Entrevista ao piloto ACP Gonçalo Guerreiro

Episode 100 October 22, 2025 00:22:40
Entrevista ao piloto ACP Gonçalo Guerreiro
ACP - Automóvel Club de Portugal
Entrevista ao piloto ACP Gonçalo Guerreiro

Oct 22 2025 | 00:22:40

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Show Notes

É um dos nomes mais promissores do todo-terreno mundial. Gonçalo Guerreiro ainda tem uma carreira curta, mas já chamou a atenção das melhores equipas do desporto motorizado. Com conquistas na categoria challenger do Dakar, na Baja Portalegre e nas provas de SSV, o jovem piloto fala-nos sobre o seu percurso, dos desafios e objetivos para futuro.

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Episode Transcript

[00:00:08] Speaker A: Sejam muito bem-vindos a mais um podcast do Automóvel Clube Portugal. Eu sou o Francisco Costa Santos e hoje como convidado temos o piloto ACP, Gonçalo Guerreiro, que nos vem falar sobre todo o terreno, sobre este mundo do desporto motorizado e, em concreto, sobre a sua carreira. É um dos nomes mais promissores do desporto mundial. Gonçalo, muito obrigado por estar aqui hoje. E começamos já pelo início. Como é que começou toda esta ligação ao todo o terreno? [00:00:37] Speaker B: Obrigado Francisco, obrigado ACP. Bem, começou em... eu já digo isto há muito tempo, não é? Mas enfim, começou em 2017, na altura houve o lançamento de um carro que mudou o panorama mundial do todo o terreno, que foi o lançamento do Can-Am X3, que na altura era um carro excelente. [00:00:58] Speaker A: Muito superior. [00:00:59] Speaker B: Muito superior a tudo o resto. Eu que não acompanhei tanto todo o terreno para trás, mas de facto em 2017 quando se dá o lançamento e na altura a Milfa e a Benimoto fizeram muita força para pilotos e equipas testarem, E foi a partir dessa altura que eu comecei a ajudar o meu pai na oficina, na JB Racing. Na altura ainda estudava, mas já começava a ajudar. Isto porquê? Porque aos fins de semana, dias de semana não tanto, tínhamos clientes que tinham adquirido o carro e na altura é o desenvolvimento, né? Então comecei a ajudar o meu pai aos fins de semana, a ir com os clientes, Eu às vezes comecei a ter a minha oportunidade de andar também. [00:01:43] Speaker A: De poder experimentar, de dar ali o primeiro passo. [00:01:44] Speaker B: Pai, posso te dar uma volta? O meu pai na altura também adquiriu um carro. Então, pai, posso te dar uma volta? E o meu pai é assim muito... Então vá, vai lá, uma voltinha! Eu ia e trazia o carro inteiro. E depois, próximo fim de semana, a mesma coisa. E isto aconteceu durante muitos meses. Era a altura de lançamento do carro, o carro era novo, havia muita coisa a melhorar, de facto o carro já era muito bom, mas passado, por exemplo, 5 anos de desenvolvimento e o carro é completamente diferente do que aquilo que nós tínhamos na altura. Então melhorou-se bastante e foi esse acompanhamento que eu comecei a dar ao meu pai e à ajuda, porque o meu pai sozinho tornava-se complicado. Então eu comecei a ajudar, meter o outro lado, meter o carro em cima, lavar os carros, E foi assim que começou, 2017. [00:02:34] Speaker A: Em 2017, Gonçalo, com que idade é que está? [00:02:37] Speaker B: Na altura, 17 anos. [00:02:38] Speaker A: Com 17 anos. E o pai corria? Ou era só ali a parte mais de assistência? [00:02:43] Speaker B: O pai corria, portanto, que adquiriu um carro também desses. Fez umas provas, não digo que tenha feito todas, porque não me recordo. [00:02:50] Speaker A: Mas o desporto já estava ali na família. [00:02:52] Speaker B: Sim, sim, sim. O meu pai corria todo o terreno, talvez desde 2008, 2010. O meu pai, antes de todo o terreno, estava nos cartos cross. Entretanto, na altura da crise, 