Episode Transcript
[00:00:08] Speaker A: Sejam muito bem-vindos a mais um podcast do Automóvel com Portugal. Eu sou o Francisco Costa Santos e hoje vamos falar sobre o desporto automóvel, em concreto sobre o BP Ultimate Rally Ride Portugal. Como convidados temos dois grandes pilotos, muito conhecidos neste meio. Temos Miguel Barbosa e Luís Portela Moraes, a quem eu agradeço estarem aqui presentes hoje porque nos vão responder várias perguntas e descomplicar aqui como é que uma prova destas funciona. Começar pelo Miguel. Miguel, como é que é feita a preparação do carro e qual é que é a diferença ou a grande diferença do carro que vão utilizar aqui nesta prova face ao carro que já utilizaram no Dakar, visto que ambos participaram nessa prova?
[00:00:52] Speaker B: Olá Francisco, olá a todos. Obrigado pelo convite para estar aqui presente. As diferenças em termos de preparação, nós preparamos-nos o ano todo para uma série de corridas ao longo do ano e, portanto, no fundo é manter, apesar desta corrida, ser uma corrida mais longa do que as tradicionais bajas que fazemos, mas também mais curta do que, por exemplo, um Dakar. Eu ainda não usei este carro, o Taos, que estou a usar agora no campeonato português e nas provas cá, não usei no Dakar. O último Dakar que eu fiz foi Toyota. Então é um carro completamente diferente. Mas a preparação é um bocadinho igual, ou seja, como é feita por uma baja, tudo é revisionado para a prova que vamos ter, para a quilometragem. A grande diferença nesta prova é que vai ser uma prova muito longa para aquilo que estamos habituados. Normalmente fazemos cerca de 300 quilómetros por uma baja em Portugal. esta prova vai ter 1.100 km de especiais ao longo de vários dias, portanto, prevê-se uma prova muito dura, e os carros vão sofrer por causa disso, e também esta categoria de Challengers, os carros também são eles um bocadinho mais frágeis da categoria máxima, portanto, tem que haver uma gestão também do nosso lado.
[00:01:57] Speaker A: O Miguel quando fala da Toyota é uma T1+, que esteve presente no Dakar, e obviamente que são carros completamente diferentes. Quais são as maiores dificuldades deste Challenger, que é um carro mais pequeno e que será mais frágil à partida?
[00:02:13] Speaker B: No último Dakar ainda fiz T1, foi no ano de transição para as T1+, foi um salto bastante grande e depois cá em Portugal usei a T1+. As diferenças são bastante grandes em termos de volume, de peso, também de motor, mas eu acho que para as nossas provas esta categoria adequa-se muito bem aos nossos traçados, às nossas provas e também em termos financeiros é outro mundo e acho que se adequa muito mais. estes sendo campeonatos nacionais e tudo mais, e europeus, e deixar espaço, no fundo, um bocadinho para as telomais, para as provas mais internacionais, maiores, sabendo que eles são estrelas da companhia, não há dúvida, mas em termos racionais e financeiros, acho que é uma escolha muito mais equilibrada.
[00:02:59] Speaker A: Passo agora a pergunta ao Luís. Nós quando falamos desta categoria Challenger, para os leigos que nos estão a ouvir, são no fundo aqueles SSVs, aqueles buggies, que o Luís também já está habituado a conduzir.
[00:03:11] Speaker C: Eu vim dos SSVs, exatamente, na altura da FMP, da Federação das Motas, e segui sempre, dei o salto para os SSVs, que eram os antigos T4 e os Challenger. E realmente, e os resultados temos já dito, e o resultado do Miele ano passado no Porto Alegre mostra isso, que além do lado racional todo, são carros que se adaptam muito bem ao estilo das banjas em Portugal. Claro que depende também muito das organizações, tem de voltar a procurar, como é óbvio, fazer trajetos um bocadinho mais rápidos, para as T1 mais não sofrerem tanto, porque, como eu ia dizer, são estrelas da companhia e têm de mostrar que são os nossos carros. Mas, no entanto, os resultados em Portugal têm mostrado que os Challengers e mesmo os SSVs, com o Gonçalo Guerreiro também piloto ACP, têm mostrado que têm ganho, em geral, corridas. Portanto, acho que vai ser muito engraçado aqui o Rally Ride porque vai ser uma disputa entre ter um ou mais carrinhas feitas para ganhar o Dakar e os Challengers e os SSVs Portanto, onde, por exemplo, o Miguel será de certeza um grande candidato à vitória por conta da sua experiência e vai dar muito trabalho ao estilo mais.
