Episode Transcript
[00:00:00] Speaker A: Anos dos 30 é um podcast do Automóvel Clube Portugal que pretende dar a conhecer jovens talentos que se destacam nas mais diversas áreas da sociedade. Esta série tem o apoio da Ibanez. Sejam muito bem-vindos a mais um podcast do Automóvel Clube Portugal. Eu sou o Francisco Costa Santos e hoje, na série Antes dos 30, temos Vasco Lopes, que está quase a licenciar-se em Engenharia Aeroespacial e é uma das peças fundamentais no Telemoto. Vasco, para quem não conhece, o que é a Telemoto e muito obrigado por teres chegado.
[00:00:31] Speaker B: Obrigado a eu por estar nesta casa do ACP, é sempre um gosto de vir cá, já não é a primeira vez, já os conheci antes, aliás, no Prémio da Inovação e noutros eventos. O TELMOD, nós somos um grupo de estudantes, um núcleo de estudantes do Instituto Técnico de Lisboa. A nossa missão é muito simples, Não passa por uma mota, claro que sim, mas sobretudo a nossa missão é formar pessoas, formar profissionais do futuro, claro, com todos os nossos valores envolventes, passando sempre pela manufatura, construção, depois divulgação e tudo o que envolve, quase como uma empresa de motorsport.
[00:01:10] Speaker A: Com apenas 21 anos, não é muita responsabilidade ser team leader porque vocês têm vários departamentos e tu tens que distribuir trabalho para cada equipa, certo?
[00:01:21] Speaker B: Sem dúvida, acaba por ser uma questão comum, acaba por ser muita responsabilidade, acaba por ser muita pressão muitas vezes, mas trata-se sempre de saber distribuir toda essa pressão e essa responsabilidade. Claro que no fim tudo recai sobre uma pessoa, é assim no telemóvel, como também deverá ser no ACP, em qualquer instituição, de qualquer lado.
A principal responsabilidade que nós temos aqui e a preocupação que temos de ter não é a indemasia de o que é que poderá correr mal, é mais fazer de tudo para que caso corra mal, nós estamos aqui com uma estrutura, com pessoas que são capazes, responsáveis, que têm o compromisso, que terão também a parte técnica, o conhecimento para resolver esses problemas. É algo que todos os dias aparece um problema novo e nós temos de saber resolver.
[00:02:08] Speaker A: Vocês vão passar agora para a quinta versão do protótipo. Continua a ser 100% elétrica?
[00:02:14] Speaker B: Exatamente.
[00:02:15] Speaker A: Ok, e esta quinta versão, não sei se podes adiantar muita coisa, mas ela tem por base as outras, é uma evolução ou é uma coisa completamente nova, de outra categoria superior?
[00:02:27] Speaker B: É uma resposta fácil, nós todos os anos, aliás todos os anos não, todos os novos projetos, nós fazemos um Motoblaze em dois anos, então todos os inícios dos projetos definimos quais são os objetivos do novo protótipo. Esta aqui nós tínhamos de ter uns pés um bocado acentes da terra, perceber o que é que foi bom na última moto, o que é que foi bom na anterior, desde o início das motos elétricas no telemóvel, quisemos retirar um bocado o que foi bom de todas. Então acaba por ser um conjunto. o mais fiável possível para termos uma boa base e a partir daí os próximos protótipos poderem retirar muito desta como testes por aí fora, que é uma coisa que até agora não fazemos imenso. Queremos fazer muito mais esses testes, pegar nesta base e fazer as próximos protótipos, iterações onde melhoramos uma coisinha, melhoramos outra e a partir daí conseguimos ter melhor noção do que será um bom protótipo.
[00:03:20] Speaker A: Certíssimo. E onde é que vocês se reúnem? Onde é que vocês têm o espaço para poder produzir estes protótipos?
[00:03:26] Speaker B: Nós nos reunimos em vários lugares. O nosso lugar base, a nossa casa de telemóvel, é na oficina, que é lá no técnico. O técnico disponibiliza-nos este espaço em mecânica 3. e lá temos umas mesas para nós trabalharmos, que é a maior parte do tempo. Temos também as nossas ferramentas dos nossos patrocinadores que nos vão cedendo algumas e que sem eles não poderíamos continuar.
