Episode Transcript
[00:00:00] Speaker A: Anos dos 30 é um podcast do Automóvel Clube Portugal que pretende dar a conhecer jovens talentos que se destacam nas mais diversas áreas da sociedade. Esta série tem o apoio da Ibanez.
Sejam muito bem-vindos a mais um podcast do Automóvel Clube Portugal. Eu sou o Francisco Gonçalves e hoje como convidado temos João Filipe, um fotógrafo que dedicou a sua arte ao mundo do motorsport, ao desporto automóvel. O João é um jovem que corre o mundo em busca da fotografia perfeita no momento exato.
João, vamos começar pelo início e como é que começou o interesse pela fotografia?
[00:00:33] Speaker B: Antes de mais, obrigado pelo convite de estar aqui.
O gosto pela fotografia, na verdade, do desporto motorizado não foi a fotografia, digamos, o início, foi mesmo a parte do desporto motorizado e dos carros, que eu sempre desde pequenino gostei muito, devido ao meu pai principalmente.
E a fotografia foi um acréscimo ao longo dos anos que surgiu de forma a conseguir ligar os dois mundos, digamos, um com o outro, e de estar mais dentro do desporto motorizado e de estar presente nas corridas.
[00:01:05] Speaker A: E como é que começou este processo de... Qual foi o momento marcante em que tu decidiste, ok, vamos fazer da fotografia do desporto motorizado a minha vida? Como é que este processo desencadeia?
[00:01:17] Speaker B: Foi um pouco natural, digamos. Estava a acabar o secundário na altura e começaram a surgir alguns trabalhos e a fazer pequenos eventos e simplesmente publicitar o meu trabalho e cada vez a praticar mais porque é o conselho que eu dou que provavelmente será uma das perguntas mais para a frente.
Para as pessoas mais jovens e que procuram fazer disto de vida como eu estou a fazer atualmente.
[00:01:39] Speaker A: É mesmo, já lá íamos.
[00:01:40] Speaker B: Pois. E foi um pouco natural o progresso, digamos. Foi tudo muito rápido.
[00:01:46] Speaker A: E qual foi o momento marcante? Qual foi a primeira prova que fotografaste?
[00:01:51] Speaker B: Mais a sério, foi as 24 Horas de Luma quando tinha 17 anos.
[00:01:56] Speaker A: Com 17 anos?
[00:01:57] Speaker B: Sim.
[00:01:57] Speaker A: E como é que chegaste até lá?
[00:01:59] Speaker B: Eu tinha feito algumas corridas já internacionais anteriormente, por minha conta, e fiz alguns contactos e depois surgiu a hipótese de fazer as 24 Horas de Luma porque precisavam de uma pessoa extra e foi aí que eu, digamos, tive o meu primeiro trabalho maior internacional.
[00:02:14] Speaker A: Pronto, se formos à tua página no Instagram profissional, reparamos que tu estás muitas vezes com os nossos ídolos do mundo do automóvel, com o Sainz Júnior, com todos esses.
Como é que entraste na Fórmula 1? Qual foi o passo seguinte alemã? Como é que a situação melhorou?
[00:02:32] Speaker B: É curioso, porque eu digo sempre isto, que eu...
A Fórmula 1 não é o meu desporto favorito, dentro do desporto motorizado. Nunca foi, acho que nunca será. Peço desculpas se desiludo alguém a dizer isto. Eu sempre adorei o Endurance, sempre adorei os protótipos, sempre adorei alemãs, sempre adorei fotografar ao nascer do sol, ao pôr do sol, durante a noite, debaixo de chuva, todos esses tipos de condições que só o Endurance nos dá. Na Fórmula 1 por vezes dá, mas são corridas de sprint, é diferente.
E sempre gostei do mundo um bocado mais...
