Episode Transcript
[00:00:01] Speaker A: Anos dos 30 é um podcast do Automóvel Clube Portugal que pretende dar a conhecer jovens talentos que se destaquem nas mais diversas áreas da sociedade. Sejam muito bem-vindos a mais um podcast do Automóvel Clube Portugal. Eu sou o Francisco Gonçalves e hoje temos um convidado muito especial, Diogo Pinto, que nos vem falar sobre o sim racing, uma nova modalidade do desporto automóvel.
Diogo, muito obrigado por teres vindo. Conta-nos como é que isto tudo começou na tua vida e como é que funciona este desporto.
[00:00:31] Speaker B: Primeiro de tudo, obrigado pelo convite. É um prazer estar aqui na ACP.
Eu sempre tive um contato com o carro e com o desporto automóvel desde muito cedo, com os karts.
Comecei com os karts que tinha cerca de 5 ou 6 anos. O meu pai comprou-me um kart pequenino. para a Mute e desde aí sempre tive contacto. Competi no Campeonato Nacional desde 2011 até 2014. Tive algum sucesso. Nunca tive a possibilidade de competir internacionalmente, mas cá em Portugal sempre tive algum sucesso e diverti-me muito. Depois, naturalmente, mais tarde passei para o Assim Racing.
[00:01:09] Speaker A: E como é que foi esta transição? Porque as nossas gerações são muito próximas e o primeiro contacto que muitas vezes nós temos com o sim racing é através da Playstation, através dos simuladores mais básicos como os Logitech, esses por aí. Como é que foi esta tua primeira abordagem? Foi por aí também?
[00:01:28] Speaker B: Sim, para além das bocadilhas, sempre gostei de jogar na Playstation, como disseste, desde muito novo. Era sempre no Natal, nos meus anos, queria jogos novos e consolas novas. Portanto, sempre tive essa relação entre os...
carros no real e os jogos, portanto o simracing combina essas duas coisas e já que corri no real mas não tive a possibilidade de prosseguir na minha carreira nesse ramo especificamente simracing é o mais próximo que consegui encontrar e nunca tive intenções de ser profissional eu sempre quis fazer alguma coisa com carros mas não especificamente simracing profissionalmente tive a sorte de ter alguma competência portanto foi só me dedicar e conseguir chegar a um nível bastante bom em que consigo ser profissional ou pelo menos competir competitivamente nos últimos anos.
[00:02:13] Speaker A: Mas qual foi a primeira prova oficial, ou seja, a primeira vez que começaste a competir mesmo com o objetivo de, pá, queres ser profissional de simuladores?
[00:02:24] Speaker B: Eu tive o meu primeiro Vont, foi um Trussmaster, que o meu pai me comprou já 8, 9 anos atrás, quando jogava numa consola. Depois, uns anos mais tarde, consegui um PC que dá uma possibilidade de ter plataformas muito mais sofisticadas do que na Playstation, que foi o iRacing nesse caso.
E, como disse, nos primeiros dois anos nunca tive a intenção de fazer isto competitivamente.
Mas, eu diria que a partir do final de 2020, quando me qualifico para o Campeonato do Mundo, comecei a pensar que tinha a possibilidade de fazer alguma coisa aqui e foi a partir dessa altura que comecei a ter intenções mais sérias.
[00:03:02] Speaker A: O Sim Racing tem esta particularidade de ser mais acessível, ainda assim, quando passamos para a parte profissional fica muito mais dispendioso, mas é uma boa porta de entrada para o mundo do motorsport.
Como é que esta tua entrada foi feita? Ou seja, já andavas há dois anos a praticar como hobby, terias de certeza um horário específico para o poder fazer, porque isto é algo que tem de ser treinado todos os dias, mas como é que depois passaste, ou como é que foste contactado para entrar em equipas oficiais e profissionais?
[00:03:34] Speaker B: No meu caso, e na maioria dos pilotos também que eu faço corridas, começas de uma forma muito casual. Quando tens tempo livre depois da escola, do trabalho, depois dos estudos.
Portanto, foi nesse...