[00:03:51] Speaker A: Certíssimo. E de engenharia aeroespacial, primeiro, porquê? Porquê engenharia aeroespacial? E depois, o que é que se pode aplicar na moto vindo diretamente da engenharia aeroespacial?
[00:04:03] Speaker B: Engenharia aeroespacial, a resposta Acaba por ser simples, é um bocado pelo desafio. Sempre me quis mover um bocado por essa questão de o que é que me pode tornar melhor, como é que posso ser melhor. Tentar nivelar-me pelo que ainda não sei, não estar bem na minha praia. Foi um bocado por aí. Claro que era o curso com média mais alta e eu não sabia bem ao certo o que é que queria seguir.
queria seguir algo de engenharia sempre desde miúdo, tinha a certeza que, pá, eu desmontava coisas em casa e mexia. Era esse o caminho. Era esse o caminho. A brincar com os meus pais, às vezes falamos, ah, queríamos que fosses para medicina, ainda bem que não fostes para medicina. Acaba por ser sempre um tema. Mas como é que isto se insere na mota? Nós no técnico somos todos engenheiros, no telemoto não, porque temos também pessoas de outras áreas, de marketing, de outras faculdades, das mais diversificadas, até de artes, até mais recursos humanos.
[00:05:01] Speaker A: Claro, um projeto complexo que envolve, então, imensas áreas.
[00:05:05] Speaker B: E o que pudermos ir buscar mais especializado para termos uma curva de aprendizagem já superior, nós aproveitamos também isso. É bom para nós termos essa pluralidade de conhecimentos das pessoas. E tudo isso encaixa-se... No meu início foi em aerodinâmica. Tinha-se interesse, não sabia bem ao certo o que é que eu queria fazer no futuro. Seja no trabalho, seja no técnico. Mesmo agora que estou no mestrado sou melhor também por causa disso. E foi um bocado para ir, dar o próximo passo, mesmo não sabendo qual é a finalidade certa. Foi dar o próximo passo e foi para aí que eu comecei na equipa pelo Telmo. Ok.
[00:05:45] Speaker A: E já agora foi aí que começaste e como é que passaste para esta posição de liderança, se quisermos? Foi algo natural ou tu é que quiseste assumir essa posição?
[00:05:57] Speaker B: Foi algo natural. Claro que é daqueles pensamentos que nos vão surgindo. O que é que eu vou fazer a seguir a isto? Já aprendi a fazer esta parte específica, a mexer no software, a mexer em alguma coisa mais técnica dos compósitos. Passei imenso tempo nessas partes. Mas surgiu a oportunidade de liderar a área da aerodinâmica. Peguei com todo gosto. Era algo que eu estava, de certa forma, nervoso. Estava no meu segundo ano de faculdade. Não sabia bem o que é que poderia surgir dali. Já tinha estado em cargos desses nos escuteiros. E foi o mais próximo que eu tive. Claro que é diferente. A faculdade é uma coisa mais séria. Claro que não é uma empresa, mas é uma coisa que nós, dois em dois anos, temos de apresentar uma moto. E temos essa responsabilidade para com os nossos membros, para com os patrocinadores. E já não é uma brincadeira. Temos esse compromisso. Então, Assumi esse compromisso, gostei do que estava a fazer, acho que nem tudo é perfeito, vamos aprender com os erros, mas senti que poderia ter algo mais. Surgiu depois a hipótese, lá está, de subir para a leira da equipa e agarrei essa hipótese até hoje com todo o gosto e tem sido...
o maior desafio da minha vida.
[00:07:05] Speaker A: Com muita responsabilidade?
[00:07:06] Speaker B: Sem dúvida. Responsabilidade, gosto, amizade também.
[00:07:10] Speaker A: Sabemos que demora dois anos a ser construída, a ser desenvolvida, esses protótipos, mas vou-te pedir que me faças aqui um resumo de como é que é planear no papel, no computador, um protótipo destes e depois efetivamente começar a construí-lo. Vocês recorrem a pilotos de MotoGP, recorrem... Qual é o vosso apoio? Como é que se constrói uma moto do zero?