Não é mais fechado, o que eu quero dizer, porém, a Fórmula 1 hoje em dia é muito feita de celebridades e eu gosto mais de ser tradicional em relação a isso e gosto mais de um paddock mais fechado, de ter realmente os fãs que acompanham este tipo de corridas há muitos anos, digamos.
[00:03:16] Speaker A: Dizes isso, desculpa interromper, porque agora a Fórmula 1 está mais na moda e.
[00:03:20] Speaker B: Que há muita gente... E fenómenos do Netflix, por exemplo, etc. E não quero com isto...
dizer mal da Fórmula 1, porém muitos dos novos fãs da Fórmula 1 não são os reais fãs da Fórmula 1. Claro que isto é um tema que dá pano para mangas, respeito completamente ambas as opiniões, são todas válidas, mas no Endurance, como não está tão publicitado em plataformas como por exemplo a Netflix, em que toda a gente tem acesso, digamos, acaba por ser um mundo com os fãs mais mais de longa data, por exemplo.
[00:03:54] Speaker A: Sim, sim.
[00:03:55] Speaker B: Um ambiente mais... Até familiar, digamos.
[00:03:58] Speaker A: De qualquer forma, todo este boost, este hype que a Fórmula 1 tem tido é ótimo em termos de vendas e para manter o desporto vivo.
[00:04:05] Speaker B: É incrível. E o que fizeram com a Netflix é incrível a nível de boost mediático que fizeram à Fórmula 1.
[00:04:10] Speaker A: Exatamente.
[00:04:12] Speaker B: Há que dar valor a isso e é bom ver isso.
[00:04:14] Speaker A: Claro. Falavas, ainda agora, desses desafios todos que distinguem fotografar resistência de fotografar um sprint, porque é um momento ali muito rápido. E é mesmo por aí que vamos. Quais são os desafios?
Como é que se faz fotografias às três da manhã, com chuva, na Mulsanne Street, em Le Mans, por exemplo?
[00:04:36] Speaker B: Digamos que nessas alturas é quando eu me arrependo do trabalho que tenho.
Porém, quando vou editar as fotografias, normalmente compensa o esforço. Mas sim, são desafios completamente diferentes.
As corridas 24 horas são muito duras para nós, porque muitas das vezes trabalhamos 44 horas seguidas.
Mas lá está. O meu gosto pelo Endurance é maior do que isso. É mesmo realmente aquilo que eu gosto. Tudo o que envolve GTs e protótipos e corridas de Endurance é mesmo o que eu gosto. Também gosto de fazer Fórmula 1 de vez em quando e faço. O meu campeonato principal atualmente é o WEC, que eu estou a fazer com a Peugeot.
através da DPPI, a agência com a qual maioritariamente trabalho.
e faço algumas de Fórmula 1 também quando tenho mais tempo livre, digamos.
[00:05:18] Speaker A: Claro que sim. Eu em 2024 tive o privilégio de passar as 24 horas do manhã, de passar lá os dias antes e depois e foi um evento incrível.
E eu reparei que vocês, fotógrafos, estão espalhados ao longo da pista e que vão às vezes em carrinhas e pick-up para a frente e para trás. Explica-nos, a nós que não sabemos como é que funciona essa dinâmica, como é que isso tudo se desenrola?
Vocês fazem um briefing antes, calculo, e são distribuídos para apostos? Como é que é essa gestão?
[00:05:48] Speaker B: Depende da quantidade de clientes que temos e da quantidade de fotógrafos por agência, por exemplo. Nós, atualmente, temos alguns clientes no EEC, que é o World Endurance Championship, onde está incluído o UMAA, com a maior prova do ano.
Portanto, somos vários fotógrafos, atualmente, a trabalhar e tentamos nos separar o máximo possível.
Mas cada um tem, normalmente, um cliente específico.
para tratar. A forma como nós nos deslocamos à volta do circuito, como uma é um circuito que é fechado às estradas públicas para fazer o circuito, todos os acessos aos vários pontos do circuito normalmente são feitos por estradas nacionais, ou seja, temos de respeitar as normas de segurança, etc. Portanto, acabamos a alugar scooters e deslocamos pelas estradas normais que as pessoas também têm acesso.