2008, digo eu, o mercado desceu muito e o meu pai tentou arranjar uma solução. A solução na altura foi todo o terreno. E embora, claro, eu na altura muito jovem, muito pequenino, não tenha acompanhado, foi em 2017 que eu começo a me interessar um pouco mais. Às tantas, estou tão interessado que quero andar, tipo, todos os fins de semana. Pai, vamos andar? Vamos andar. E o meu pai começa-me a dar a oportunidade de andar. Portanto, em 2017 começo a dar as primeiras voltas. em 2018 faço a minha primeira corrida. [00:03:36] Speaker A: O que é tarde nos padrões atuais para começar, não é? Porque geralmente nós vemos jovens como o Gonçalo começarem mais novos e realmente é incrível, é a força de vontade e é o gostar do carro. Houve contacto com os kartcross? [00:03:56] Speaker B: O que é que acontece? Tu no tour de Rennes só podes começar a correr a partir dos 16 anos, quando tiras uma carta, que é a carta daqueles veículos, que eu na altura tirei. Eu acho que comecei em 2018, ainda com 17 anos, E, portanto, só podes começar a partir dessa idade. Não podes começar antes. Por exemplo, nos karts, o Max Verstappen começou com 4 anos a competir ao mais alto nível. Portanto, no todo o terreno, não o podes. Kartcross, dei uma volta ou outra, mas não gostei ou não me interessei muito e foi apenas uma volta. [00:04:37] Speaker A: E com as duas rodas, porque às vezes as motas são a melhor introdução ao todo o terreno, porque também são mais acessíveis. [00:04:42] Speaker B: Eu gostava muito de moto, mas o meu pai teve uma data de acidentes de moto, portanto a minha mãe nunca gostou muito do tema moto. Eu gostava, mas também posso dizer que nunca fui muito jeitoso. Mas gostava, e tivemos a introdução para o meu pai. Na verdade a mim e ao meu irmão, à minha irmã não tanto, se calhar por ser menina, sempre nos deu um pouco tudo aquilo que ele podia dar, nesse aspecto, para nós aprendermos e evoluirmos, por exemplo, fazer uma trajetória, que é uma coisa simples. Quem não tem a oportunidade de ter uma moto, não sabe o que é uma trajetória. Portanto, isso é uma coisa que para nós é básico e foi-nos dado, felizmente, pelo meu pai e pela minha mãe, obviamente, mas depois quando chegou à parte começa a tornar-se paixão ou competição, o meu pai tirou, até porque na altura não tínhamos condição financeira para continuar, e então tirou-nos para as coisas não evoluírem. [00:05:39] Speaker A: Claro que sim. E era aí que eu ia pegar, porque quais é que foram as primeiras dificuldades que sentiste? Obviamente que tens esse apoio, felizmente, de teres um pai relacionado com a área e de ter essa estrutura, mas Existem muitos desafios. Quais foram as maiores dificuldades que sentiste? [00:05:58] Speaker B: É sim, os desafios são muitos. Portanto, se voltarmos atrás a 2017, 2018, a condição e o mercado está completamente diferente. Portanto, a empresa JP Racing, em 2017, 2018, a condição financeira era diferente. Obviamente que o mercado estava a evoluir, mas atualmente o mercado de todo o. [00:06:22] Speaker A: Terreno Os SSVs foram um boom no todo o terreno. [00:06:27] Speaker B: Foi, foi, foi. E, portanto, na altura não era fácil e, claro, a maior dificuldade é essa, a condição financeira. E, portanto, na altura, em 2018, o meu pai, obviamente, o que é que ele diz? Olha, então vais correr, vais fazer uma prova. Foi isto. portanto vais fazer uma prova vamos arranjar aqui um patrocínio na altura o António Martins disse até pronto eu pago a inscrição ao menino não tínhamos muita base não tínhamos muito apoio para isso e na altura um amigo muito da família disse pronto eu pago a inscrição ao miúdo temos o carro e eu vou fazer a prova na altura pinhal acho eu diverti-me bastante e