Foi muito também, coincidiu com a pandemia na altura. Portanto, no meu tempo livre, que eu já...
participava muito no simracing, fazia muitas provas, depois com a pandemia consegui ter mais horas e foi por aí que consegui chegar a um nível melhor do que eu estava antes.
Mas, sim, no meu caso e na maioria dos casos é tempo livre depois do trabalho, da escola, a gente arranja sempre umas horinhas porque o importante não é meter muitas horas, mas é sim treino consistente.
Portanto, alguém que faça 5 ou 6 horas durante uma semana mas depois não faça corridas ou treina durante um mês não vai ter o mesmo nível que alguém que treina 2 horas por dia todos os dias durante vários meses seguidos. Portanto, o importante é mesmo um método de treino consistente.
[00:04:33] Speaker A: Este fenómeno do simracing é relativamente recente.
Há quanto tempo é que existem equipas oficiais e conta-nos como é que entraste para a redline, onde o Max Verstappen faz parte, não é? E são colegas.
[00:04:48] Speaker B: Ao contrário de muitas pessoas pensam, o Simracing já existe há várias décadas. Tenho pessoal na minha equipa que está envolvido nisto há 20 anos, 25 anos.
Portanto, foi um fenómeno que apareceu com os videojogos a ficarem mais mainstream.
Jogos de corridas, depois no PC encontras plataformas mais complexas.
Mas o Simracing já existe há vários anos.
Mais de 20 anos. Eu estou nisto competitivamente há 5, 6 anos. Portanto, eu sou bastante novo.
Mas eu, como tinha dito, comecei casualmente. Minha primeira equipa competitiva foi a Williams Esports, da Williams da Fórmula 1. Não durou muito tempo, não fiquei muito satisfeito nessa equipa. Estive lá 5, 6 meses.
Mas tive algumas performances interessantes e foi aí que a Red Line contactou.
E a partir daí foi uma escolha fácil para mim. Não comecei logo profissionalmente nessa equipa, mas fui desenvolvendo ao longo dos anos e estou numa posição bastante boa agora.
[00:05:42] Speaker A: Recorda-me só, em que ano é que a Williams te contactou para entrares?
[00:05:46] Speaker B: Foi na mesma altura em que eu me qualifiquei para o Campeonato do Mundo, no final de 2020.
[00:05:50] Speaker A: Ok, ok. E como é que é dizer aos pais, olhem, este hobby que vocês se calhar me criticam às vezes, está agora a dar frutos e...
[00:06:00] Speaker B: A minha sorte é que, como eu disse, foi durante a pandemia, portanto, tinha as aulas no Zoom tinha muito tempo para me dedicar a isto, mais do que o normal.
Mas o meu pai sempre suportou-me nos cards, portanto, para ele foi fácil explicar porque é algo semelhante a ocorrer no real. Portanto, ele sempre gostou disso. Não gostou do facto de eu, se calhar, meter demasiadas horas naquilo comparativamente aos estudos e à escola.
Mas, sim, foi...
Nunca tive problemas com os meus pais, sempre deram possibilidade de me divertir.
porque nessa altura também era só um hobby, eram os meus tempos livres e como disse tive a sorte de ser bastante competente, sem meter muitas horas comparativamente ao pessoal profissional porque essa é a altura mais difícil porque tu como faz aquilo por diversão tens que bater contra os pílotos profissionais.
[00:06:47] Speaker A: Claro.
[00:06:48] Speaker B: Portanto, tens que gerir bem as coisas e é muito importante ter um método consistente de treino. Mesmo não ponhas muitas horas é sempre muito importante seres consistente.
[00:06:56] Speaker A: Mas em termos práticos, como é que funciona um dia ou uma semana tua? Quantas horas? Só para termos noção de quanto tempo é que perdes no simulador?
[00:07:09] Speaker B: O meu recepcionista sempre foi meter, como tinha dito, horas consistentes. Não muitas horas, mas consistentemente.
Nós, como equipa, temos algumas sessões planeadas. Normalmente duas durante o dia. Uma de manhã ao início da tarde e depois outra ao início da noite.