[00:07:36] Speaker B: A equipa atual, a equipa anterior, todo esse conhecimento que nós vamos desenvolvendo novo é sempre transmitido às futuras equipas e todas as equipas têm também o papel de melhorar o conhecimento atual e expandi-lo. Com isso, no início do projeto, definimos os objetivos não só da equipa no geral, do protótipo, mas também das áreas em específico. Com esses objetivos traçados há que perceber um bocado também a forma de os implementar. Falamos com pessoas antigas da equipa, o que é que eles acham, o que é que não acham. Também com alguns patrocinadores mais técnicos para ter esse conselho técnico deles.
[00:08:11] Speaker A: Deixa-me só fazer uma questão, desculpa. Só podem participar neste projeto alunos que estão a frequentar o ensino?
[00:08:17] Speaker B: Sim.
[00:08:18] Speaker A: Ou seja, assim que saem, podem consultá-los então para dar feedback sobre o projeto. Ok, era só...
[00:08:24] Speaker B: Exatamente. E tem sido uma das coisas mais importantes, porque lá está, nós já agora estamos a construir uma moto e já no nosso lugar tiveram pessoas que tiveram os mesmos problemas, outros problemas e melhor do que qualquer outra pessoa que até pode estar na indústria, são eles para nos dizer, olha, não sabes isto? Fala com esta pessoa, vais aprender a partir daqui. E é uma parte muito importante termos esse contacto.
[00:08:46] Speaker A: Eu perguntei-te então como era desenvolver uma moto do zero e a quem é que recorriam para desenvolver se tinham por exemplo se consultavam pilotos ou alguém mesmo dentro do meio além disso uma parte desculpa porque uma parte destas motas depois também vai para a competição portanto acredito que haja alguma relação Além disso, é.
[00:09:05] Speaker B: Sempre importante falar, além dos patrocinadores mais técnicos que já estão ligados ao ramo motociclístico, também com os pilotos. Nós tivemos um contato com um piloto conhecido, o Kiko Maria, que está a estudar no técnico agora, e ele pegou na nossa última moto, e ele disse-nos algumas coisas das mais engraçadas, e até acabou a ser algo interessante de partilhar. Ele pegou nela e disse mesmo, Eu acho que se pegasse nesta moto, como ela está agora definida, ajustada para diferentes pessoas ou até diferentes motos, aliás só por ser elétrica já acaba por ser diferente, toda a dinâmica dela. E ele disse, se me pegasse nesta moto e fosse para a pista sem saber nada dela, eu cairia na primeira curva.
[00:09:47] Speaker A: E vocês utilizam esse feedback para depois fazer afinações de suspensão?
[00:09:52] Speaker B: Sim. Não é assim específico, mas ele consegue dizer-nos coisas mais críticas. Nós vamos mudando, ele vai dando-nos umas voltas. Principalmente o nosso piloto é o principal, que é o Jaime Coelho. Nós não podemos ter um piloto que já competiu em competições da FIM. Por isso, há essa divisória entre a parte de mecânica estrutural de engenharia e a parte de mais competição de desportista. Nós inserimos numa competição que é de engenharia, mas tem de ser pilotado por um piloto profissional porque damos a volta à pista como um grande perigo. Tem de haver essa segurança, tem de ser um piloto que saia a fazê-lo, que esteja licenciado. Por isso, para não haver esta diferença, do desporto, de uma pessoa que saiba competir muito bem, a competição restringe essas pessoas que podem estar ou não a pilotar a moto.
Portanto, é o Jaime Coelho que já participou também do Campeonato Nacional de Velocidades. Até foi campeão acho que em 2020. Mas não foi super profissional e que a competição em que nós nos inserimos não permita.
[00:10:57] Speaker A: O desporto motorizado é essencial para ver também o stress que provoca nos componentes e tudo mais. Vocês analisam as peças, a fadiga? Se acontecem problemas, são vocês que arranjam? São vocês os mecânicos da mota?