[00:04:22] Speaker A: O que o Luís diz é curioso. Como é que é possível um carro inferior, em toda a sua condição, andar a disputar, tudo bem que muito mérito está no piloto, mas no carro é impressionante, não é?
[00:04:33] Speaker B: Isto está a passar essa batata quente, mas também tem essa responsabilidade e sei que o vai fazer.
Eu acho que é importante não mostrá-los, porque há essa tendência e isso depois causa algum mau estado. E é preciso também que quem nos ouve que perceba isto. A estrela da Copinha acabou a referir, como eu disse, e o que leva também as pessoas a ver as corridas irais, porque esses são os T1s, esses são os carros mais espetacular. Depois há uma série de categorias e nós corremos para essas categorias. Ou seja, eu não me preocupo com a geral. Isso é uma cereja no topo do bombo, mas a minha preocupação não é essa, é lutar na minha categoria. E acho que todos devemos pensar assim, não devemos querer um carro inferior, que custa menos, que tem menos manutenção e tudo mais, querer ocupar um lugar que não é o nosso. Portanto, eu acho que este o discurso tem que se manter assim, para que as categorias consigam viver de forma harmoniosa. Porque senão, começa aqui tudo um bocadinho a não encaixar. Eu acho que é preciso as equipas e os pilotos terem esta consciência.
[00:05:29] Speaker C: Eu não teria pensado não ter esta capacidade de experiência, de perceber isso, de já estar à frente da corrida geral, tentar ir para a geral e estragar a corrida por essa coisa que não é a minha luta.
[00:05:42] Speaker A: Claro.
[00:05:43] Speaker C: Isto que o Miguel está a dizer é super importante. porque realmente a estrela da companhia é mesmo o Estele Mais e o que é mesmo giro ver é o Estele Mais da passada. Julio, obrigado pela interrompida.
[00:05:55] Speaker B: Não, tudo bem. Acho que foi um bom input e acho que há aqui também outras coisas que é preciso. Tem-se muito falado destas diferenças de categorias e se é justo, se não é. Mas é preciso perceber uma coisa. Isto é um problema que lá se fora nem se põe. No Dakar, nas provas rápidas, me relembro que o ano passado quem tem ganho o campeonato é sempre o Mateu Mais e as provas. Só em condições muito particulares, como foi o caso de um Porto Alegre, com muita lama, com avarias, com acidentes, com desistência e tudo mais, é que também as categorias vêm um bocadinho ao de cima. Portanto, nós somos um país com um campeonato excelente, bastante forte, em termos de quantidade e qualidade, mas também com pistas muito únicas. E, portanto, isso também faz com que estas categorias, neste tipo de provas, venham ao de cima. quando chegamos a provas como o Marrocos, o Dakar e tudo mais, os carros desaparecem lá para trás e já não é tema. Portanto, acho que também temos que ter isso na cabeça. Também estes carros são carros que também dão espetáculo ao público. Não a Mateo mais, mas também são carros que passam depressa, fazem barulho, são giros de se ver também e aumentam a lista de...
participantes, que é bom para as organizações, que recebem mais inscrições, permite a pílotos que não têm orçamentos para correrem de forma competitiva e também para puxar os jovens para o todo terreno. E acho que nunca nos podemos esquecer disso.
[00:07:14] Speaker A: E antes de passarmos para os traçados, uma coisa importante. Essa categoria, o que sentimos também é que por ser barato e por ser um veículo que é possível comprar ao público, torna também bastante entusiasmante ver um carro a passar que nós podemos ter na garagem. Porque um SSV desses, ainda que não seja obviamente um carro igual, porque não o são, é algo idêntico que se pode alcançar.