Portanto, somos muito metódicos nesse aspecto.
Temos um plano de treinos, treinamos seja qualificação ou as tintas de corrida com várias quantidades de combustíveis e diferentes pneus no carro, experimentamos setup. Normalmente temos a primeira sessão e temos um briefing e falamos do que é que podemos fazer durante o dia ou durante a semana.
E a partir daí é testar várias coisas no CAD durante de uma hora e meia, duas horas, fazemos uma pausa e depois mais tarde temos mais outra sessão de uma hora e meia, duas horas e tentamos repetir isto todos os dias de uma forma bastante consistente e dar resultados porque neste momento temos uma equipe bastante forte.
[00:08:00] Speaker A: Estas são estudiosos e a equipa é a redline, portanto vocês reúnem-se.
Por exemplo, qual é o papel do Max Verstappen na equipa?
[00:08:09] Speaker B: Eu gosto muito disto porque, como disse mais cedo, é muito parecido ao real. Especialmente o aspecto da competição até pode dizer que é maior.
A entrada para o simracing é muito mais acessível do que no real, não é? Se és muito bom vais chegar lá, provavelmente, no simracing. No real, se estás muito bom, se calhar, não tens os apoios necessários e não consegues chegar lá. Portanto, temos corridas extremamente competitivas.
Trabalhamos muito no setup.
Lá está o setup também, é mais acessível. Está de chance de um declique, podes mudar várias coisas. No carro real demora várias horas a mudar, não é preciso uma equipa de mecânicos. Portanto, podemos experimentar várias coisas, temos vários tipos de corrida e o Max, como gosta muito disto, mete muitas horas. Claro que ele está sempre muito ocupado com a Fórmula 1 e patrocinadores e marketing, mas ele quando tem tempo participa e ele é muito bom. É o meu nível ao melhor.
Existem pilotos melhores que eu, mas se ele se dedicasse 100%, seria o melhor no sim racing também. E mesmo não se dedicando, é dos melhores.
Portanto, a nível de conhecimento e experiência, é muito interessante trabalhar com ele, porque o que ele usa na Fórmula 1 e no real, usa no sim racing também.
[00:09:14] Speaker A: Então o sim racing funciona aqui como uma escola de aprendizagem de setups e tudo mais a explorar depois na realidade não é?
[00:09:21] Speaker B: Exatamente, é uma alternativa bastante interessante ao karting por exemplo que atualmente está muito caro não é? Toda a gente consegue investir valores exorbitantes por ano só para ter uma pequena chance de depois ser profissional.
[00:09:34] Speaker A: Quanto é que custa, desculpa interromper, quanto é que custa por exemplo uma época de karting?
[00:09:37] Speaker B: Eu corri de kart e se queres conduzir ao mais alto nível em Portugal se calhar tens que desembolsá-los acima dos 30, 40 mil euros e lá fora.
[00:09:46] Speaker A: Enquanto num simulador esses valores podem estar...
[00:09:48] Speaker B: Sim, gastas... Se queres uma plataforma, uma RIC muito boa, investes 4, 5 mil euros e é um custo único, não é? Todos os anos tens que gastar esse valor.
[00:09:56] Speaker A: E para quem nos está a ouvir, este RIC é composto por que aparelhos?
[00:10:00] Speaker B: Temos a estrutura, a estrutura base, onde se suportam os monitores, volantes, pedais, baquete. Temos o PC e depois lá está os acessórios, monitores. A base do volante, que é talvez o mais dispendioso. São bases muito desenvolvidas para simular as forças que sentes da estrada. A grande limitação do sim racing é que não consegues sentir o carro pelo teu corpo. Só consegues sentir pelas tuas mãos e os teus braços. Portanto, a base é extremamente importante.
e atualmente são muito, não diria complexos, mas dá-te um feeling bastante próximo do que sentires num carro real e consegues customizar o feeling à tua...
Há as tuas necessidades, há quem gosta mais forte, outros mais leve, outros com um bocadinho mais estalho, outros com um bocadinho menos estalho. E depois temos os pedais.
