque é evidente que as baterias vão, ao longo dos anos, vão perdendo as suas... As capacidades também, de absorção de energia. Mas perder as suas capacidades de absorção de energia, se calhar estamos aqui a falar de se passou de 100% para 80% ou de 80% para 60% e o carro continua utilizável e o carro continua a poder fazer viagens mais curtas, com menos quilómetros, mas não é isso que invibuiza a utilização de um carro elétrico. [00:24:50] Speaker A: Pronto, já passámos aqui em revista muita coisa relativamente ao carro elétrico ou eletrificado. Estamos praticamente a terminar. Quer fazer algum solunhado sobre um ponto ou outro que achas que deva ser reforçado para quem nos está a acompanhar e que vive com esta questão da mobilidade elétrica no dia-a-dia? [00:25:10] Speaker B: Sim, aquilo que falámos também sobre a compra consciente. Nós temos que fazer uma compra para aquilo que é a nossa real necessidade. E se precisamos comprar um carro, um carro elétrico e mesmo um carro elétrico usado para fazermos as nossas voltinhas na cidade, Existem formas de medirmos a tensão da bateria, formas de saber qual é o estado de vida e de saúde da bateria, até para tranquilizar os consumidores. É muito engraçado que fala-se muito no mercado de segunda mão dos carros elétricos, mas existem empresas, existem ferramentas para testar e para tranquilizar os consumidores. [00:25:56] Speaker A: Informados estamos mais esclarecidos para aproveitar todo este mundo novo da mobilidade elétrica. Bruno, muito obrigado. Foi um gosto tê-lo aqui e ficar a conhecer particularidades que nos trouxe aqui para falarmos da questão da tecnologia, mas adaptada ao nosso dia-a-dia. Bruno Gomes, Diretor Técnico da Assistência à ACP, foi mais um episódio do ACP Elétrico do Ano que promove a mobilidade elétrica. Até à próxima.

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