[00:07:36] Speaker C: É o que o Miguel estava a dizer, são orçamentos mais baixos, relativamente só tem o mais. E dentro dos Challenger e dos SSV este não é uma diferença. Os Challenger continuam a ser protótipos. Os SSVs é que já tem uma base de carros de origem, portanto de venda ao público, e vai mesmo mudar o... o próprio regulamento vai mudar agora em 2026, não é? Vai obrigar mesmo o chassi ser o da origem do sério.
[00:08:03] Speaker A: Ok.
[00:08:03] Speaker C: Portanto, que é exatamente o que o Miguel está a dizer. Porque o objetivo disto tudo é termos mais pessoas a competir e trazer mais pessoas à competição. E realmente isso tem sido o sucesso dos SSVs, dos antigos três quadros. Os T3, os Challengers, é exatamente o passo intermédio porque são carros muito, muito competitivos. que já obriga-me a ser um grande piloto para ser rápido nos Challengers, porque muitas vezes, e isso é uma opinião minha pessoal, o que se viu é que quem ganhou entre os Challengers e os SSVs até foi um SSV, porque realmente não havia pilotos muito bons a ganhar os Challengers naquela corrida. Mas isto é a realidade e é bom que trazemos pessoas novas para as corridas e com orçamentos mais baixos.
[00:08:48] Speaker A: É fundamental ter uma categoria de iniciação ou produção, não é? É o desporto automóvel.
[00:08:52] Speaker B: Sem dúvida. E faltava. E estes SSVs, estas categorias, vêm trazer isso. Porque o desporto automóvel é sempre um desporto caro, seja em que categoria for. Portanto, a palavra barata não existe. E, portanto, é preciso criar aqui uma pirâmide também e é preciso abrir as portas aos jovens. E os SSVs que começaram em Portugal, sobretudo com o FMP, que eu acho que é um excelente campeonato, é uma excelente forma também de fazer competição e trazer jovens, foi o pontapé de saída e depois evoluiu então lá fora, a ecografia, e são campeonatos que têm crescido. É importante não deixar escalar os custos, que devem ainda acontecer um bocadinho, acabo um bocadinho por também estragar aqui este pensamento, e é isso que se quis fazer com estes novos regulamentos de T4s, SSVs, vamos ver se isso depois na prática se consegue ou não com aqueles custos, Mas é fundamental porque é preciso chamar pessoas para as provas, pessoas de todas as idades, chamar pilotos novos, mas também com menos recursos financeiros. Portanto é uma oportunidade fantástica.
[00:09:53] Speaker A: É muito exigente. E há pouco falávamos da gestão que era difícil de fazer, ainda para mais quando se sente competição, quando falávamos das classes, da falta de experiência, ou de não ter tanta experiência, como o Luís referia-nos, de ter estragado uma prova por causa disso mesmo. Passamos agora para essa parte da gestão, como é que se organiza, como é que se mantém a calma, porque o cansaço não é só físico, é também psicológico.