Nós temos o pedal de load cell que simula as forças no real. Por exemplo, tens um formula que tem uma força de pedal travão 80 ou 90 kg. Nós conseguimos simular essa força de uma forma linear ou não linear. Também podes customizar a forma do pedal e principalmente o peso, por exemplo, eu uso no meu pedal 80kg, há quem use 100kg, há quem use 100kg ou 50kg, há quem use, mude-se determinante do carro, no GT usas um bocadinho menos força de um conforme, porque é um carro que tem ABS Portanto, é algo interessante pelo facto que consegues mesmo customizar as coisas às tuas necessidades e aos carros que tu queres conduzir.
[00:11:20] Speaker A: Ok. Portanto, pedais e volante será então parte fundamental para ter um feedback completo do carro?
[00:11:27] Speaker B: Sim, a base do volante e os pedais é o mais importante.
Não é algo que consigas ir a uma Vorten ou uma Fnac chegar lá e comprar, são materiais mais...
mais complexos e mais caros também, é um investimento maior que tens que mandar a vida fora, mas existem... atualmente é muito melhor do que era antes, há 5 ou 6 anos já tinhas este tipo de material, mas era muito menos acessível às massas, tinhas de gastar 3, 4 mil euros. Atualmente com o valor de mil euros consegues ter uma base e um conjunto de dados bastante bons.
[00:11:56] Speaker A: Ótimo.
[00:11:56] Speaker B: Competir contra os melhores pilotos.
[00:11:57] Speaker A: Falávamos de Max Verstappen, que é o piloto de 2024 da época de Fórmula 1, o piloto mais rápido, e que está na tua equipa, ou tu estás na equipa dele, e que tu também acabaste de vencer no fim de semana passado a IndyCar?
[00:12:15] Speaker B: Sim, o campeonato IndyCar oficial.
Começou este ano um campeonato, que é mesmo oficial deles. Nós temos vários campeonatos. Já fui campeão mundial da Porsche Super Cup, na iRacing. Foi um campeonato oficial da Porsche.
Temos vários eventos especiais de Endurance, que é onde o Max participa mais. Corridas de 24 horas, 12 horas. Já fiz várias corridas com ele e ganhei corridas com ele, a partilhar o mesmo carro. Porque é algo que devíamos falar também em corridas de resistência, em que no real partilhas um carro com outros pilotos e no sim vencem a mesma coisa.
[00:12:44] Speaker A: Não só na resistência, mas queremos saber como é que isso tudo funciona, porque sabemos perfeitamente, Fórmula 1, temos os dias de practice antes da prova, temos a qualifying, como é que isto funciona no sim racing?
[00:12:58] Speaker B: É como eu disse, é muito mais acível treinar, não é? Não temos tempo limitado, mas são de uma hora ou duas horas.
Se estás em casa e queres treinar, podes treinar. É só quereres. Portanto, é importante também não treinar demasiado para não te desgastares ao longo do tempo, se tens um espaço.
Tempo de duas, três semanas entre uma prova é importante, como eu disse, não meteres um número e exuberir tanto de horas, mas sim um treino consistente.
Portanto, nós temos planos, treinamos distintos, várias voltas distintos, longos de uma hora, damos qualificação e treinamos e experimentamos coisas no setup. É exatamente como no real, só que temos possibilidades muito maiores de experimentar coisas, porque o tempo é quase ilimitado.
[00:13:37] Speaker A: Mas para quem nos está a ouvir, para ter noção, estas provas que tu fazes desencadeiam-se exatamente como uma prova real, ou seja, tu tens de ter qualificação, tu tens de ter as practice, não é?
[00:13:51] Speaker B: Sim, exatamente.
[00:13:51] Speaker A: E, por exemplo, um fim de semana de corridas para ti, como é que funciona? Ou por outra?
um campeonato de IndyCar que tu agora acabaste de vencer.
Como é que isso tudo desenrola?
Como é que funcionam os treinos? Como é que funciona a prova? Como é que é, no dia da corrida, sentar-se no simulador? Quais é que são os passos que tu tens de tomar?
[00:14:11] Speaker B: Os treinos, temos sessões privadas entre a equipa e é bastante confidencial, não podemos partilhar quase.