[00:11:10] Speaker B: Sim, somos nós que pegamos na moto. Ela está no paddock, nas boxes. E, ok, isto aqui está com algum problema mais dinamicamente, mais eletronicamente. E aí são os pontos onde podemos mais ajudar no momento de competição. Claro que temos algumas peças suplentes para caso, no pior dos casos, alguma chegue ao stress limit e tenha de ser substituída. Mas todo esse trabalho de arranjar as peças também somos nós que fazemos. Não tanto na hora quando estamos a competir.
[00:11:40] Speaker A: E como foi ir para uma prova pela primeira vez, a pressão é muito diferente porque ali tem tudo de funcionar.
[00:11:47] Speaker B: Sim, eu nunca estive numa prova a 100%, uma prova onde nós levássemos o nosso protótipo, mas já estive em testes. E sem dúvida que é daqueles momentos em que nós queremos ser o mais rigorosos possíveis, porque estamos a falar de uma moto que chega aos 200 km hora, e qualquer coisa que aconteça, qualquer protocolo que não se siga, nós estamos em risco, e estando nós em risco, está o projeto em risco. Claro.
[00:12:07] Speaker A: E é muita responsabilidade, foram vocês que a desenvolveram, portanto, a segurança em primeiro lugar. E como é sentir isso na pele?
[00:12:15] Speaker B: É assim, é difícil, nós preparamos sempre e há mesmo práticas que nós devemos levar, não só práticas de condicionamento de pista, o nosso comportamento, onde é que podemos estar posicionados, onde é que o piloto pode andar, qual é o percurso que ele faz, mas também da nossa de nossa reação. Nós temos no outro dia aliás num evento da Galpin que foi lá um senhor falar de como é que era reagir exatamente a esse ambiente de depressão e ele falava-nos que havia imensos treinos práticas antes de estarmos nesses momentos ou durante esses momentos de respiração, de mentalmente fazer um bocado um yoga mental para que estejamos melhor. Por isso, é algo que vamos implementar quando estivermos a começar a testar esta moto. É importante irmos por todas as vias que nos permitam ser o máximo seguros.
[00:13:08] Speaker A: O segredo passa por encontrar ali um momento zen, mesmo no meio daquela confusão toda. E também agora um pouco nisto que eu me quero focar, que é como é que tu encontras o momento zen para o estudo, para o teu curso? Porque eu acredito que este projeto é super ambicioso e deve reconsumir imenso tempo. Como é que se equilibra engenharia aeroespacial, que não é um curso propriamente fácil, com este projeto? Como é que tu te organizas?
[00:13:35] Speaker B: Todas as semanas, no início da semana, temos de organizar não só as reuniões que nós somos encarregados por dar, dinamizar, mas também organizar a nossa vida para que não seja só é o telemóvel e depois o resto, como é que é. Não falo não só do técnico, falo também da nossa vida pessoal, tem de ser tudo bem gerido. E acaba por ser, não é nenhuma engenharia de funções, mas acaba por ser muito complicado e exige muita paciência sobretudo. Mas se não for isso, durante a semana nós vemos que a nossa produtividade e eficiência para levar tudo acaba por reduzir e acaba por tudo, seja a nossa vida pessoal, seja o técnico, seja o telemóvel, acaba por sofrer com isso. Nós temos essa aprendizagem bem feita e mesmo nós, em direção em todas as áreas, temos esse cuidado. Como os líderes, falamos uns com os outros, temos de ter mais cuidado aqui a organizar. Lá está, o nosso trabalho é mais gestão.
Essa parte de organizar a nossa vida, a forma como a organizamos, acaba também por se rever muito como a equipa trabalha. Por isso é muito importante. e considerar com o curso. Às vezes é difícil de encontrar esse momento zen, a nossa cabeça, ainda por cima agora que estamos na época de manufatura, que chegam peças, o pessoal está lá a montar a moto, estamos completamente excitados para ver aquilo a funcionar, para ver aquilo a ser montado, algo que tivemos dois anos a trabalhar, um ano e meio, um ano e oito meses de design, de conceito. É óbvio que agora, principalmente agora, estamos completamente aos saltos para isto. Mas temos de organizar um tempinho para, ok, esta manhã vou estudar e desligo o telemóvel, não posso fazer isto. e tem sido por aí que tem se conciliado tudo, pelo menos da minha parte. Há outras formas de fazer, que o pessoal faz dentro da equipa, mas comigo fiquei fascinado.