claro depois Vamos fazer a segunda. [00:07:17] Speaker A: Claro. [00:07:17] Speaker B: E assim começou. [00:07:18] Speaker A: E correu bem a primeira? [00:07:20] Speaker B: Não correu muito bem porque o carro ainda faltava muito desenvolvimento. Eu lembro que ao fim de 5 quilómetros já não tinha travões. [00:07:28] Speaker A: Foi depois obviamente evoluindo. Então, sentes que o apoio principal foi mesmo da família? A equipa que utilizavas era a equipa que tinhas em casa? [00:07:39] Speaker B: Sim. O que é que nós fazíamos e ainda hoje fazemos? Correr é muito caro, é um desporto muito caro. Muito caro, o motorsport. E então, nós com o apoio dos nossos clientes, que depositam bastante confiança em nós, fazem-nos estar nas corridas, praticamente é isso. Porque só o apoio da JB Racing é difícil. Atualmente o mercado funciona bem e já é possível, mas ainda assim os clientes basicamente é que nos suportam. Basicamente é isso, e claro, o apoio da família. [00:08:12] Speaker A: Passamos agora aqui para uma questão que eu acho que é a grande questão, que é como é que surgiu o convite para entrares na equipa do Nasser? Como é que se deu este salto de um jovem para integrar uma equipa destas? [00:08:26] Speaker B: O que é que acontece? Todos os meus anos têm sido cada vez melhores, portanto, eu começo a levar as coisas um pouco mais a sério. [00:08:34] Speaker A: Em 2022, Foi o momento de viragem, foi em 2022. [00:08:39] Speaker B: Sim, eu vou-te fazer um pouco o contexto. [00:08:42] Speaker A: Ótimo. [00:08:42] Speaker B: Portanto, 2021, ganho a minha primeira base da Porto Alegre e ganho a minha primeira corrida a geral. Portanto, na altura, regangos. 2022, ganho novamente a base da Porto Alegre e sou campeão. 2023 faço pódio na Baixa Porto Alegre, não sou campeão, na altura mudei para a marca Polaris. 2024 sem dúvida que foi o meu melhor ano até então e faço grandes resultados e faço segundo na Baixa Porto Alegre, primeiro da categoria, atrás do Miguel Barbosa na geral. Bem, foi sem dúvida o meu melhor ano e eu achava assim, pá, isto é impossível fazer melhor. Claro. E o que é que acontece? [00:09:26] Speaker A: É impossível, desculpa Gonçalo, é impossível por causa das condições que tinhas? [00:09:29] Speaker B: Não digo pelas condições, porque já sentia que estava a andar muito bem e aquilo que eu estava a alcançar era difícil. Eu sabia que estava a andar bem, mas do género, venci uma data de corridas, pá, é difícil ter um ano melhor que este. Obviamente não há anos iguais, mas sou um surtudo por dizer que desde 2021 até 2025 a minha carreira tem sido sempre a crescer, felizmente. Acho que vai chegar uma altura que é impossível ser melhor, olhando para os resultados deste ano. Voltando à tua pergunta sobre o NASA. 2024, um ano em crescente, faço grandes resultados e sou visto pela Red Bull e a Red Bull coloca algum interesse e entretanto fazemos a base a Marrocos. [00:10:17] Speaker A: Ok. [00:10:18] Speaker B: Na altura reunia uns apoios para fazer. [00:10:21] Speaker A: Esta prova Tiveste de reunir? [00:10:24] Speaker B: Tive de reunir, sim. Portanto, vou fazer esta prova, mais a Marrocos, na altura em setembro. Inclusive, falto arreguengos. Portanto, num ano muito positivo para mim, com grandes resultados, falta uma prova do campeonato porque senti que aquilo era preciso. Aquilo era a única maneira de eu chamar a atenção de alguém Não foi bem assim que eu pensei, mas aquilo era preciso para a minha carreira, porque até então eu só tinha provado alguma coisa em Portugal e Espanha. [00:10:54] Speaker A: Pois, projeção nacional, maioritariamente. [00:10:56] Speaker B: Que não é o melhor. Que é bom, porque sabemos que temos bons pilotos, mas o ideal é