No sentido que não podemos partilhar tempos de volta, não podemos partilhar setups, não podemos partilhar nossa abordagem da estratégia e como treinamos. Portanto, nesse aspecto é muito importante termos os nossos métodos.
Mas é até relativamente simples. Treinamos durante a semana, tentamos treinar juntos, porque é sempre melhor quando mais pilotos estivemos, melhor.
E depois, no evento, normalmente o evento no Real é durante uma 20ª semana inteira, nós temos uma sessão de duas horas, e temos, como disseste, um warm-up de meia hora, por exemplo, na Indicária de meia hora. Temos uma sessão de qualificação, que em muitos casos é só uma volta, só tens uma tentativa.
Portanto, é muito importante também teres uma performance boa sob pressão, porque uma coisa é seres rápido nos treinos, quando não tens pressão, uma coisa é chegares lá e meteres uma volta boa e consegues arrancar da frente.
Portanto, há muitas pessoas que têm essa dificuldade, mas depois, durante a corrida, É exatamente como no real, são corridas de 40 minutos, 50 minutos, corridas de sprint em que tens a partida e depois a corrida, nós temos safety cars também de indicar, quando há acidentes tens o safety car, temos pit stops, trocamos os pneus, reabastimentos, temos estratégia, é exatamente como no real, até mais complexo ainda porque o pessoal está todo muito próximo, os pilotos são todos num ritmo muito semelhante, portanto é importante maximizar a estratégia e a tua abordagem da corrida.
[00:15:32] Speaker A: E particularidades específicas, por exemplo, na boxe tu tens o pit limit, não é? Exatamente. E tudo isso é igual à realidade, não é?
[00:15:39] Speaker B: Exatamente, e se fomos acima do pit limit, como tu disseste, temos uma penalização, e às vezes acontece. Imagina, treinaste duas semanas seguidas para uma corrida, e passas dois ou três quilómetros do pit lane, da velocidade de limite, e lás na penalização e a corrida acaba. Portanto, temos que ter cuidado em relação a esses casos.
Acaba por ser bastante sério porque, como disse, estás ali a pôr várias semanas de treino e um erro bastante simples pode acabar com isso tudo. Portanto, temos que estar bastante focados.
Mas em muitos casos é não pensar muito sobre as coisas. É fazer o que nós sabemos fazer e acaba por sempre correr bastante bem e é bastante divertido também.
[00:16:12] Speaker A: E na resistência, por exemplo, como é que funciona? Também são às 8, 6, 24 horas?
[00:16:18] Speaker B: Exatamente. Temos um carro que Não pode ser identificado durante esse período de tempo. Temos coisas de 24 horas, por exemplo, como disse, em que partilhamos carro com 3, 4 pilotos.
E é exatamente como no real. Se tens dano, tens de reparar o carro e tens o tempo para reparar o carro. Por exemplo, partes da suspensão de uma dianteira à esquerda. Uma hora, meia hora a reparar. Tens de ir para o pit lane ou em algum dos casos até ficas parado no meio da pista e não consegues continuar a corrida.
[00:16:45] Speaker A: Desculpa interromper, e aí abandonas ou esperas?
[00:16:48] Speaker B: Tens que abandonar, em alguns casos até podes mandar o carro para o pit lane mas demora vários minutos e a corrida efetivamente acaba.
[00:16:55] Speaker A: Porque por exemplo, furar um pneu, como é que isso acontece no simracing?
[00:16:59] Speaker B: Se utilizas o pneu, por exemplo, como falaste do rebentar o pneu, se utilizas durante um determinado tempo que depois do limite do pneu nós te fazemos tintos de uma hora e às vezes quando a pista está muito quente, muito abrasivo, um traçado muito abrasivo, o pneu pode ter esse risco, é raro, mas pode ter esse risco, nesse caso tens de ir para o pitlane e trocar os pneus, mas não é ideal, como é óbvio, o ideal é chegares ao pitlane com os 4 pneus intactos.