[00:15:18] Speaker A: Vou aproveitar que falaste nesse facto. Vocês estiveram a desenvolver peças, a desenhá-las, calculo, e agora elas vêm da fábrica, são produzidas cá em Portugal?
[00:15:28] Speaker B: Sim, a grande maioria delas sim.
Já mandamos virá-la, vamos dizer, até da China. Há várias peças. As baterias são nós que montámos tudo, maquinámos os suportes das células. Não são pilhas Duracell, mas são cilíndricas e elas vão-se arranjando todas. São mais de 600 que nós colocámos na moto. Claro que é óbvio, não fazemos as baterias em si, as células, mas organizá-las, soldá-las umas às outras, é tudo feito na nossa oficina. e depois também há esse cuidado no nosso local de trabalho temos que ter o cuidado de ter os protocolos porque é um battery pack com 120V e que se alguém toca pode...
[00:16:10] Speaker A: Exige uma segurança extra. Quais são as prestações dessa moto? Do modelo atual, que da nova ainda não se sabe obviamente ou pelo menos ainda não se pode saber mas atualmente qual é a prestação da moto? Disseste que dava cerca de 200km por hora.
[00:16:27] Speaker B: Sim.
[00:16:27] Speaker A: E a nível da autonomia e de regeneração, como é que ela funciona?
[00:16:33] Speaker B: A autonomia está programada para dar seis voltas à pista de Aragão, ou seja, cerca de 30 minutos por aí. Claro que num estilo de competição é lavar o máximo possível. Se fosse, não consigo precisar agora a autonomia caso fosse para o dia-a-dia.
[00:16:48] Speaker A: Estamos a lavar um protótipo de competição, portanto é algo focado completamente só para a competição.
[00:16:53] Speaker B: É aí à volta dos 30 minutos. Sua sonoridade, eu não sei, mas se daria mais, claramente, não consigo precisar.
[00:17:00] Speaker A: Ela consegue regenerar em prova? Ou a travagem é feita através de travão ou travão de motor?
[00:17:07] Speaker B: Sim, ela consegue fazer a regeneração. Agora, é uma coisa que, lá está, temos de ter o feedback do piloto, porque é muito estranho para eles ter essa regeneração, essa travagem com o pneu de trás que não sejam eles a fazê-la e além disso nas motos a travagem é sobretudo feita no travão da frente acaba por ser difícil de regenerar a maioria da energia e além disso fazer todo esse estudo acaba por ser complicado para A bateria aquece, é um dos nossos maiores problemas. Ela aquece, nós temos de ter muito cuidado a arrefecê-la. Isso é só na descarga. Se a tivéssemos a recarregar ia aquecer ainda mais. Por isso nós optamos por essas duas razões, o aquecimento e principalmente do feedback do piloto por não fazer essa regeneração.
[00:17:51] Speaker A: Essa questão da travagem é realmente muito importante, porque nós, quando vemos Formula E, sabemos que as travagens, na Formula E, o motor acaba por regenerar ali bastante energia. Na moto, realmente nós no MotoGP, vemos a roda de trás muitas vezes no ar, quando estão a entrar em curva, quando precisam de travar, e não tendo a roda de trás no chão, então não consegue regenerar porque a transmissão é feita apenas à roda de trás.
[00:18:15] Speaker B: Ok. Há modas que já conseguem fazer à frente, mas não de competição, de certeza.
[00:18:20] Speaker A: Não, mas é realmente curioso. E quais foram as maiores dificuldades deste projeto? Apoio? Produção? O que é mais exigente?
[00:18:31] Speaker B: Há várias coisas que são exigentes. As principais, falaste do apoio e já chegámos lá, mas há uma muito importante, que é... Nós somos estudantes, as pessoas têm a sua vida, têm o técnico para fazer.
