Episode Transcript
[00:00:07] Speaker A: Sejam muito bem-vindos a mais um podcast do Automóvel Clube Portugal. Eu sou o Francisco Costa Santos e hoje como convidado temos Luís Cunha, diretor do ACP Clássicos, para nos ver falar sobre segurança e responsabilidade neste mundo em específico dos automóveis clássicos. Luís, muito obrigado por estar cá hoje.
[00:00:25] Speaker B: Obrigado, meu.
[00:00:25] Speaker A: É um gosto. E lanço já a primeira questão.
Os seguros nos automóveis clássicos têm de ter uma atenção especial, penso, porque são carros que têm características mais exclusivas, mais únicas. E no caso de um acidente, como às vezes vemos, o que é preciso ter em conta ou no que é que o clube consegue ajudar relativamente aos seguros de um clássico?
[00:00:50] Speaker B: O seguro é um aspecto muito importante na utilização dos clássicos, embora a taxa de sinistralidade neste tipo de automóveis é relativamente baixa, porque estamos a falar de automóveis de uso esporádico e o próprio tipo de utilização normalmente é fora do trânsito do dia-a-dia, não é?
A grande parte destes carros são usados em passeios, em eventos, enfim, uma forma mais lúdica, portanto, menos sujeita àquela sinistralidade do uso cotidiano.
Mas, em todo o caso, há um aspecto muito importante a referir, que tem a ver com a certificação de veículos históricos que nós fazemos, que as companhias de seguro em caso de acidente têm tido. Isto, enfim, é uma experiência de quase 25 anos, portanto é um conhecimento de experiência feita, que as companhias reconhecem que se trata de um automóvel especial, que se trata de um veículo histórico e tem havido abertura para que para que isso seja tido em conta. Portanto, trata os carros como um carro de coleção, como uma peça histórica e não como um carro velho para bater.
Acresce-se que o ACP Clássicos, através do ACP Seguros, oferece quer os seguros de responsabilidade civil, obrigatórios por lei, normais, como depois ter um produto mais sofisticado, que é um seguro de danos próprios. Portanto, para móveis mais especiais, mais valiosos, para proprietários que percebam o interesse nos danos próprios, temos uma oferta grande em termos de seguros.
[00:02:46] Speaker A: Eu quis começar por esta questão dos seguros porque se envolvido num sinistro o carro acaba por se danificar e a questão das peças muitas vezes podemos achar que é um carro velho mas se for certificado e se tivermos o histórico do carro Percebemos que ele não é um carro velho, é um carro clássico, e que aí tem um valor agregado, e passando para o valor das peças, muitas vezes são de valores muito elevados.
Como é que se consegue encontrar peças para um carro como, por exemplo, um exemplo simples, Luís, um Mini 1000 dos anos 70, como é que se consegue encontrar peças para um carro desses?
[00:03:26] Speaker B: Primeira questão é que é importante que não haja acidentes. No mundo perfeito essa questão não se punha.
Porque, de facto, muitas vezes nem é tanto pelo valor, e o exemplo do Mini 1000 é um bom exemplo, muitas vezes há uma dificuldade imensa de repor a condição em que o carro estava antes do acidente. Os minis, felizmente, não é o caso. A quantidade de peças que ainda hoje se continua a fabricar permite o restauro completo, a reposição do carro na condição em que estava. Eu diria mesmo, enfim, sou apenas estar a exagerar um bocadinho, mas o mini praticamente consegue-se reconstruir com o catálogo de peças, quer dizer, faz-se um carro do zero. Outros exemplos, e aí os carros italianos, por exemplo, é uma... Já acontece isso com uma série de modelos.
Coisas mais específicas, como um farolinho de um determinado modelo que foi muito datado no tempo.
Pormenores de friezes.
Coisas que são únicas nos carros e que por serem modelos de pequena produção, não se justifica, hoje em dia, haver uma empresa que reproduza aquele tipo de peças e, portanto... Tem de ser feitas à mão?
[00:04:57] Speaker A: Tem que ser.
[00:04:58] Speaker B: Depois. Cada caso é um caso. Claro. Curiosamente, as novas tecnologias... Também nisto ajudam bastante e hoje já há um conjunto de pequenas peças que se reproduzem em impressão 3D de coisas que são dificílimas de encontrar.