[00:17:22] Speaker A: Experiências agora reais. Tu já tiveste a oportunidade de conduzir alguns carros de corrida reais. Qual foi o primeiro? Como é que isso aconteceu?
Era algo que tu gostasses que acontecesse mais regularmente?
[00:17:35] Speaker B: Além dos karts, como disse, competi muitos nos karts, mas tive uma experiência de competir num Cayman GT4 no Red Bull Ring. Ganhei numa competição na Simracing, já conduzi um Fórmula 4 nos Estados Unidos.
Nunca tive a possibilidade de fazer corridas. Gostava de experimentar. Não é... Não posso dizer que é o que eu quero fazer porque é muito difícil. Eu gostava de fazer, mas é muito difícil. Mas gostava de ter mais experiências. Também sou um entusiasta de carros, tudo o que é corridas estou sempre a acompanhar.
E, sem dúvida, gostava de ter mais experiências e é bastante interessante porque vejo alguns pilotos Agora há até progredido o simracing para o real e estão-se a dar bastante bem.
[00:18:09] Speaker A: Era uma das questões que gostava de fazer que era, como é que te vês daqui a 5 anos, por exemplo, se o simracing é para continuar a ser a tua aposta ou se podes neste momento já começar a tentar saltar para outras modalidades?
[00:18:23] Speaker B: No pior das hipóteses, eu quero continuar no sim racing, ao nível que estou, pelo menos.
Mas potencialmente gostava de experimentar alguma coisa. Eu não tenho a possibilidade financeira, não posso chegar lá e pagar 200 ou 300 mil euros para fazer uma época num GT ou num Fórmula. Portanto, se alguém dessa possibilidade gostava, sem dúvida que está numa posição, pelo menos experimentar.
[00:18:44] Speaker A: Não querendo entrar em números concretos da tua situação neste momento, em termos gerais é possível, tu já és profissional de simracing, é possível viver já só dos simuladores?
[00:18:56] Speaker B: Para a maioria dos pilotos é difícil, como disse, a maioria é part-time, faz com hobby, claro que é uma aula é uma alternativa melhor do que arranjar um trabalho part-time de fazer algo que tu gostas e ter rendimentos.
Eu, na minha situação, posso fazer a tempo inteiro, numa posição de competitividade em que dou o suficiente para a equipa para fazer a tempo inteiro, mas depende muito dos resultados. Porque só os melhores dos melhores conseguem fazer a tempo inteiro e os melhores são poucos. Portanto, numa situação geral é difícil. Eu estou numa posição que consigo, mas atualmente a maioria é a mesma part-time.
[00:19:32] Speaker A: Vocês têm, por exemplo, na tua equipa, na RedLine, vocês têm...
Já agora, quantos pilotos é que são que fazem parte da equipa?
[00:19:38] Speaker B: Nós atualmente, na plataforma do iRacing, temos 8 ou 9.
[00:19:41] Speaker A: Ok, ok. E depois participam noutra plataforma sem ser o iRacing?
[00:19:45] Speaker B: Alguns participam em várias plataformas. Já participei no R-Factor, por exemplo. Fiz as 24 horas do Le Mans virtual com o Max, que está no meu carro.
mas atualmente a maioria mesmo é racing e por exemplo, estavas a falar da nossa posição na equipa desses 8 ou 9, se calhar só 2 é que são o tempo inteiro, por exemplo.
[00:20:03] Speaker A: Ok, ok. Portanto, vocês têm uma equipa de pilotos que depois participam em várias provas em várias plataformas diferentes, é isso?
[00:20:11] Speaker B: Exatamente, a Redline participa temos uma que é o Rendsport, a principal é o iRacing onde participamos mais regularmente e onde temos mais história também Redline participa no iRacing já há mais de 15 anos por exemplo no campeonato do mundo o Max está na Redline também já há quase 10 anos E, por exemplo, temos um piloto que foi campeão duas ou três vezes mundial, como já fui o duas vezes mundial, já há dez anos. Portanto, estes campeonatos que eu faço já acontecem há vários anos. E antes da RACING também havia outras plataformas.
Um dos nossos engenheiros está a fazer campeonatos em 2006, 2007, por exemplo, para dar um exemplo.