E muitas vezes mostrar o valor que isto lhes pode trazer, que isto nos pode trazer como pessoas, como engenheiros, como futuros profissionais, até como visibilidade para futuras empresas, acaba por não ser às vezes fácil. E em algumas áreas é mais fácil fazê-lo do que noutras. E ter toda a equipa focada nesse propósito, não só da mota, mas também no deles, porque lá está, o nosso principal objetivo, a nossa missão é essa, é formar as pessoas, os profissionais, e acaba por ser Transmitir esta exigência, mas ao mesmo tempo flexibilidade, esta cultura de compromisso, pode ser às vezes difícil. Nós somos todos humanos, falhamos aqui, falhamos ali. E tem de haver muito esse esforço de comunicação uns com os outros e não só de comunicação, mas também flexibilidade, de amizade, de nos conhecermos uns aos outros.
[00:19:35] Speaker A: Mas Vasco, é difícil arranjar colegas que queiram participar no projeto ou eles participam mas depois veem que é mais exigente do que esperavam?
[00:19:43] Speaker B: Sim, principalmente a segunda. Às vezes, claro que há uma grande maioria de pessoas e o nosso recrutamento já é feito para isso, que consegue, percebe exatamente qual é o nosso propósito, que estamos ali para ajudar. Se eles derem ao projeto, o projeto vai-lhes dar de volta. Isto parecem palavras muito bonitas, mas a verdade é que isto acontece mesmo e nós temos esse cuidado. É sobretudo isso. Pessoas que muitas vezes pensam, ah, isto era muito giro ter no meu currículo. Depois entram não conseguem, às vezes, ter essa transmissão de responsabilidade tão bem. Nós temos feito isso muito bem, atualmente, mas claro que é normal, numa equipa de 75 pessoas e com tantas... Principalmente agora que estamos a montar a moto, é reta final. Com tantas preocupações, às vezes, uma ou outra coisa acaba por passar. Nós temos o nosso departamento de Recursos Humanos que tem muito esse cuidado. Foi uma coisa que, já há 5, 6 anos, começámos a desenvolver e tem sido espetacular. O trabalho deles no dia a dia Para conseguirem manter a equipa coesa, a equipa motivada, perceberem o valor que o projeto lhes garante, tem sido algo que nós temos tentado transmitir. Não só da equipa TRH, principalmente por eles, mas também nós como líderes, como direção, como membros também. E a outra que estavas a falar era exatamente essa parte dos apoios. Sim. competimos contra equipas que são posicionadas pela EMAHAP, pela BMW, pela Ducati e nós não tendo em Portugal um setor de desportivo e motociclismo tão grande como equipas que em Itália e em Espanha têm acaba por ser difícil arranjar essa alavancagem monetária e às vezes também de conhecimento. Essas empresas que patrocinam Yamaha, do Kati, patrocinam essas equipas e além da parte monetária, a parte técnica de fornecer bens, etc., tem também a parte de engenharia, de apoio a esse técnico. E acaba por ser por aí, nós falamos muito disto, são os bons engenheiros do técnico, E é esse o nosso maior ponto forte. É esse e trabalharmos em equipa. É que é algo que temos muito a aprender também num tipo de núcleo como o nosso. E tentámos ir por aí. Claro que é sempre importante este esforço para conseguir mais patrocinadores, envolver-nos bem com eles. Às vezes é difícil também passar essa ideia de nós estamos a ganhar porque vocês estão nos a patrocinar, mas vocês também têm este... Nós estamos a dar-vos a visibilidade, damos os engenheiros, damos o que quer que seja que possa beneficiar os dois. Queremos sempre arranjar uma simbiose entre a equipa e o patrocinador. Acaba por não ser muito difícil porque ainda não há essa visão em Portugal como há noutros países.
[00:22:21] Speaker A: Este é um projeto inovador ou temos outras faculdades em Portugal a desenvolver projetos idênticos?
[00:22:26] Speaker B: Sim, em Portugal já temos.
[00:22:28] Speaker A: Tem em competição?