[00:10:21] Speaker C: Não, lá que sim, é assim, uma ocorrida em Portugal, temos exatamente essa capacidade psicológica e mental de perceber que não estamos numa baija, numa cobra, num rally-ride. e porque são vários dias e eu acho que é importante você ir para as corridas com este pensamento que o Miguel dizia que temos que ir bem definidos os nossos objetivos. E às vezes quando começamos a mostrar isto tudo dá problemas e eu sofri isso um bocadinho o ano passado com um projeto que estava pessoal fora das corridas que eu não preparei tão bem as corridas ao longo deste ano, e depois não dá carro, correu muito mal no início deste ano, e isso não dá-se a notar. Portanto, é preciso exatamente ter a base bem feita, voltar atrás e voltar tudo de novo, porque esse, o que eu estava a dizer agora, de organizar e preparar uma corrida de vários dias, e ter noção que uma corrida, um Rally Ride, não tem nada a ver com uma Baja, É muito importante. Nós queremos sempre as corridas para ganhar. E queremos sempre ganhar todas as especiais. E às vezes não é o importante. O importante é no final do dia ganhar. No ano passado, no rally ride, ganhei algumas especiais, mas depois no final do dia tive uma especial mal, tive um problema mecânico do carro e não ganhei nada. Portanto, isso não interessa para nada. E depois a conversa é sempre a mesma. A conversa é sempre, ah, fui mais rápido durante 20 km. O que é que interessa? Interessa no final. O Miguel disse há um exemplo que é. passado por gerir muito bem, tenho 8 de silo de campeão, ano passado chegou ao Porto Alegre e faz uma gestão, e eu estava por dentro do que o Miguel dava dentro do Porto Alegre, faz uma gestão e toma uma decisão de experiência, de não ir com o vidro, por exemplo, no carro, que mostra essa experiência toda, e eu acho que é isso que começou, esses pequenos promenores, que começou a ter que conseguir separar entre uma baixa, um rally ride, uma prova, um rally ride, ou em pistas de baixo, ou um ride e ride como Marrocos ou Dakar. Portanto, são pequenas diferenças que realmente a experiência faz a diferença e às vezes nem é só a experiência, às vezes é mesmo a equipa que nós temos à nossa volta, que é importante também termos as pessoas à nossa volta que nos ajudem a tomar as opções certas. E portanto, nós muitas vezes, é verdade, somos nós Nós os pilotos somos quem temos a cara, mas ter um copiloto ao nosso lado que nos saiba dizer, não, temos que atacar, onde atacar. Da mesma maneira que temos um team manager, temos um engenheiro que sabe tomar as decisões certas, também é muito, muito importante.
[00:12:44] Speaker A: Esta consistência, Miguel, que o Luís aqui evidencia, qual é o segredo para esta consistência? É porque a experiência tem que vir de algum lado? É conselhamento de copiloto? Como é que se gera, então, uma prova desta?
[00:12:57] Speaker B: Isto diz-se uma coisa muito importante, que é a equipa à volta. Sozinho não se ganha nada, sozinho não se faz nada, e portanto...
[00:13:03] Speaker A: Estrutura.
[00:13:03] Speaker B: É estrutura à volta, eu tentei sempre rodear dos melhores a todos os níveis, co-piloto, equipa técnica, tudo, e sempre tive essa felicidade de eu conseguir fazer, e tenho pessoas fantásticas à minha volta, e isso é, sem dúvida, uma chave para o sucesso. Depois há uma curiosidade gira, que as pessoas talvez... é que Portugal, as provas com Portugal são muito exigentes, quer a nível mecânico, quer a nível físico, para mim até mais que o Dakar, que são etapas muito mais relantes no Dakar, os carros sofrem muito menos de stress em termos de mecânico, Há muito mais passagens de caixa em Portugal, a trabalha é muito mais violenta, os diferenciais, tudo. Portanto, eu lembro, na altura que corria na Mitsubishi, nós já fazíamos metade dos quilómetros do que fazíamos no Dakar pelas peças, que as peças têm uma longevidade. Portanto, isto é um detalhe giro.
[00:13:48] Speaker A: É impressionante.
[00:13:49] Speaker B: De facto, a exigência numa baja, que é um rally com mais quilómetros, É muito maior depois do que num Dakar para a mecânica e para nós fisicamente que não conseguimos descansar um segundo.
[00:14:00] Speaker A: Porque vão ser bem sprint quase, não é?
[00:14:02] Speaker B: Exatamente. E a pista assim o exige. As pistas são muito exigentes e a velocidade é muito grande sempre no limite. Pronto, e Dakar acaba sempre por haver ali uma margenzinha, apesar de que se está a andar fortíssimo. Mas há uma menor exigência, eu acho, fisicamente. e em termos mecânicos.
[00:14:18] Speaker A: Em termos de desgaste. É curioso, pois, porque tem mais estradões, tem mais...
