“Memórias dos Anos 80”: Patucha Ferreira dos Santos e o renascimento das grandes festas em Lisboa

Episode 89 August 06, 2025 00:24:02
“Memórias dos Anos 80”: Patucha Ferreira dos Santos e o renascimento das grandes festas em Lisboa
ACP - Automóvel Club de Portugal
“Memórias dos Anos 80”: Patucha Ferreira dos Santos e o renascimento das grandes festas em Lisboa

Aug 06 2025 | 00:24:02

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Show Notes

No segundo episódio desta série de podcast ACP dedicada a recordar o melhor dos anos 80, a convidada é Patucha Ferreira dos Santos, empresária e pioneira na produção de festas, que nos leva a reviver a euforia e o glamour daquela década vibrante. Entre histórias de empreendedorismo e a celebração da vida, revela: “Em 1985 criei uma empresa que complementava a produção de festas. Vivíamos uma época de grande glamour, as pessoas estavam felizes e queriam voltar a organizar as suas festas".

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Episode Transcript

[00:00:06] Speaker A: Sejam bem-vindos a mais um podcast do Autonómico do Portugal. Sou o Mário Vasconcelos e hoje temos como convidada a Patuxa Ferreira dos Santos. Nesta série dedicada à Lisboa dos anos 80, vai falar-nos como eram as grandes festas de sociedade e a organização de outros eventos na época. Antes de mais, muito obrigado por ter aceitado o nosso convite. [00:00:25] Speaker B: Obrigada também por me terem convidado. Tenho todo o gosto de estar aqui. [00:00:29] Speaker A: Portanto, esta é uma série dos anos 80, mas eu gostaria de recuar umas décadas antes para lembrar duas ou três grandes festas que Lisboa organizou. A Festa Patinho e a Festa Schlumberger, que fizeram aterrar o G7 internacional em Lisboa. Com a década de 70 as coisas acalmaram. Veio a Revolução, muita gente também foi para o Brasil, pessoas influentes, e és que chega a década de 80 com uma euforia e uma vontade novamente de viver em festa. [00:01:00] Speaker B: Festejar. [00:01:01] Speaker A: Exatamente. Foi assim, não foi? Os anos 80... [00:01:04] Speaker B: Os anos 80 foi, eu acho que sim. Essas duas festas que referiu dos anos 60, nessa altura eu era uma criança, portanto não dei por elas, mas a partir de facto dos anos 80 ouvi falar muito dessas festas e o impacto que tiveram na sociedade e o gláburo que tudo aquilo foi. E de facto nos anos 80, depois do Prec se ter ter acabado. Houve, de facto, uma grande euforia e as pessoas começaram todas a ter uma grande vontade de fazer festas, de festejar, de tornar a fazer casamentos com muito mais impacto, com muito mais convidados, com muito mais decoração, com muito mais produção e festas, festas no geral. Portanto, houve uma grande uma grande vontade de fazer um volto de face naquele vazio que foi os anos 70 em termos de festejos, não é? Que foi uma época difícil em Portugal e, portanto, a partir dos anos 80 tudo recomeçou. [00:02:02] Speaker A: Tudo recomeçou e nessa década começaram a aparecer muitas pessoas com poder económico mas que eram consideradas emergentes e que viram nessa forma de festas uma maneira de aparecerem. Era assim, independentemente das pessoas mais convencionais que enfim voltaram a dar as suas festas. [00:02:21] Speaker B: Bom, nunca tinha pensado nessas circunstâncias, nessa perspectiva, mas de facto o que é que eu acho? Acho que de facto as pessoas que tinham poder económico, que já tinham e que continuavam a ter, quiseram recomeçar também a fazer as suas próprias festas, evidentemente que também apareceram pessoas nessa década que também começaram a ter dinheiro, por variedíssimas razões. Abriu-se um leque muito maior que começou a partir daí, que continua. a todos os géneros de pessoas que querem, de certa forma, festejar alguma coisa, ou um casamento, ou os seus anos, ou os anos de casada, ou simplesmente festejar. Portanto, acho que foi uma coisa positiva. [00:03:07] Speaker A: E nessa altura existia o verdadeiro G7 em Portugal? [00:03:12] Speaker B: Depende do que é que consideras G7. Acho que talvez tenha começado a partir daí a aparecer esse género de pessoas que faziam questão de