[00:06:32] Speaker A: Ok, e têm que levar todo o equipamento necessário para tudo o que possa acontecer, ou seja, capas de chuva, e é muito material, não é?
[00:06:40] Speaker B: As capas de chuva no mundo da fotografia é sempre um obrigatório de ir connosco, porque nunca sabe o que é que vai acontecer.
[00:06:45] Speaker A: Ia-te perguntar, apesar da câmera, qual é a ferramenta essencial que tens de levar?
[00:06:52] Speaker B: Essa pergunta... Como há muitas, eu vou levar isto para o lado mais engraçado, que é o cartão de memória. Não descentes do cartão de memória, senão não fazes nada sem isso.
[00:06:59] Speaker A: Pronto, ficamos aqui com essa dica. E falávamos há pouco também da relação com os pilotos, porque tu estás muitas vezes com os nossos fãs, seja de Resistência, seja de Fórmula 1, por exemplo, Como é que funciona essa relação entre fotógrafos, entre imprensa, com os pilotos? Qual é que é o... Com quem é que te dás melhor? Como é que essa relação funciona?
[00:07:25] Speaker B: A relação normalmente é estritamente profissional. Eles sabem o trabalho que têm de fazer, nós sabemos o nosso...
o trabalho que nós temos de fazer. Temos pilotos mais fáceis de trabalhar e outros menos fáceis. Claro que às vezes há alguma relação um bocadinho mais pessoal e tal.
Falamos, etc.
Mas continua a ser tudo muito profissional e que normalmente não há muito tempo para grandes conversas. Uma pessoa mete a conversa em dia, como é que foi, como é que foram as férias e tal. Trabalho, trabalho e trabalho.
Mas sim, é sem dúvida fantástico. Uma pessoa normalmente quando está a fazer o trabalho nunca pensa muito neste lado, nesta perspectiva.
Mas é real e ela acontece e eu percebo que, para quem veja de fora, seja muitas das vezes um sonho, digamos.
[00:08:05] Speaker A: Claro que sim. Relembra-me só, há quantos anos é que fazes fotografia de forma profissional?
[00:08:11] Speaker B: Eu comecei, sendo que a minha...
Tenho atualmente 26 anos. A minha primeira corrida foi as 24 Horas de Lima, de forma internacional, digamos, quando tinha 17 anos. Portanto, já lá vão alguns aninhos agora. Apesar de ser bastante jovem, já lá vão alguns aninhos.
[00:08:26] Speaker A: E a minha pergunta era para saber agora qual é que foi o momento mais curioso ou inesperado que te tenha acontecido ao longo desta carreira toda que já tens. Qual foi o momento que tu ficaste a dizer, pá, não estava nada à espera que isto acontecesse, consegui aqui uma fotografia ou...
ou que te tenha marcado.
[00:08:43] Speaker B: Eu acho que já houve tantos ao longo do caminho que eu já não os consigo memorizar a todos. A minha carreira, apesar de já ter alguns anos, apesar de ser jovem e ter alguns anos de carreira, é um bocado estranho olhar para trás devido aos anos de Covid que tivemos.
porque apanhei ali dois ou três anos, comecei a trabalhar profissionalmente e a fazer disto de vida, depois foi interrompido por um período de Covid, de repente agora parece que o Covid ainda foi ontem, portanto ainda sinto que estamos a sair agora do Covid quase. Verdade. E sinto que os anos... Houve já vários anos a passarem, mas sinto que parece que comecei ainda ontem, às vezes.
[00:09:15] Speaker A: Então vou-te simplificar. Qual foi a fotografia ou projeto artístico que tenhas feito que te tenha dado mais orgulho?
Ou que olhes para ele e pensas, epá, este foi mesmo bem feito. Uma fotografia, um destaque, uma capa...