[00:14:23] Speaker C: Eu acho que no Dakar o negócio é diferente, é às vezes, vamos chamar a expressão, apurrar, às vezes, como uma pessoa é surpreendida, às vezes é maior do que cá em Portugal. Nós cá em Portugal não somos tão surpreendidos por alguma coisa indesperada. É a única diferença. E podemos bater, como é óbvio, porque vamos no limite, como o Miguel estava a dizer, mas normalmente sabemos onde é que batemos. No Dakar não. No Dakar, de vez em quando, achamos que é uma duna mole e aquilo é muito duro, ou achamos que é uma vala pequenina e de repente é uma vala muito... E aí é que é a grande diferença. No Dakar é o primeiro a dar um zero. Óbvio, temos aqui uma margem de segurança um bocadinho maior, portanto não vamos tanto no limite e temos que ter essa margem exatamente... É por causa destas situações que acontecem, das características das pistas, claro. que são diferentes das pesquisas. É a única coisa, porque em termos de tudo o resto é muito mais agressivo numa baja do que no Dakar. Eu estive a fazer o desenvolvimento de um carro nos últimos anos e realmente verificámos desde a comunidade de Mélisse, que é a longevidade É realmente surpreendente.
[00:15:35] Speaker A: Luís, quanto à questão da navegação, o que é que muda, por exemplo, de um Dakar para o nosso Rally Ride?
[00:15:41] Speaker C: No rally rally temos muito menos navegação. Principalmente é impossível fazer uma corrida de navegação em Portugal ou na Europa, mantendo a segurança. Eles em Espanha bem tentam e depois há acidentes de carros a bater uns contra os outros. Ainda fizemos colpão e não há medidas. Os equipamentos que nós tivemos dentro do carro ainda não têm fatores para identificar, por exemplo, se foi um carro em contramão, uma pista. Então ainda não temos esses acordedores. Como é óbvio, há uma navegação, mas é uma navegação mais estilo rally ou mais estilo agile. E o ACP, nisso, é exímio como marca as corridas, como faz o roundbook, para pensar na segurança. Portanto, há uma navegação, como é óbvio, mas há uma preocupação enorme com a segurança dos pilotos, e para que não haja acidentes. Isso é a principal coisa. Num rally-run, um copiloto faz a diferença por andar num desconhecido e por seguir os caps e aqui e tuto. Eu acho que um copiloto de rally, uma chamada de baja, é mais importante do que um copiloto de rally-run. Mas o Miguel se calhar pode falar um bocadinho mais sobre isto.
[00:16:51] Speaker B: Eu acho que o Luís disse tudo na perfeição. E depois há aqui uma coisa que é as estradas estão naturalmente marcadas em Portugal. Há estradas definidas. Quando no deserto isso não acontece. Muitas vezes não há estradas definidas. E portanto estamos a andar em fora de pista, em no meio do nada. Tudo bem que pode haver marcas luz da frente, mas se tiver pó já não se vê tão bem. Ou se tiver vento, não é pó? Vento e pó, etc. E portanto, só esta definição de não haver uma estrada definida, como estamos habituados, é diferente.
[00:17:19] Speaker A: O sentimento de não saber mesmo se está aí pelo sítio certo, não é?
[00:17:23] Speaker B: E se vamos tendo alguns checkpoints, alguns pontos de verificação, que não há nos tablets, e que nos vão dizendo que vamos passando pelos sítios certos, que é esta questão da segurança que o Luís referiu bem, as provas lá fora são muito mais perigosas do que são estas nossas bares, Dakar, etc. E por isso também, os corredores onde andamos no Dakar, do que era antigamente, antigamente era do ponto A ao ponto B, podia-se traçar uma linha à direita. Hoje em dia isso já não é permitido. Há um corredor que foi estreitando ao longo do tempo, onde os concorrentes podem andar e onde têm pontos, que é os waypoints, que têm que ser marcados e validados. Portanto, já não nos deixam fugir tanto do caminho. Mas, mesmo assim, estamos no meio do nada.
[00:18:02] Speaker A: Claro. Miguel, aproveito para perguntar. Ainda se sente algum frio na barriga de estar a arrancar na prova?
[00:18:08] Speaker B: Sempre. Ainda este fim de semana falava isso com o meu filho. Está-se a iniciar nos cartes. Falámos de nervosismo e tudo mais. Isso é positivo. E ainda bem que existisse, quando não houver será estranho. É preciso é que ele desapareça quando o carro arranca. Mas eu acho que isso é bom, faz-nos subir os níveis de adrenalina, de concentração, de tudo. E é sinal de que estamos a fazer aquilo que gostamos.