ires... lá fora. Portanto, reúno uns apoios e vamos fazer Baja Marrocos num Taurus, um carro que eu nunca tinha guiado, mas uma coisa assim, um contexto mais privado. Faço Baja Marrocos, sou escolhido no final para fazer um teste, para fazer captações para a Red Bull, Faço segundo na prova, foi um excelente resultado para a primeira vez. [00:11:27] Speaker A: Um carro completamente novo. [00:11:29] Speaker B: Completamente novo para mim. Não parti peças. Claro, não tive na minha melhor forma, mas terminei e fiz um bom resultado. E no final sou captado para fazer as captações para a Red Bull. Acaba a corrida, vou fazer captações. Eu mais... Um, dois... Acho que três, na altura. E bem, e passa-se. Isto é setembro. Vamos fazer baixa Porto Alegre. Venço a baixa Porto Alegre. Faço segunda geral atrás do Miguel. Venço a categoria. E eles disseram assim, ok, entretanto, mais tarde vamos ver o que é que acontece. [00:12:04] Speaker A: Pois. [00:12:05] Speaker B: Muita atenção, passou-se o mês de outubro até o final de novembro é quando recebo um e-mail, vamos fazer uma reunião. Portanto, acho eu dia 20 ou 21 de novembro. Olha, foste escolhido, vais correr o Dakar. E para te dizer sobre a tua questão, desculpa ter erro, quem é que ajudou muito isto? O Nasser. O Nasser puxou muito por mim nessa altura para me tornar atleta Red Bull e para ir ao Dakar. Não era a equipa dele, era outra equipa, era a BBR. foram fantásticos, mas ele ajudou-me muito nessa altura. E ele puxou muito, pá, o miúdo é bom, apostem nele, não sei o quê. Porquê? Não sei. [00:12:58] Speaker A: Será que já tinha interesse? [00:13:00] Speaker B: Porque nunca fiz nada por ele. [00:13:02] Speaker A: Claro. [00:13:02] Speaker B: Claro, admiro-o bastante, como todos nós admiramos aqui. Se ele na altura tensionava alguma coisa comigo, não sei. Agora, o que é certo é que ele empurrou muito o meu nome para acontecer. Talvez tenha sido depois de um bom resultado. Analisou as boas e as más. E foi a partir daí que a minha relação com o Nasser é criada. Portanto, desde o final de 2024, que temos uma relação bastante sólida. E este ano, pronto, olha, vais correr Aragão comigo e vais correr Portugal comigo. [00:13:38] Speaker A: O Nasser participa de forma muito ativa na equipa, não? [00:13:42] Speaker B: Sim. O Nasser, por exemplo, quem estiver atento, ele às vezes está mais tempo na Nasser Racing Team do que propriamente na Dacia. Até porque na Dacia ele tem os engenheiros todos para tratar do carro e ele faz o debrief dele e vai à vida dele. Ali no Nasser Racing, ao fim e ao cabo é a equipa dele, ele está preocupado com aquilo, ele está ali com os mecânicos, olha, vejam aquilo, não sei o quê. E ele é muito inteligente, está sempre a tempo. [00:14:07] Speaker A: Ele acaba por ser quase um convidado de Dacia, mas na Nasser ele é realmente... tem que se preocupar efetivamente. Tem que se preocupar. Como é que foi ir ao Dakar? Como é que foi essa primeira experiência? Primeiro queremos saber como é que foi a reação de saber, pá, vou ao Dakar. E depois de como é que é estar lá, de gerir a impressão, É um cenário completamente diferente, como é que... [00:14:31] Speaker B: É assim, o impacto é bastante grande, obviamente era uma coisa que eu queria já há algum tempo, mas sabia que tão cedo não ia ter a oportunidade para, porque é uma prova muito cara, portanto tinha que haver uma espécie de um convite conforme recebi para estar presente. E o cenário é muito diferente, portanto é um choque total, primeiramente porque estás a fazer o teu sonho, Segundo, porque não queres desiludir quem confiou em ti. Nasser, Red Bull, uma data a equipe. [00:15:02] Speaker A: Até aos pais, não é? Porque é o percurso todo