aparecer nas revistas, de publicar os seus eventos. Acho que sim, talvez tenha começado nessa época esse conceito do G7. [00:03:33] Speaker A: Hoje dedica-se a esta área de organização de festas e de eventos vários, o seu percurso não era para ter sido esse, pois não, nos anos 80? [00:03:43] Speaker B: Não, nos anos 80 eu formei-me em direita em 83 e portanto nessa altura, quando tirei o curso e quando me acabei de formar, não não pensava nisto, não é? Mas rapidamente percebi que ser advogada não era bem o meu destino, não era o que eu queria. Gostei imenso de ter tirado o curso, para mim era uma coisa bastante importante ter um curso e, portanto, senti-me já realizada pelo facto de ter tirado o curso. Mas depois percebi rapidamente que não era bem o que eu queria para a vida, até porque Quando eu acabei o curso tinha um filho, no estágio eu tive outro e depois, a seguir, ainda tive outro. E, portanto, optei por desistir de ser advogada e queria me dedicar um bocado, bastante, aos meus filhos. E, portanto, nessa época tive uma ideia de fazer uma pequena empresa, que ainda não era nada do que eu faço hoje, não é? Nessa época, em 85, abri uma empresa que De certa forma complementava o que a empresa, que nessa altura era praticamente a única, que era nessa época do meu sogro, do 29, Pimenta da Gama, eu complementava um bocadinho com a abertura desta minha empresa aquilo que ele já fazia, que era de facto a produção das festas todas. O que é que eu fiz? Abri um negócio que era ter tudo o que era um exemplar, pratos, talheres, copos, travessas, castiçais, e que fazia o aluguer dos caterings dessa época. E consegui, de facto, trabalhar bastante para todos esses caterings da época dos anos 80. E, portanto, como esses caterings da época dos anos 80 eram todos os que também trabalhavam com o 29, eu, de certa forma, também estava sempre lá. E fui aprendendo muito. [00:05:30] Speaker A: Era um mundo um pouco fechado, não era, nessa altura? [00:05:32] Speaker B: Era. Muito mais fechado. E não havia praticamente concorrência nenhuma. Havia muito pouca. Depois apareceu a concorrência do Campos Henriques, também, que foi bom, porque eu acho que sempre que aparece concorrência é uma coisa boa, porque alarga também... alarga a escolha do cliente, poder escolher, e de certa forma também... desenvolve um bocadinho mais a preocupação de ser perfeccionista, de não se instalar. Achar que tudo é um dado adquirido e que não, pronto, é dado adquirido e as pessoas instalam-se e de certa forma não evoluem tanto, porque eu acho que se houver concorrência estamos sempre numa permanente preocupação de evoluir, de não estagnar. Eu acho que isso foi bom. E pronto, nessa época de facto comecei com esse negócio e foi bom, porque durante uns anos vivi disso, não é? Ajudou-me bastante também na minha vida pessoal, mas também me divertia bastante porque ia para as festas, via o desenrolar das festas, via as montagens e ia aprendendo bastante. Fazia muitas vezes muitas perguntas e aprendia bastante. [00:06:40] Speaker A: Acho que nos anos 80 foi quando a indústria de catering se consolidou mesmo. Embora já existisse antes. [00:06:47] Speaker B: Sim, mas foi. E foi uma época de muito glamour. Eu acho que foi uma época incrivelmente boa e divertida. As pessoas estavam felizes nessa época. [00:06:57] Speaker A: E falando de glamour, vamos falar de tendências também, porque estamos a falar de uma época que foi muito própria em termos de as tendências, a estética, as cores muito vibrantes, tudo muito vivo, tudo muito florescente. [00:07:13] Speaker B: Sim. [00:07:14] Speaker A: A composição das mesas, havia moda, pode-se dizer que havia... havia moda na forma de de escolher as loiças, os padrões, as cores, adornar as mesas. [00:07:28] Speaker B: Sim, eu acho que já havia essa preocupação de haver uma tendência e a tendência passou a ser muito mais... Extravagante e colorida, não? Sim, mais sofisticação. Muito mais sofisticação e uma preocupação em não fazer sempre tudo igual. Ou seja, aquilo não era estándar. As mesas não eram sempre com as mesmas cores. Imagina, nos anos 70, eu vejo