Eu estou a pensar, por exemplo, nos carros da década de 80, 90, que já tem muitos plásticos no tabuleiê, e os plásticos não foram pensados para durar 40 anos. Há marcas que chegam aos nossos discos, os plásticos todos quebradiços, e puxa-se um botão e ficamos com ele na mão.
E aí a impressão 3D é bastante útil quanto a isso.
[00:05:48] Speaker A: Essas novas tecnologias conseguem então dar resposta a esse problema.
Luís, no caso ainda dos sinistros, e uma peça fundamental dos automóveis são os pneus, porque é a única peça que faz contacto entre o automóvel e a estrada.
Este é um caso muito grave que o ACP, que vocês veem todos os dias nas oficinas, que é o mau estado de pneus, pneus completamente desatualizados, Enfim.
[00:06:16] Speaker B: A qualidade dos pneus, o estado dos pneus, está na base daquilo que é a utilização.
E aquilo que nós constatamos, de facto, diariamente, é que, em primeiro lugar, os proprietários não têm noção do estado dos seus pneus. E eu digo isto, não vou dizer 100%, mas enfim, se tivesse que dar uma porcentagem, 80% dos proprietários não têm qualquer noção, porque olham a uma distância, enfim, à distância normal que nós olhamos o carro. Olham para os pneus, veem que os pneus estão com um aspecto absolutamente impecável.
A utilização anual que nós fazemos dos carros não é suficiente para gastar pneus. E, portanto, chegamos ao fim de 10, 15, 20, 25, 30 anos e os pneus muitas vezes têm aquela risca colorida aí no rasgo.
[00:07:08] Speaker A: Parecem novos.
[00:07:08] Speaker B: Parecem novos, parecem acabados de sair. E o que nós fazemos hoje em dia, porque já estamos muito alerta, temos grande atenção nisso, é fotografar Portanto, pegar o telefone e fotografar. E quando ampliamos e mostramos ao proprietário, dizemos assim, Luís, isto é a fotografia, de certeza que isto é a fotografia do meu pneu. Os pneus estão todos... Um pneu com, a partir dos 10 anos, já não...
[00:07:39] Speaker A: As propriedades não se alteram.
[00:07:40] Speaker B: Já, já. E então, quando estamos a falar de 15, 20 por aí fora, os pneus tornam-se de facto perigosos. Tivemos um acidente este verão com um sócio nosso, que felizmente não...
não teve grande consequência para ele, não teve consequência nenhuma, e para o carro a consequência é que ficou muito estragado, mas não estruturalmente, portanto foi uma coisa... E lá está, estávamos a falar de um MGB, portanto foi um modelo que as peças existiam todas, portanto não foi... foi só uma questão de dinheiro.
Mas isso de facto, os pneus tinham um aspecto fantástico, o pneu suplente ainda tinha o selo da Goodyear, tinha o selo da Goodyear, o pneu nunca tinha sido usado, o pneu suplente.
[00:08:24] Speaker A: Que é ótimo para museu.
[00:08:25] Speaker B: Ótimo para museu, é ótimo para se mostrar o que é um pneu da época. E o carro, a 120kmh na autostrada, de repente um pneu arrebenta e descascou, parecia uma banana.
E, portanto, nós fazemos essa pedagogia junto dos proprietários.
E devo dizer duas coisas. Uma é que 60%, enfim, para ser um número conservador, 60% dos carros que nos aparecem nas certificações já precisavam de pneus novos.
Mas em abono da verdade, também digo que quando os proprietários percebem o estado dos pneus, a esmagadora maioria vai trocar de pneus, não só por uma questão de segurança, ou principalmente por uma questão de segurança, mas também porque um automóvel com pneus novos tem um comportamento completamente diferente, rola de uma forma mais macia, curva muito melhor, portanto isso também constitui um atrativo complementar à segurança. E, portanto, eu fiz aqui a questão de frisar isto porque é uma questão com a qual nos deparamos.