ali. [00:15:05] Speaker B: Posso-te dizer que foi chocante. Claro, é difícil. Primeiramente é muito difícil, existe muita pressão, porque na condição que estás, mais pressão ainda, e depois não queres desiludir ninguém. Portanto, encarei as coisas a terminar a prova todos os dias, portanto o objetivo principal era terminar. [00:15:29] Speaker A: Consistência. [00:15:29] Speaker B: Não pode haver desistência. Eu sei que podia ter dado muito mais de mim e do carro, mas conforme fui vendo a corrida dia a dia, percebi que aquele ritmo era o suficiente para terminar e, portanto, cumpri o sonho de vida. Até é difícil explicar tudo aquilo que se sente. Agora, claro, na próxima vez que vá ao Dakar, quero ir mais forte, Aprendeste já... Aprendi, aprendi e sei que fui muito calculoso em muitas circunstâncias, que não precisava de o ser, mas que a mentalidade que eu levava, que era terminar todos os dias, tinha que ser assim e foi brilhante. [00:16:09] Speaker A: Acredito que tenha servido para crescer muito enquanto piloto. E o que é que consegues trazer do Dakar? O que é que aprendes no Dakar que depois te facilita outras provas? [00:16:21] Speaker B: Portanto, conforme te disse, os anos têm vindo sempre melhores, todos os anos. 2024 foi brilhante, 2025 no início do Dakar. Portanto, cumpro o meu sonho de vida. Claro que aquilo que aprendes no Dakar nem sempre aplicas nas provas em Portugal. [00:16:38] Speaker A: Porque é muito específico. [00:16:39] Speaker B: Porque é muito específico, é muito diferente daquilo que estamos habituados. Mas o que é certo é que 2025 tenho os meus resultados melhores da carreira. Vence o Rally Ride, até agora venci todas as provas do Nacional. Este ano venci duas provas ao geral, penso eu. Portanto, os meus resultados este ano são ainda mais brilhantes do que aquilo que eu tenho vindo a fazer. E eu tenho dito sempre, melhor que isto é impossível. Ainda não sei onde é que isto vai parar. Mas podes sempre coligar algumas coisas que aprendes no Dakar. Isso aprendes sempre. O que é certo é que este ano, depois de tudo aquilo que se passou, de fazer o Dakar, de tornar um atleta Red Bull, este ano sou muito mais completo do que aquilo que era quando passava. [00:17:20] Speaker A: Ainda bem. Gonçalo, fala-nos do Rally Ride Portugal. O que é que sente-se? O que é que significa para ti a prova? Para nós é ótimo porque é a única oportunidade que temos na Europa de ver carros do Dakar, que para os apaixonados é muito importante. Mas conta-nos como é correr para o Campeonato do Mundo em casa. [00:17:41] Speaker B: Primeiramente, o ACP criou uma prova brilhante juntamente com a BP. De facto, é muito diferente do que o calendário nos oferece. O calendário este ano começou no Dakar, depois foi para Abu Dhabi, depois foi para a South África, depois vai para Portugal. South África já é mais parecido com Portugal, mas entretanto vão para Marrocos e é completamente diferente. [00:18:03] Speaker A: Volta a mudar. [00:18:04] Speaker B: Portanto, eu acho que é um challenge diferente para todos os pilotos. Para nós, não. É isto. Nós estamos habituados a isto. Agora, parabéns ao SCP porque criou uma prova brilhante e toda a gente fica contente com aquilo que encontra, porque é diferente. [00:18:19] Speaker A: Não só a organização, principalmente, os percursos, mas por exemplo, deste ano, o BP Ultimate Rally Ride, qual foi o percurso que mais gostaste de fazer, que te deu mais prazer? [00:18:30] Speaker B: Eu acho que os percursos de Portugal são sempre mais completos que os de Espanha, até porque o roadbook em Portugal nota-se que é mais preciso e melhor, na minha opinião. E acho que isso foi tema de conversa também. Foram 5 etapas, certo? Não te consigo