fotografias, e nessa época também havia fotografias do que tinha sido feito nos anos 70, era uma coisa muito mais estándar. Embora muito bonito, claro, mas imagina, as toalhas eram se calhar todas mais amarelas. A partir dos anos 80, essa tendência foi mudando a pouco e pouco, ou seja, havia mais diversividade da oferta e havia mais preocupação em ser mais criativo nas propostas que se faziam. Mas foi uma coisa a pouco e pouco, não foi de repente uma mudança radical, não. Foi acontecendo essa mudança. [00:08:30] Speaker A: Mas nos anos 80, uma década tão extravagante e tão colorida como disse há pouco, mas havia ainda quem fosse mais conservador e que preferisse, se calhar, uma linha mais discreta. [00:08:44] Speaker B: Não, isso havia. Havia. E era a que predominava. [00:08:48] Speaker A: Era? [00:08:48] Speaker B: Era. Era uma tendência mais conservadora, mais sóbria. Mas pronto, podia ter, de vez em quando, uns lives um bocadinho mais extravagantes, como você diz. Mas era uma extravagância contida, não era assim também na produção da decoração das festas. Mas depois, se calhar as pessoas nas suas toaletes e não sei o quê. [00:09:10] Speaker A: Já... Era tudo diferente. [00:09:12] Speaker B: Já era mais... [00:09:13] Speaker A: Mas quem estava no meio dia, de que forma é que conseguia convencer um cliente mais conservador a produzir de outra maneira, a criar um ambiente mais... [00:09:24] Speaker B: Eu acho que, pronto, nessa época não era eu que fazia essa... Eu assistia e ia aprendendo, não é? Mas eu acho que era uma questão de persuasão, de convencer que aquilo ia resultar bem. E as pessoas acreditavam. [00:09:40] Speaker A: Estamos a falar de festas temáticas. Estiveram muito na moda nos anos 80 e é mesmo com o dress code dos convidados a condizer. [00:09:49] Speaker B: Os casamentos de facto eram provavelmente mais conservadores, mais sóbrios, embora com uma decoração sempre tendencialmente mais sofisticada e com alguns elementos diferentes na decoração. Mas as festas temáticas de facto começaram a aparecer. Tema África, tema... [00:10:07] Speaker A: O preto e branco, por exemplo. [00:10:08] Speaker B: O preto e branco, exatamente, uma festa que era tudo a preto e branco. E pronto, de facto, passou a haver este conceito das pessoas quererem dar festas temáticas e isso abriu bastante o leque da imaginação e de oferecer coisas, de facto, mais diferentes, mais extravagantes, mas muito atrativas. [00:10:29] Speaker A: E na organização das imentas? Também havia moda nisso? O que é que servia? Elas eram compostas de quê? Em termos de pratos? A forma de cozinhar esses pratos? [00:10:41] Speaker B: Sim, havia alguma mudança no sentido, por exemplo, antes dos anos 80, ou no princípio dos anos 80, agora vou-me referir apenas só aos casamentos, e nesses casamentos ainda havia muitos casamentos que as pessoas não estavam todas sentadas à mesa. Havia assim um misto de algumas sentadas, mas era servido um almoço volante. As pessoas andavam a passear de prato na mão. Ainda fui nos anos 80 a alguns casamentos assim. Foi a ver de mais toda a gente nas mesas e isso também foi muito importante até a nível da decoração, porque passou a ser importante criar um espaço maior onde coubessem as pessoas todas sentadas às mesas. Em termos de decoração e produção da festa isso foi bastante importante porque de facto passou a haver uma preocupação muito maior na decoração das mesas, porque eram mesas para toda a gente estar e, portanto, tinha que haver uma harmonia entre as mesas, as cadeiras que escolhiam, as flores que se punham em todas as mesas, se eram todas iguais, se havia diferenças, umas altas, uns centros mais altos, outros mais baixos, ou seja, havia maior criatividade, maior preocupação, como é que se decorava o espaço. E era muito mais importante, de facto, ter um espaço maior. Portanto, as tendas cresceram, passou a ser muito mais recorrente ter que ter uma tenda, porque nas salas já não cabiam, portanto, esse conceito de abolir o almoço de pé acabou. Além de que era muito mais, no princípio dos anos 80, havia muito mais almoços e depois a pouco e pouco