[00:18:29] Speaker A: Luís, como é arrancar para...
[00:18:32] Speaker C: É, como o Miguel disse, o nervosismo é importante, principalmente se nós não tivermos nervosa, que não preparamos bem as coisas, mas depois, desde que o nervosismo seja ligado para a parte positiva e desde o momento em que largamos a embreagem para arrancar ou aceleramos a fundo, ele desaparece e passar esse nervosismo para pica, vamos chamar assim, para motivação e ele virá sempre para nos motivarmos a nós próprios e acho que isso é muito, muito importante.
[00:18:58] Speaker A: Este ano, no Rally Ride, vamos ter, mais uma vez, diferentes tipos de cenários. Por onde é que vamos passar? Quais é que são os pisos que o Luís gosta mais?
[00:19:11] Speaker C: Este ano vamos andar tanto na areia, que é a minha zona, passava dentro da minha casa no ano passado duas vezes. Portanto, é uma zona que eu estou mais familiarizada. E eu gosto muito de andar em rios de areia, sinto que faz alguma diferença. mas vamos passar em zonas incríveis. Vamos passar, pela ideia que eu tenho, vamos fazer partes da Baixa de Beja, que é incrível, que é as estradas incríveis, vamos fazer partes de Rien, vamos fazer partes de Porto Alegre, vamos fazer partes do antigo Valafone. Portanto, são as maiores pistas nacionais que vamos andar. E depois a parte de Espanha, nós comecemos lá passado ano passado, sabemos que são zonas sempre muito rápidas, algumas mais técnicas, mas também é muito parecido com regangues e com badger. Portanto, eu, por exemplo, não sinto que sou a pessoa mais rápida nas zonas rápidas. Portanto, andando muito rápido, às vezes, não sou, não é o melhor para mim. Mas pronto, vou à luta.
[00:20:12] Speaker A: Miguel, nós temos uma grande diferença, nós conseguimos juntar no Rally Ride, cá em Portugal, uma grande diferença de terrenos e de cenários. Nós conseguimos ter desde a areia até aos estradões o empedrado. Como é que é feita essa gestão e como é que o piloto se adapta a cada dia? Porque o cenário pode mudar da manhã para a tarde.
[00:20:34] Speaker B: Como é que... Sim, não são assim também mudanças tão drásticas quanto isso. Não deixamos de... Quer dizer, salientariamente, como o Luís já disse, a capacidade e a qualidade organizativa de toda a equipa do ACP de facto são provas exímias. E daí temos uma prova do Campeonato do Mundo de Rally Ride e do Campeonato do Mundo de Bajas. Mostra bem a qualidade das provas. E portanto, parabéns a toda a equipa do ACP, em especial ao Motorsport. Mas em termos de terrenos, eu acho que acaba por ser mais ou menos parecido dentro do género. Mais lento, mais rápido, com um bocadinho de areia. Quer dizer, não há diferenças tão grandes como às vezes há no Dakar. Ou como havia no Dakar antigamente, portanto na América do Sul, estamos a fazer pistas de rally, depois estamos a fazer túneis, depois estamos num deserto completamente árido, e isso não acontece cá. Eu infelizmente o ano passado fiquei muito cedo no Rally Finals, cheguei a ir até a Espanha a fazer esta parte, Mas todas estas pistas que o Luis referiu aqui, são pistas de direcção. Também se fala do Alentejo, que para mim é o melhor palco que existe para se fazer todo o terreno. Portanto, isto aliado à capacidade e à qualidade organizativa do ACIP vai ser uma super corrida.
[00:21:38] Speaker C: Eu acho que há aqui um ponto também muito importante, é que vamos ter de certeza os dias de corrida todos cheios de público. que é super motivacional para nós. E o Alentejo está habituado a isso, a receber. As zonas onde vamos passar são zonas onde as corridas do Nacional têm sempre o mesmo público. E acho que isso é muito importante para nós pilotos, ter esse público, termos esse apoio. E, como o Miguel disse, é uma prova da ACP, nós sabemos que é qualidade, segureza, também que é importante.
[00:22:07] Speaker A: E correr em Portugal dá também, se calhar tem mais pressão do que estar a correr fora, não?