[00:09:30] Speaker B: Não sei, eu desde que comecei a trabalhar de forma profissional tive muitos momentos de orgulho.
Atualmente sou fotógrafo APJU no EEC.
Na Fórmula 1 a nossa agência trabalhamos atualmente com o Ferrari, já trabalhámos com o Alfa Romeo.
Foram bons momentos, sem dúvida.
Trabalhar com lendas como Kimi Raikkonen, por exemplo.
porém um pouco temporamental. É um pouco difícil de trabalhar. Trabalhámos na altura com o Giovanazzi, que atualmente também está no Mundial de Resistência.
Atualmente temos o Charles e o Sainz, para o ano vamos ter o Hamilton.
[00:10:01] Speaker A: Portanto, tens uma carreira resfriada de bons momentos e mais te esperam, não é?
[00:10:05] Speaker B: Sim, sem dúvida.
[00:10:07] Speaker A: E voltando aqui ao Covid, que acabaste de falar, que veio estremecer não só a tua profissão como Claro, todas. Avalou a sociedade.
Vou tentar ligar aqui com um facto também para termos conhecimento. Como é que funcionaram... Tiveste alguma rejeição de carreira? Foi difícil entrares nesse mundo? Estiveste à espera de algum trabalho e agora ligando ao Covid que por causa, por exemplo, do convite tenha sido rejeitado. Qual é a tua dica para quem nos ouve de como é que devemos aceitar a rejeição de um trabalho, como é que podemos ultrapassá-la, sendo que trabalhas por conta própria e é mais difícil?
[00:10:46] Speaker B: Lidar com a rejeição. Tente-se ter alguma paciência por vezes.
[00:10:49] Speaker A: E deixa-me interromper, desculpa, e com críticas, que era onde eu queria chegar.
[00:10:52] Speaker B: Lá está, a idade vai-nos ensinando muita coisa também.
Mas acho que sempre lidei minimamente bem.
O Covid afetou-nos bastante, mas como a nós afetou milhares de pessoas.
Foi um bocado difícil às vezes exagerar alguns trabalhos, outros trabalhos foram cancelados. Foi também na altura que eu comecei a trabalhar para a agência que trabalho atualmente, a DPPI, e saí da minha agência antiga com que cobria o Mundial de Resistência.
Portanto, houve grandes mudanças por volta dessa altura.
E pronto, lidar com as críticas Toda a sua crítica tem sempre uma parte construtiva, digamos.
Não é construtiva o que eu quero dizer, mas há sempre algo a aprender com as críticas que as outras pessoas dão, sejam elas boas ou más. E, portanto, cabe-nos a nós às vezes conseguir tornar isso uma coisa positiva para o nosso futuro. Por vezes é complicado, sim, eu compreendo, eu sei.
Passo por isso muitas das vezes.
[00:11:45] Speaker A: Tem muita concorrência, não é?
[00:11:47] Speaker B: Temos muita concorrência.
Há clientes que às vezes pedem duas mil coisas, se tu só fizeres 1999 vão se cachar da única que faltou e não se vão falar das 1999 que fizemos que estavam bem feitas, por exemplo.
E hoje em dia o trabalho da fotografia por vezes é um pouco desvalorizado, o que torna a nossa profissão um pouco difícil.
[00:12:05] Speaker A: Claro que sim.
Vamos agora voltar aqui a uma questão vocacionada. Quem nos ouve?
Normalmente é fã de automóveis e de desporto motorizado.
E só para darmos um contexto, como é que funciona a tua vida, qual é a próxima prova que vais ter?
[00:12:20] Speaker B: As 24 horas de Daytona.
[00:12:21] Speaker A: Então conta-nos como é que funciona o pré-prova e o pós-prova e o durante, como é que isso se organiza? Tu vais de avião, como é que as coisas se enrolam todas?