passou a haver jantares. Isso foi uma coisa bastante importante nos anos 80, porque à medida que os anos iam avançando, na década de 80, passou a haver muito mais jantares, passou a haver o disco de joca e a dança, que no princípio dos anos 80 não havia. Os casamentos não tinham DJ. Como digo, era almoço, não havia dança, não havia DJ. E, portanto, no final dos anos 80, já toda a gente fazia casamentos em tendas, quando as salas não permitiam, que era a maior parte das vezes, tendas decoradas, mesas decoradas, zona de dança, DJ para dançar. Portanto, isso foi uma tendência que foi acontecendo na década de 80, porque no princípio não era assim. Foi acontecendo, acontecendo, acontecendo. Em relação às emendas, de facto, também houve essa mudança, porque se passou-se do almoço volante, claro que já havia quem fizesse o almoço de casamento sentado, mas era menos gente, era uma minoria, porque isso obrigava gastos muito maiores, porque era obrigatório fazer uma tenda. Portanto, era uma elite que tinha acesso a fazer a festa dessa maneira. Mas a pouco e pouco isso foi alargando. Toda a gente passou a querer fazer dessa maneira. [00:13:20] Speaker A: Mas havia pratos que estavam na moda nessa altura e que eram propostos com muita frequência? [00:13:26] Speaker B: Talvez sim. [00:13:26] Speaker A: Nessas festas? [00:13:27] Speaker B: Talvez sim. Uma entrada que havia muito uma moda que eram, por exemplo, umas chupas de peixe ou umas chupas de lavagante ou uma entrada de lavagante e depois um prato de carne. Acho que a pouco e pouco passou a ter esta tendência de ter uma entrada bastante rica e boa, depois haver só um prato principal e não haver uma entrada, um prato de peixe, um prato de carne e uma sobremesa. Não lembro exatamente... quais eram exatamente os pratos que gostavam mais da mãe. Mas eu acho que sempre houve essa tendência de ser uma entrada boa e rica, por exemplo, essas sopas de peixe, ou uma entrada de lavagando, salada de lavagando, que é perfeitamente das saladas de lavagando, que eram espetaculares, e depois um prato de carne, que normalmente era sempre um novilho acompanhado, várias coisas diferentes. [00:14:17] Speaker A: Mas nessa altura ainda não se privilegiava como se privilegia hoje os produtos nacionais. Havia ainda muita autoédito? [00:14:24] Speaker B: Não, acho que não. [00:14:24] Speaker A: Era de fora, era sofisticado? [00:14:27] Speaker B: Eu acho que era um bocadinho um fifty-fifty. Havia muitas coisas que eram nacionais porque não tinha como não ser, não é? Até porque, imagina, sei lá, os lavagantes e tudo que era peixe era nacional, que meio óbvio. Talvez houvesse coisas que vinham de fora. Os foie gras, essas coisas assim. [00:14:44] Speaker A: E saindo um bocadinho das festas de casamento, as festas mais sociais. Que locais é que estavam na moda nessa altura, nos anos 80, para se darem festas? Estou a pensar, por exemplo, nas discotecas, que entretanto abriram e que estavam muito na moda. [00:15:00] Speaker B: A maior parte das vezes, as pessoas que davam essas festas mais emblemáticas eram nas próprias casas que as pessoas têm. Cascais, na Quinta Bebaninha, na Boca do Inferno, no Algarve, na Quinta do Lago, obviamente. [00:15:15] Speaker A: Olhe, mas no Algarve, estamos agora a falar, havia discotecas que deram festas famosíssimas, não é? [00:15:20] Speaker B: Sim, exatamente, mas também quem tinha casas lá também, que eram poucas, não é? Também faziam algumas, mas as discotecas do Algarve também. E depois, repare, nessa época as discotecas em Lisboa e em Cascais eram pequeninas, era o Van Gogh, era o Sotão, eram espaços muito pequeninos que não davam propriamente para fazer umas festas. [00:15:40] Speaker A: Bananas apareceu depois, não é? [00:15:41] Speaker B: Sim, Bananas. Em 1980. Sim, no Bananas deve ter havido, com certeza, algumas festas também um bocadinho temáticas e importantes, mas eu acho que a maior parte dessas festas que marcaram a década da 80 foram em espaços próprios que as pessoas fizeram grandes tendas, grandes produções. [00:16:05] Speaker A: E a imprensa cor-de-rosa tratava do resto, porque