[00:22:13] Speaker C: Não, a mim no meu caso não. Eu vou para as corridas todas, eu encaro as corridas todas da mesma forma. Quero ser o menor possível. E o menor do que fui. Eu tenho esta maneira de ser, às vezes faço... erro, ou não é erro, é como não preparo tão bem, não pude preparar tão bem as coisas, pois esta minha pressão que eu faço a mim próprio de querer ser melhor acaba por ser um problema, por não preparar alguma coisa bem, mas eu acho que em Portugal não há sequer mal de pressão, é motivacional, porque é incrível mesmo a pessoa ir a correr e ter as pessoas todas a apoiar-nos e apoiam-nos mesmo a sério.
[00:22:53] Speaker A: Correr em casa, então, tem um gosto especial mesmo.
[00:22:55] Speaker B: Sim, é uma passão positiva. Há uma paixão enorme pelo desporto automóvel, em especial pelo todo o terreno em Portugal, e vimos isso há muitos anos na Baja Porto Alegre. Vimos isso ano passado, no meu apelo, de meio de Rally Ride. E, portanto, é uma zona de eleição também, as pessoas adoram. Somos muito acarinhados e isso empurra-nos um bocadinho mais para a frente.
[00:23:14] Speaker A: As zonas de público, a segurança é exímia. Corre sempre muito bem. O que queremos saber agora? São planos de futuro. O que é que... Eu sei que não podem adiantar muito. Também sei que há coisas que obviamente não estão fechadas. Mas até ao final do ano, onde é que podemos voltar a ver correr? Porque vamos agora ter em setembro o Rally Ride. Mas até ao final do ano, onde é que o Miguel vai estar presente?
[00:23:38] Speaker B: Seguramente no EP Ultimate Rally Ride e na Vagia Porto Alegre. Isso é confirmado. Não falha. E portanto o resto estamos a ver. Ainda é muito cedo para definirmos aquilo. Seguramente não vamos fazer nada de muito diferente daquilo que temos feito nos últimos tempos. de a escolher as provas mais importantes e mais carismáticas e com mais retorno para os patrocinadores, e mais bem organizadas também, e é por aí que nos vamos continuar a guiar.
[00:24:02] Speaker A: E o Luís, por onde é que.
[00:24:04] Speaker C: Vai andar até ao final do tempo? Eu este ano, infelizmente, venho um bocado, como estou mal da cara, que fiquei um bocado em pânico com tudo o que passou, Portanto, vou dar um passo atrás, em princípio, portanto, vou estar aos pás aos é, portanto, o próximo objetivo é rally-ride, Porto Alegre, e dependendo aqui do resultado, ou não é do resultado, é de como as coisas corram neste... e como me sentir também pessoalmente a tomar decisões futuras, porque realmente o Dakar é sempre aquele sonho, mas ver traumatizado o Dakar, como eu vi, porque as coisas correram todas mal, acho que... Acho que não é bom. Portanto, não é vale a uma pessoa, acho que é o melhor de dizer, correr as corridas que dão um retorno certo aos nossos posicionadores, que nós fazemos bem o nosso trabalho, do que ir para uma corrida como o Dakar, que às vezes não depende só de nós, dependemos muito das séries de equipa onde estamos inseridos, e que depois o retorno não seja suficiente. Portanto, vou escolher, optei por o Rally Ride e o Porto Alegre, ver como é que as coisas cobram, para depois ver se realmente vou ao Dakar ou se vamos só focarmos em Portugal. e poder ir abaixar a água, por exemplo, que é uma corrida que eu nunca fiz e gostava imenso de fazer, mas sim, mas só vou tomar decisões a seguir estas corridas.
[00:25:17] Speaker A: E ainda bem que o Luís fala isso, porque há um factor no desporto automóvel, em todo o tipo de desporto, mas que no todo o terreno ainda me faz mais confusão, e certamente é o que a gente está a ouvir também, que é a sorte. Porque o traçado de um piloto, quem vem a seguir, já pode ter ali uma pedra num sítio diferente. A sorte é um fator que...
[00:25:36] Speaker C: A sorte trabalha-se.