[00:12:31] Speaker B: Logística, por exemplo, é um trabalho muito grande que está presente na minha vida enquanto estou de férias, digamos. Ou seja, não estou a receber dinheiro, estou em casa, estou a fazer toda esta logística e por vezes é complexo. Ao longo dos anos uma pessoa vai aprendendo a lidar e a tratar das coisas de forma mais eficiente, digamos.
Mas sim, às vezes existe muitas maneiras de tratar da logística. Vamos de avião, às vezes alugamos um carro, vamos para um Airbnb e partilhamos com outras pessoas ou depende se estamos a fotografar com mais pessoas ou sozinhos.
Neste caso, por exemplo, do IMSA. Estou sozinho a fazer o IMSA.
Portanto, juntei-me com alguns colegas fotógrafos num Airbnb, por exemplo. Arranjei boleia de um, dividimos o carro, vou de avião a ter.
Portanto, a logística muda muito de prova para prova.
No WEG, por exemplo, somos muitos colegas. Acabamos por tentar também alugar uma casa para todos.
Cada um vai lá a ter, dividi carros de aluguer. Temos por vezes de tentar arranjar voos que aterrem no mesmo sítio com uma hora de diferença para tentar fazer ali a logística o melhor possível com os carros de aluguel, com bagagens. É interessante por vezes. É desafiador.
[00:13:36] Speaker A: É um verdadeiro evento antes do próprio...
A fotografia enfrenta grandes desafios atualmente porque com as redes sociais e com toda a rapidez de transmissão de tirar essa foto para o momento e já tens de estar online e tu tens colegas que já estão há mais tempo na profissão e sabes perfeitamente que na altura dos rolos as fotografias tinham que ser enviadas, o processo demorava muito mais tempo.
Que desafios é que a fotografia, e especificamente no mundo do motorsport, enfrenta, nomeadamente face ao vídeo, e o que é que achas que poderia ser melhorado?
[00:14:14] Speaker B: Atualmente acho que a fotografia está a passar por um processo um pouco mais complicado em relação a redes sociais, por exemplo, porque atualmente sinto que o vídeo está um pouco mais na moda, os reels no Instagram, etc. Dão mais views.
Também tem a ver muitas vezes com os algoritmos das próprias redes sociais.
Mas sinto que a fotografia, apesar de tudo, ainda tem um grande impacto no desporto e vai continuar a ter sempre o mesmo impacto, porém um pouco mais reduzida atualmente em relação às redes sociais. Pelo menos é o que eu noto.
Porém, as redes também é uma coisa que pode ser de modas. Portanto, o que agora está na moda, daqui a dois ou três anos pode voltar a mudar para outra coisa. Nunca sabemos o futuro em relação a isto.
[00:14:53] Speaker A: Tens toda a razão. As tendências estão sempre a mudar. Os TikTok e passam-se para os vídeos e danças e tudo mais. Está sempre em constante alteração.
Então achas que a fotografia tem um lugar mais reservado, de destaque?
[00:15:06] Speaker B: Atualmente diria que sim.
Porém, portanto, na mesma. Porque todas as marcas vão na mesma comunicar através dos patrocinadores, patrocínios, banners, sei lá.
Da forma que seja vai ser sempre por uma imagem. Portanto, a imagem vai continuar a estar presente.
[00:15:19] Speaker A: Uma dúvida que tenho. Não existem duas fotografias iguais, porque uma fotografia é tirada num momento exato. O que é que te leva a fotografar...
Quando o carro está a aproximar, o que é que te leva a fotografar ali e não passar de um bocado? O que é que tu escolhes? O que é que tu tentas transmitir com uma fotografia?
[00:15:39] Speaker B: Tento entregar ao cliente principalmente aquilo que ele pediu.
Existe o trabalho da fotografia, as pessoas que podem não perceber muito do meio, normalmente olham para uma fotografia, às vezes a fotografia pode não ser a melhor fotografia do mundo, pode ser sequer uma fotografia que as pessoas achem sinal especial, mas depende sempre dos pedidos do cliente.