[00:09:33] Speaker A: Fundamental. Não só pela parte da segurança, porque o carro passa a travar com mais eficácia, porque são carros com travagens menos eficientes, mas também pela questão do prazer de condução, que transforma-se completamente. Luís, e devemos... aplicar pneus atuais? Ou seja, existem pneus atuais com as características dos pneus antigos da época, mas também existem pneus atuais com as características atuais. O que é que se deve colocar?
[00:10:04] Speaker B: Aquilo que se deve fazer é ir ao encontro da época e, do ponto de vista dimensional, respeitar aquilo que o fabricante, na altura, Se bem que hoje em dia, mesmo quando estamos a falar de pneus não radiais, pneus longitudinais, a qualidade da borracha é muito superior. Melhorou substancialmente. Mas ainda assim, para quem Será um Volkswagen, um carrocha, que quase durante toda a sua existência foi equipado com pneus 560-15, pneus longitudinais, não radiais, para fazer uma linguagem que se perceba melhor. Todos eles, nos meados dos anos 70, ainda tinham esse tipo de pneus. Hoje em dia, para automóveis que tenham o uso, enfim, com uso semanal, uma equivalência em radial uns 155 ou uns 165, não desvirtua o espírito do automóvel e grande parte das marcas continuam a ter pneus para essas medidas, pneus que têm um desenho de época, portanto esteticamente não não desfigura o carro. Porque, de facto, montar num veículo histórico pneus com raste muito moderno é uma coisa que salta logo à vista pela negativa.
[00:11:37] Speaker A: E é muito evidente.
[00:11:40] Speaker B: É muito evidente. há uma série de elementos técnicos, suspensões, direção, tudo aquilo foi pensado para um determinado tipo de pneus. Se pomos uns pneus muito mais largos, com uma aderência muito maior, o comportamento do carro também é diferente, não é? Portanto, há aqui um equilíbrio que convém respeitar.
[00:12:03] Speaker A: Luís, no caso de pneus ou de outras peças, como falámos há pouco, o ACP presta algum serviço aos sócios? Existe algum acompanhamento que possa ser feito?
[00:12:13] Speaker B: Sim, isso é um tipo de serviço que nós fazemos com grande frequência e com frequência diária. Os sócios ligam-nos a partilhar algumas questões, alguma dúvida que tenham, dificuldade em encontrar peças. Esse serviço sempre disponível, esse canal está sempre aberto. Aliás, agora estava a me lembrar de uma parceria que nós fizemos. Tivemos um protocolo com a ValorCar, que é a entidade que gere os centros de abate em todo o país.
e no site do ACP temos uma secção a que chamamos Peças em Fim de Vida, onde os sócios poderão... Os sócios e não sócios, porque isto está aberto, é uma aplicação que está absolutamente aberta e disponível a todos. Ou seja, Sempre que entra num centro de debate um automóvel com mais de 29 anos fica numa base de dados que está disponível a todos e está ordenada quer por marca, quer por capital distrito.
E isso muitas vezes, voltando aqui ao início da conversa, muitas vezes é importante para modelos dos quais é muito difícil obter um farolinho, um friso, um tampão.
E isso tem solucionado problemas de peças que são muito difíceis de encontrar e está lá o desafio a fazerem a fazerem essa experiência, porque é uma informação que está...
[00:13:46] Speaker A: É uma ferramenta muito útil.
[00:13:47] Speaker B: É, muito útil. E não tem, infelizmente, não tem tido a divulgação que eu gostaria que tivesse, porque de facto é um bom exemplo daquilo que tem a ver com a reciclagem, que tem a ver com a utilização de peças que de outra forma vão para derreter.
[00:14:05] Speaker A: Claro que sim.
Mesmo sendo proprietário de automóveis clássicos, muitas vezes existe dificuldade em encontrar, em localizar peças.
É uma ferramenta muito importante.
Luís, muito obrigado. Acho que ficam aqui respondidas brevemente as dúvidas sobre a segurança que devemos ter e adotar com um carro clássico e também a parte da responsabilidade com os seguros. Muito obrigado.
[00:14:32] Speaker B: Com gosto. Disponho.
[00:14:33] Speaker A: E muito obrigado a quem nos ouviu. E já sabe, se quiser ouvir este ou outros podcasts, basta passar no site do Automóvel Clube Portugal, na secção podcasts, onde temos lá vários disponíveis. Muito obrigado.