estamos a falar de uma época em que surgiu, começou a surgir a imprensa cor-de-rosa. [00:16:14] Speaker B: O Olá, o Olé era... [00:16:17] Speaker A: O Olá Separado, o Elis e Lhel... [00:16:19] Speaker B: Elis e Lhel, achei... Elis e Lhel. [00:16:20] Speaker A: Achei... Elis e Lhel, achei... Elis e. [00:16:22] Speaker B: Lhel, achei... Elis e Lhel, achei... Elis. [00:16:23] Speaker A: E Lhel, achei... Elis e Lhel, achei... Elis e Lhel, achei... Elis e Lhel. [00:16:25] Speaker B: Achei... Elis e Lhel, Lhel, achei... Elis e Lhel, achei... Elis e Lhel, E. [00:16:26] Speaker A: Achei... até Elis muitas e Lhel, vezes convencia os fotógrafos a publicar achei... as imagens, as histórias Elis deles. [00:16:33] Speaker B: É, nessa época era. E, portanto, essas revistas, era sobretudo o Olá e Semanário e o Eles e Elas que publicavam essas festas. Nessa época as pessoas gostavam da parceria porque era uma novidade. Depois, essa tendência também foi mudar. [00:16:47] Speaker A: E passando agora para a atualidade. Tem uma empresa que quase que domina o mercado na organização de festas. Há pouco falou sobre o seu percurso. Onde é que surgiu a sua empresa e onde é uma referência? [00:17:05] Speaker B: O percurso da minha empresa também foi uma coisa natural e devagar. Foi devagar, não foi repente. E também natural no sentido em que eu nunca pensei, bom, eu quero chegar ali. As coisas foram acontecendo de uma forma bastante natural, evidentemente com imenso trabalho, com imensa dedicação e imenso esforço, mas honestamente eu nunca tive o fito, eu quero ser uma empresa líder no mercado, nunca isso estava na minha cabeça, mas simplesmente foi acontecendo. Portanto, eu tinha essa tal empresa do dos pratos, das coisas, dos talheres, não sei quê. E depois, ao fim de alguns anos, resolvi investir em algumas mesas e cadeiras, porque não, já agora também posso oferecer também as mesas e as cadeiras e depois mais alguma coisa dessas que são precisas, que toda a gente precisa para realizar uma festa. E fui a pouco e pouco, portanto eu sempre fui investindo com aquilo que ia ganhando. Nunca fiz empréstimos, nunca fiz nada dessas coisas. Ganhava e então investia mais um bocadinho aqui, mais um bocadinho ali, mais toalhas novas, mais materiais novos. Era sempre com aquilo que eu ia ganhando a pouco e pouco, ia investindo, ia investindo, ia investindo. E tinha um mercado pequenino, mas que a pouco e pouco ia sempre crescendo, obviamente, não é? Até que chegou uma altura em que tive um boom muito maior, que foi, que coincidiu depois do 29 morrer, que ele morreu em 2008, até lá eu fazia festas mais pequenas, não estava num nicho de mercado que pertencia ao 29 e à empresa que ele tinha. Mas depois de ele morrer, havia pessoas que começaram a pensar em mim, vamos chamar a Patuxa porque se calhar ela também é capaz e foi assim. E, portanto, a partir de 2009, 2010, eu comecei a fazer casamentos muito maiores em que era-me pedido um desafio muito maior e muito mais difícil. nomeadamente é que fazer as tendas, ter que pensar quem é que me vai ajudar a fazer a tenda, como é que eu vou decorar a tenda, onde é que eu vou implantar a tenda, o que é que eu faço, o que é que eu não faço. E foi a partir de realmente 2009 que houve um boom enorme na minha empresa, cada vez mais pedidos, mais solicitação, muito mais desafio para mim, sempre um permanente crescimento e sempre investir mais, investir mais e aumentar os recursos humanos, cada vez mais, cada vez mais e hoje em dia tenho uma empresa com 40 pessoas, é evidente, tenho um filho meu que é economista e que é um bom gestor e que está praticamente há 15 anos a ajudar, porque eu sozinha já não era mesmo capaz de gerir uma empresa com esta dimensão. Tem sido uma grande ajuda e todas as pessoas que lá trabalham têm-me ajudado a implantar aquilo que, sem eles todos, também não seria a empresa que é. [00:19:54] Speaker A: O que é que mais gostam de organizar? Casamentos, festas corporativas ou outro tipo de festas mais pessoais? [00:20:00] Speaker B: Eu, pessoalmente, gosto mais de casamentos, embora Também há alguns corporativos que eu gosto