E nós temos, com marcas grandes, como uma Ferrari, uma Peugeot que nós temos, uma Nissan, sei lá, tanta coisa, temos de conseguir um bocadinho de tudo. Temos de conseguir desde uma fotografia artística, a uma fotografia que dê para um banner, a uma fotografia que mostre X patrocinador, a uma fotografia que mostre Y patrocinador, a uma fotografia que dê para um poço na vertical ou para um poço na horizontal.
uma fotografia que mostre, por exemplo, o circuito em que estamos, um bocado mais tradicional, digamos, ou que consiga mostrar o sítio em que estamos. Portanto, temos de conseguir ali um conjunto que consiga mostrar um bocadinho de tudo e que sirva o cliente um bocadinho para todas as...
os aspetos, todas as áreas que eu precisar do trabalho.
[00:16:39] Speaker A: Tu já vais briefado e há coisas que na tua cabeça já estão planeadas de vou conseguir estar naquele sítio e fazer aquela foto, vou organizá-los desta forma, portanto já vais com muito trabalho feito de casa?
[00:16:49] Speaker B: Sim, sem dúvida.
[00:16:49] Speaker A: Ok, faz parte desse planeamento todo, para além de arrumar malas e carregar a câmera?
[00:16:54] Speaker B: E chegar a um ponto é um bocado a nível de experiência, porque uma pessoa vai sempre aos mesmos circuitos, começa a ir a fazer várias visitas a circuitos que já lá teve e sabe mais ou menos os pontos de fotografia. Há sempre coisas novas a aprender, gostamos sempre de explorar um bocadinho mais, porém chegar a um ponto num circuito de 5km começamos a ficar um bocado limitados ainda para mais quando há muitos fotógrafos no local de vez em quando lá se arranja um sítio novo para fotografar ou uma fotografia nova ou alguma coisa mudou de um ano para o outro mas as coisas acabam sempre por ser muito idênticas.
[00:17:21] Speaker A: Ótimo. E existe algum fotógrafo ou artista que te inspire? Que tenhas como referência?
Que sigas a sua mensagem, o seu legado?
[00:17:32] Speaker B: Não, não tenho um único.
Todos os meus colegas para mim servem como inspiração.
Todos. Porque há sempre algo a aprender do que o outro fotógrafo fez. Nós na nossa agência fazemos muito isso e eu tenho colegas meus muito bons a nível mundial.
E uma pessoa fica sempre impressionada com a fotografia que eles fazem. Como é que eles fizeram isto? Como é que isto é possível?
Mas prontos, eles também às vezes olham para uma fotografia nossa e dizem o mesmo. Portanto, uma pessoa está sempre a aprender e acabamos por um puxar pelo outro, digamos. E assim é que vamos melhorando todos um pouco.
[00:18:02] Speaker A: Ótimo.
Para os apaixonados de automóveis, tu tens noção que tens um emprego de sonho porque vives de perto com os nossos ídolos. Estás inserido nesse mundo do motorsport. E o que eu te pedia era para deixares aqui um conselho final de o que é que alguém pode fazer para ter um emprego idêntico ou igual ao que tu tens? Qual é a mensagem que deixas aqui para alguém que queira entrar neste mundo?
[00:18:28] Speaker B: Eu entrei um pouco naturalmente, portanto é uma pergunta sempre um pouco difícil de eu responder.
Eu fotografava muito por paixão, por gosto. Eu ia aos autódromos para ver cagos, aproveitava, tirava fotografias.
Comecei a tentar ganhar algum dinheiro disso.
E depois decidi fazer algumas corridas uma ou outra lá fora e fiz alguns contactos e as fotografias, ao que parece, já eram alguma coisa de jeito. Ao ponto de depois me perguntarem se eu estaria interessado em começar a fazer algum trabalho.