precisar qual é que foi a melhor, mas venci uma, duas. Venci duas, ok. Venci duas, venci o Proloque, pá, acho que venci, foram boas, e o Proloque também. A prova é brutal. [00:18:57] Speaker A: Só voltando à estrutura da tua equipa, tu disseste que ficaste surpreendido com o nível de exigência e a vontade de trabalhar nos automóveis. E queria que nos explicasses como é que é estar dentro de uma equipa com essa estrutura, porque tu já estavas habituado à tua equipa, obviamente que convives com outros pilotos, outras equipas, percebes como é que funciona, mas aqui estás numa equipa de topo Estás na Fórmula 1 do todo o terreno. Como é que funciona essa organização? [00:19:29] Speaker B: Eu convivo diariamente com os meus mecânicos da JTB Racing, portanto consigo avaliar perfeitamente o ambiente e a forma de trabalhar, o profissionalismo. Eu nunca tinha trabalhado antes e fiz o Dakar. Não é que tenha passado por muitas equipas, mas fiz o Dakar, corro, todos os meses com a JB Racing, não desmerecendo nenhuma equipa, mas eu nunca tinha trabalhado com engenheiros tão profissionais e mecânicos conforme trabalhei agora no Rally Ride com a Nasser Racing Team. De facto, o nível de exigência de cada mecânico, de cada engenheiro é Pá, é brutal. Nunca tinha trabalhado nada assim. O Nasser criou uma equipa sólida de mecânicos, de engenheiros. O engenheiro de motor era muito bom. Os três mecânicos que eu tinha eram muito bons. [00:20:24] Speaker A: E ele é que os seleciona e vai buscar outros mecânicos. [00:20:28] Speaker B: Nasser quer criar uma equipa vencedora. Venceu agora o Rally Ride pela primeira vez. Nunca tinha vencido uma prova do W2RC. O que é que ele quer? Quer ganhar o Dakar, obviamente. Então fui buscar os melhores mecânicos. O que eu posso confirmar é que, de facto, os mecânicos eram muito bons. E são muito bons. [00:20:49] Speaker A: Estamos a pouco tempo da base da Porto Alegre. O que é que esperas para esta prova? [00:20:57] Speaker B: Espero fazer aquilo que tenho vindo a fazer estes últimos 4 anos. [00:21:01] Speaker A: É uma prova que conheces bem, te tens familiarizado, mas qual é o objetivo? É andar lá na frente? [00:21:09] Speaker B: Assim, claro, é tentar ganhar. Até porque estamos na disputa pelo Campeonato Absoluto com o João Ferreira. Portanto, sei que não vai ser tarefa fácil porque Porto Alegre é uma prova muito rolante. Eu acho que só com condições climatéricas um pouco mais adversas é que as coisas podem tender um pouco para o meu lado. Mas o objetivo principal, é claro. vencer a categoria e trazer um bom resultado no overall. [00:21:36] Speaker A: Como tens bastante, um historial muito grande com a prova, é uma prova que tens um carinho especial, não é? [00:21:42] Speaker B: Sim. Porto Alegre, primeiramente, é mítico, toda a gente o sabe e sente-se quando estás no paddock e a malta está toda tipo nervosa, vai começar o Porto Alegre. É diferente de todas as outras que tens no calendário. E claro, Porto Alegre, eu que tenho vindo a ser feliz estes últimos quatro anos em Porto Alegre, a vencer praticamente todos estes anos, obviamente aquilo que eu quero tentar fazer é levar a vitória novamente. [00:22:07] Speaker A: Ótimo. E nós desejamos-te a maior das sortes, piloto ACP, piloto Red Bull, numa equipa com uma estrutura fabulosa como é a Nasser. Gonçalo, sinceramente, desejamos-te a maior das sortes e muito obrigado por teres vindo cá hoje. [00:22:20] Speaker B: Obrigado. [00:22:21] Speaker A: E já sabem, se quiserem ouvir este ou outros podcasts, basta passar no site do Automóvel Clube Portugal, onde tem lá a secção dos podcasts, ou então no Spotify ou Apple Podcast. Obrigado.

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