[00:22:29] Speaker B: Sim, vamos ver agora na competição. É a primeira em que vamos ter competição elétrica connosco. Temos Aveiro e temos a Faculdade do Porto de Engenharia. Além disso, sei que a Faculdade da Nova também já está a desenvolver um protótipo e a Faculdade do Porto de Uizep também está a desenvolver um protótipo.
[00:22:50] Speaker A: Porque este também é um estímulo e que atrai também mais parceiros para... Sim.
[00:22:55] Speaker B: É a maior competição que podemos ter. Mais negativa, digamos assim, mas também é positiva porque envolve mais empresas e as empresas começam a estar mais a perceber que nós existimos e que temos este valor a entregar-lhes.
tem sido algo que cresce, tem sido essa competição entre patrocinadores, nós.
[00:23:13] Speaker A: Quais foram as competências que desenvolveste mais por entrar neste projeto? Para ti, qual foi a mais valia de entrar neste projeto? Já sabemos que te pode abrir horizontes e de certeza que já aconteceu com colegas, porque vocês só podem participar enquanto estão na faculdade. Para ti, qual foi a melhor a melhor sensação, a melhor coisa que recebeste por estar a participar aí? Porque há mais responsabilidade? Conseguiste gerir melhor a tua agenda? Qual é que achas que foi a parte mais gratificativa de participar?
[00:23:44] Speaker B: Há várias. Há no ramo pessoal de conhecer pessoas que têm o mesmo objetivo, a mesma ambição, paixão ou até visões de futuro. E conhecer essas pessoas, termos essas amizades é das mais importantes. Claro que todo o crescimento que nós temos como pessoas, como engenheiros, não é quantificável, é difícil de ver às vezes, nós aprendemos coisas que nem sabemos que aprendemos. Noções de interação com pessoas, noções de planeamento, do que quer que seja mesmo tecnicamente, acabamos por ganhar muito esse tato, que só ganharíamos estando numa empresa e ganharmos também aqui já num projeto destes. Acho que são os maiores as maiores valências que nós trazemos, a amizade e o crescimento pessoal.
[00:24:31] Speaker A: Ótimo. O que é que espera o futuro do Telemoto e o que é que espera o teu futuro? Depois disto, para onde vais e o que é que vamos poder ver entretanto no Telemoto?
[00:24:43] Speaker B: No Telemoto o futuro Recente, o próximo futuro, o mais curto, será a apresentação da mota, a competição. Vamos ver se gravamos uns vídeos bonitos de a ver a funcionar e esperamos estar lá em cima na competição.
[00:25:01] Speaker A: Quando é que vai ser a apresentação, desculpa?
[00:25:03] Speaker B: A apresentação é dia 25 de setembro.
[00:25:04] Speaker A: E onde é que as pessoas podem acompanhar?
[00:25:07] Speaker B: No YouTube, teremos a transmissão em direto no nosso site do YouTube. no salão nobre do instituto superior técnico e vai ser um momento muito giro o ano passado já fizemos um algo que foi abrangente, algo que foi interessante para nós como comitado técnico, para as famílias de quem está na equipa, que é um projeto de dois anos, as pessoas estão a trabalhar para aquilo, também os nossos pais, as nossas famílias, ganham esse gosto pelo projeto e percebem quando nós dizemos às vezes, não consigo ir a este jantar de família porque tenho de fazer este trabalho e isto está mesmo a portar a essa...
com paixão pelas famílias, pelo projeto.
[00:25:52] Speaker A: Conseguem ver as horas perdidas ali à frente deles porque são horas que resultam naquele trabalho excelente.
[00:25:58] Speaker B: Sim, exatamente. Acaba por ser um momento em que todo esse trabalho é mais reconhecido pela comunidade, pelas famílias e pelos patrocinadores. E nós temos esse trabalho de contactar todos os patrocinadores e mesmo não patrocinadores, tentar abranger mais a comunidade industrial por aí fora de Portugal. Quem está lá em casa a ouvir isto, convidamos todos a aparecer.
[00:26:20] Speaker A: Claro que sim, claro que sim. E a irem às redes sociais do.