quando o desafio é mais atrativo, porque às vezes temos corporativos que nos põem um tema e aí o desafio é muito maior. Por exemplo, no ano passado a Patek Philippe queria fazer a apresentação de uma loja nova que ontem anava em Liberdade e que essa loja, por exemplo, estava em obras, não tinha nada, tinha cimento no chão, nas paredes e era preciso transformar aquilo num espaço num espaço sofisticado, portanto é um desafio grande. Aí nem sequer fui eu só. [00:20:37] Speaker A: E é mais um milagre, não é? [00:20:39] Speaker B: Foi um milagre. Foi a minha equipa, mas eu gostei de também intervir, de dar alguns inputs, porque são desafios no corporativo que eu acho engraçados e gosto de participar. Mas depois gosto mais dos casamentos e também de, evidentemente, eventos particulares que que sejam praticamente como aos casamentos, ou seja, há um envolvimento pessoal e quase afetivo com as pessoas para criar, quase não, afetivo mesmo, para criar esse evento porque os clientes têm que sentir que nós damos corpo e alma no evento que eles estão a querer fazer, que para eles é muito, muito importante e para nós também é, não é? Como é evidente. E, portanto, eu gosto desse desafio que há um envolvimento que tem a ver com um dia que é muito importante para aquela pessoa. Não é mais um. [00:21:28] Speaker A: Inovar também é preciso nesta área. [00:21:30] Speaker B: É muito importante. Aliás, eu acho que para estar na crista da onda, para a empresa continuar sempre a ser uma empresa que também. [00:21:38] Speaker A: É líder, Ia ser solicitada, não é? [00:21:40] Speaker B: Não há como não estar sempre a inovar. Temos de estar sempre a puxar pela cabeça como é que inventámos uns candeiros novos, como é que inventámos uma solução de fazer layouts diferentes, N coisas que temos que inovar e estar sempre, sempre, sempre a pesquisar tendências e é preciso, eu acho que é preciso ter mundo, é preciso viajar, é preciso ver, é preciso olhar. [00:22:06] Speaker A: Estar muito informado. [00:22:07] Speaker B: Estar muito informada. E é preciso ter mundo e de facto viajar também é importante, ir a lugares diferentes, mas não é preciso ir ver festas, é preciso Ver coisas, ir a restaurantes bonitos e com coisas bonitas e giras e a partir de qualquer coisa pode ser uma inspiração por fontes diferentes. [00:22:22] Speaker A: São fontes de inspiração. [00:22:23] Speaker B: Exatamente. Agora tem que estar atento. Não se pode ir a sítios e estar distraído e não reparar em nada, não é? [00:22:29] Speaker A: Por norma as pessoas aceitam bem essas novas produções. [00:22:34] Speaker B: Aceitam e procuram. A maior parte, por exemplo, das noivas chegam sempre com esta frase. Ah, eu quero uma coisa diferente. [00:22:42] Speaker A: Procuram algumas coisas diferentes. [00:22:47] Speaker B: Evidentemente que não querem tudo diferente porque há ali um guião que gostam que seja sempre mais ou menos conservador. Mas procuram coisas diferentes e nós também temos que ter essa preocupação em oferecer algumas coisas diferentes. E também temos que ter a noção que depois há muita coisa que se nós fizermos os outros também vão fazer igual. E portanto temos que estar sempre a inovar porque senão às tantas estamos todos a fazer igual. [00:23:12] Speaker A: Os anos 80 estão muito lá para trás ou ainda também podem ser fonte de inspiração para... [00:23:18] Speaker B: Não, são fonte de inspiração sempre. Fizeram-se coisas extraordinárias e é sempre ótimo e inspirador revisitar as fotografias e o que se fez nessa época porque foi uma época extraordinária com uma criatividade incrível e, portanto, acho que é sempre bom ir lá espreitar e inspirarmos. [00:23:39] Speaker A: E isso pode aplicar-se à atualidade? [00:23:41] Speaker B: Sim, sim. Completamente. Acho que sim. [00:23:44] Speaker A: Patuxa Ferreira dos Santos, muito obrigado. [00:23:45] Speaker B: Muito obrigada. [00:23:46] Speaker A: Nesta viagem ao Lisboa dos anos 80 e às festas. E obrigado também a quem nos acompanhou. Podem seguir-nos no Spotify, Apple Podcast e nas redes sociais do ACP.

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