[00:25:38] Speaker A: Certo, mas há coisas que são impensáveis e que é mesmo um fator que não depende nem do piloto, nem do carro.
[00:25:47] Speaker B: Sim, é isso, não é? Pois disso tem muita razão. Ou seja, a sorte dá muito trabalho. Mas é preciso uma pontinha de sorte para tudo. Já a tive, já não a tive, e é preciso para tudo na vida. E é um facto, para as corridas automóveis também são precisas, mas isso é algo que não controlamos, portanto não vale a pena perder muito tempo com isso.
[00:26:06] Speaker A: Claro.
[00:26:07] Speaker C: A comunidade está a dizer, acho que mais importante é o trabalho que se faz, porque se nós fizermos bem o trabalho, normalmente a sorte, temos mais sorte.
[00:26:16] Speaker A: Claro, claro, claro.
[00:26:17] Speaker C: Mas é o trabalho. O trabalho, é isso é que temos que procurar.
[00:26:20] Speaker A: Como o Luís disse, a sorte dá trabalho, é verdade. Luís, porquê é que os espectadores devem ir ver o Rally Ride?
[00:26:27] Speaker C: Devem ir ver o Rally Ride? É ver os nossos pilotos de zumbo ando a passar, com carros incríveis, que vão-se ver todos os dias. apoiar-nos, é importante, nós pedimos o apoio do público. É ver o que se gosta, acho que todo o terreno, como o Miguel estava a dizer, é capaz de ser o desporto, ser o futebol mais visto em Portugal. Portanto, aproveitar que temos os melhores do mundo cá e apoiar os portugueses, que é um terço ali no meio dos melhores do mundo.
[00:26:52] Speaker A: Miguel, recomendação para fazer as pessoas sair de casa, já que temos a sorte de ter esta prova a passar cá no nosso país?
[00:26:58] Speaker B: É isto mesmo, é uma oportunidade única. de ver os melhores do mundo, de vir apoiar os pilotos portugueses, de ver algo que temos a sorte de ter em Portugal e que não existe em mais lado nenhum da Europa. Portanto, é aproveitar a oportunidade, desfrutar. Temos condições únicas também e, portanto, é virem-nos apoiar, ver em segurança e desfrutar em despetar.
[00:27:20] Speaker A: Quem vos quiser seguir nas redes sociais, vocês vão fazer algum tipo de promoção diária, Luís?
[00:27:26] Speaker C: E sim, fazemos sempre. Nós, até agora, com o patrocinador nosso, temos feito aí umas coisas muito giras e convido todos a vir às nossas redes sociais e participarem porque nós estamos exatamente a dar a hipótese de fazerem um quadrive connosco e de poderem sentar-se ao nosso lado e ter a vivência de andar num carro de corridas, que eu lembro quando era mais novo, o meu sonho era andar na Stracar do Miguel. Então todo o meu pai, uma vez, a regangues, fazer um teste com o Miguel, dava uma caixa de inveja, tinha pai de 12 anos, e disso, portanto, agora que eu posso dizer isso a outras pessoas, aproveitem e participem.
[00:28:01] Speaker A: Portanto, já sabem, se quiserem ter essa oportunidade, basta seguirem estes dois pilotos nas redes sociais e de lá certamente terão todo o acesso a esse co-drive. Não sei se deixei aqui alguma questão no bar que queiram complementar sobre o Rally Ride deste ano.
[00:28:17] Speaker B: Não, é isso. Venham nos apoiar, nós e a nossa equipa, o BP Ultimate Adventure Team. Temos excelentes pilotos, excelentes máquinas e vamos ao ataque e, portanto, contamos com o vosso apoio.
[00:28:27] Speaker C: É igual. Vai ser giro. Vai ser muito giro. Vai ser uma guerra engraçada.
[00:28:32] Speaker A: Desejo e desejamos-vos a melhor das sortes para este ano. E já sabem, se quiserem ouvir este ou outros podcast, basta passarem no site do Automóvel Clube Portugal, nas nossas redes sociais, onde têm lá mais episódios não só sobre o dispor do automóvel, mas também sobre outras áreas. Muito obrigado e boa sorte.