Porém, é sempre um pouco difícil este mundo. É um mundo muito fechado.
Há sempre muito poucos lugares. Há sempre muita gente a querer entrar.
e pronto, eu tive a sorte de conseguir a partir do momento em que se consegue entrar e se é bom normalmente diria que é um pouco estável porque ao longo dos anos vai-se fazendo muitos contactos e as pessoas vão confiando em nós porque é um trabalho que depois passa muito pela confiança mas diria para não desistirem, irem praticando vão tirando fotografias mas lembrem-se sempre de se divertirem no processo e aproveitarem também e não apenas a pensar do género que querem mesmo fazer disto de vida. Pensem só em divertirem-se e as coisas provavelmente vão aparecer se forem boas e conseguirem...
[00:19:42] Speaker A: O processo desenrola-se naturalmente.
[00:19:44] Speaker B: Exato.
[00:19:44] Speaker A: Ótimo. Só uma questão. Já fizeste Fórmula 1? Já fizeste Le Mans? Resistência?
Falta se calhar um Dakar?
[00:19:52] Speaker B: Já fiz um Dakar.
[00:19:54] Speaker A: Já fizeste um Dakar? Então há alguma prova que tu penses adorava poder fazer esta?
[00:20:00] Speaker B: Sim.
[00:20:03] Speaker A: O campeonato do mundo de rallies? O WRC, por exemplo?
[00:20:06] Speaker B: Nunca fiz rallies. Fiz algum ERC. Já fiz o ERC nos Açores, por exemplo. Já fiz o Dakar.
[00:20:10] Speaker A: O que é que gostavas de ir fotografar? O que é que te falta na.
[00:20:13] Speaker B: Checklist para... Como eu sou doido por Endurance, para mim...
Quero fazer um checklist em termos de Endurance. Nunca tinha feito Daytona, vou fazer na próxima semana pela primeira vez.
Falta-me fazer as 12 horas de batters em Monte Panorama. É sem dúvida uma prova que eu adorava fazer. Monte Panorama é... Já fiz umas 5 vezes Nürburgring, já fiz umas 5 vezes Spa, portanto essas apesar de já estão feitas. Fiz 8 vezes Le Mans. Está feito. Fiz o ano passado Petit Le Mans.
[00:20:36] Speaker A: Ok.
[00:20:37] Speaker B: Vou voltar a fazer este ano.
[00:20:38] Speaker A: E, por exemplo, o Indianápolis, já fizeste?
[00:20:41] Speaker B: Nunca fiz. Por acaso, nunca tive curiosidade em fazer essa. 500 milhas.
[00:20:45] Speaker A: Porque é uma das grandes que entra na classe rainha, não é? Deixo a todos uma mensagem lá para casa que, se quiserem acompanhar o trabalho do João, basta irem ao Instagram, facilmente o apanham. Peço-te que repitas o teu Instagram profissional.
[00:20:56] Speaker B: João Felipe Fotografia. É muito simples, deve aparecer logo em primeira, apesar de tudo.
[00:20:59] Speaker A: Onde conseguimos ver todo o trabalho do João. João, deste aqui espaço, ficou alguma mensagem por dizer?
[00:21:05] Speaker B: Acho que não. Acho que consegui ser o máximo possível nesta pequena entrevista.
[00:21:10] Speaker A: Olha, agradecemos-te imenso por teres vindo cá hoje.
[00:21:13] Speaker B: Obrigado.
[00:21:13] Speaker A: Desejamos-te a melhor das sortes.
[00:21:15] Speaker B: Muito obrigado. Agradeço imenso.
[00:21:17] Speaker A: Obrigado, João, e obrigado a quem nos está a ver. E já sabem, se quiserem ver esta ou outras histórias basta passarem no nosso site do Automóvel Clube Portugal, na secção dos podcasts, temos lá muitos podcasts para ouvir, ou então nas nossas redes sociais como o Spotify ou o Apple Podcast. Obrigado.