[00:26:23] Speaker B: Técnico de Lisboa Moto.
[00:26:25] Speaker A: E quanto ao futuro do Vasco, vai-se manter ligado às duas rodas ou o que é que nos reserva?
[00:26:33] Speaker B: Não sei. O caminho está muito aberto. É daquelas coisas que não sei bem qual é o objetivo final, mas Há aquela frase de, se não sabes o fim, mas sabes qual é o próximo passo a dar, dá o próximo passo. E isso será um bocadinho por aí. Não consigo... Está tudinho aberto. Gosto muito do que estou a fazer agora. Gosto muito da parte técnica também.
[00:26:53] Speaker A: Para quem nos está a ouvir e está na faculdade e gostaria de entrar num projeto destes, porque sei que não é fácil, qual é o conselho que dás? Ou mesmo até colegas da área que possam estar na dúvida. Obviamente que recomendas. Mas porquê que recomendas?
[00:27:09] Speaker B: Ok, vou ter de fazer aqui um pitchzinho para... Mas é que nós acreditamos isto num projeto de uma forma quase cega, porque é mesmo algo que nos muda. Há três anos, quando eu entrei, não faria a menor ideia que estava agora aqui a falar no ACP. Algo muito importante é terem confiança em vocês. Confiança de que aquilo que estão a fazer, os vossos valores, têm de ser bem empregos, têm de ser fiéis a tudo isso, mas também humildade. E haver essa comunicação uns com os outros, essa abertura para falarem, é muito importante. Além disso, a ver, nunca vai ser fácil, as coisas às vezes têm de ser arrancadas à força, muito entre aspas, mas nunca ninguém vai dar nada às coisas que têm de ser arrancadas à força. Com muita calma, paciência e sobretudo resiliência, porque, pá, é assim, como quem anda de moto, quem anda de bicicleta, há sempre os buracos na estrada, há sempre o arrasto da aerodinâmica que nos provoca a andar um bocado para trás, mas trata-se da forma como pegamos em cada um desses pontos os buracos na estrada para nos lembrar, ok, tem que estar com mais atenção o arrasto da aerodinâmica para conseguirmos ter mais aderência ao chão, mais downforce. E a forma como levamos com cada uma dessas problemas que vai aparecendo no caminho, é aquilo que vai editar um bocado o que nós somos e o que nós seremos no futuro. Por isso, sejam resilientes, juntem-se a qualquer projeto destes, não é fácil, mas tenho a certeza que vão gostar imenso, vão crescer imenso como pessoas, como engenheiros e farão muitas amizades, que é o que mais leva de cá.
[00:28:46] Speaker A: É realmente um projeto inspirador e que com certeza forma muito melhor profissionais porque vocês saem deste projeto muito mais ricos a nível de conhecimento. Se quiserem ver os projetos do TLMoto é só passarem nas redes sociais.
[00:28:59] Speaker B: Temos as redes sociais todas ativas, até temos uma que tem estado ultimamente muito ativa que é o TikTok. Para quem, mesmo aqueles que chegaram tão à espera de saber muito de motos ou algo do género, saber como é que nós trabalhamos, ter um bocadinho da parte mais engraçada do projeto. Nós temos dado muita ênfase ao nosso TikTok. Temos lá uns vídeos engraçados, já alguns virais. Tenho a certeza que muitos lá em casa vão ter o gosto de o ver. O TikTok é o Telemoto. O Instagram também colocamos imensas publicações, é o Telemoto Student. Todos os vídeos que fazemos a nossa equipa de marketing faz-los com muito gosto, com paixão mesmo, para ver transmitir as ideias mais brilhantes, o nosso ambiente, tudo, tudo.
[00:29:42] Speaker A: Uma parte mais social.
[00:29:43] Speaker B: Exatamente.
[00:29:44] Speaker A: Muito obrigado Vasco. E já sabem, se quiserem ver também os nossos podcasts podem entrar no site do Automóvel Clube Portugal onde tem lá uma parte dedicada aos podcasts ou passar no Spotify ou no Apple Podcast. Muito obrigado.