Portanto, é algo que... Bem no início do simulacro. Bem no início, bem no início. Ele contou umas histórias e a gente, pá, não sabia que isso havia corrigido nessa altura. Mas a verdade é que existiam e o pessoal até era bastante sério com essas provas. Era algo bastante sério. Claro que não havia prémios como há agora de prize pools, não havia salários de equipas. Portanto, era tudo muito mais rudimentar. Mas a competitividade sempre esteve lá e há muito tempo também.
[00:21:14] Speaker A: Era mesmo isso que eu ia perguntar. Eu há pouco perguntei-te quantos é que eram na equipa e era para perceber se isso é uma dinâmica de vocês recebem ordenado fixo ao final do mês ou recebem conforme os prémios que a equipa vai conquistando ou como é que essa gestão é feita.
[00:21:28] Speaker B: Sim, esses prémios na verdade somos nós que conquistamos.
[00:21:31] Speaker A: Um piloto.
[00:21:31] Speaker B: Exatamente. Eu participo no Campeonato X, tenho um prémio tal e o prémio vai para nós. Nos nossos contratos temos de dar uma parte da equipa seja 15% ou 20%, o que seja, e depois nós temos os salários também.
Tanto os pilotos part-time ou full-time, temos um salário fixo e ganhamos esse salário independentemente da nossa performance. E depois esses prémios, estamos dependendo só de nós para os ganhar.
Esses prémios das competições e das corridas, se ficas em primeiro ganhas X, em segundo ganhas um bocadinho menos, terceiro um bocadinho menos, portanto é nesse aspecto que temos esses rendimentos extras.
[00:22:08] Speaker A: Há uns anos, a Federação Portuguesa de Competição, a FPAC, começou, tornou o simracing um desporto federado.
Tu, neste momento, precisas ter licença, precisas ter carteira de condução, como é que esse processo é feito, até para quem nos está a ver, perceber o que é que é preciso ter para poder participar de uma prova, mesmo não estando numa equipa?
[00:22:32] Speaker B: Nessa altura, eu participei nos primeiros dois campeonatos. Ganhei os dois campeonatos.
E era preciso uma licença. Quando andava de kart, tinha que tirar uma licença. E com o simracing tive que tirar uma licença. É exatamente o mesmo processo. Até tenho o cartãozinho em casa comigo.
É exatamente o mesmo processo quando eu andava de kart, portanto calculo que é como se quisesse competir no provo da SPA, que é exatamente a mesma coisa que o sim-racing. Eu estive envolvido nesses dois anos, consegui ganhar nesses dois anos, entretanto houve mais um ano ou dois, eu não tive a possibilidade de participar, mas gostava de participar, claro, se houver mais algumas competições no futuro.
[00:23:06] Speaker A: Queremos saber qual é a tua posição atual em termos de campeonato, o que é que intencionas fazer para o próximo ano que já está quase a chegar e se em Portugal no campeonato nacional se fazes alguma prova e se este ano fizeste alguma prova e se para o ano vais fazer alguma.
[00:23:23] Speaker B: Este ano não houveram provas, portanto mesmo que eu quisesse não podia participar.
Mas se houver para o ano e se tiver possibilidade, como disse, às vezes eu não posso conciliar o campeonato da FUPAC com outro campeonato que é mais importante para a equipe e para mim financeiramente, mas se tiver possibilidade claro que vou participar. As minhas intenções é continuar a fazer o que fiz este ano, participar nos dois campeonatos mundiais que temos na ERACING, que é o campeonato mundial da Porsche Super Cup e o campeonato mundial da IndyCar.
e fazer os eventos especiais de resistência, como disse, de 6 horas, 12 horas, 24 horas, que para mim são os mais divertidos, porque estás a partilhar um carro com os teus colegas, que são teus amigos também, e é muito interessante, há uma dinâmica muito interessante fazer essas corridas e até convido o pessoal que gosta de correr e correr no real, gosta de corridas, é muito acessível, é só arranjar o equipamento, assinar na plataforma e consegues fazer uma corrida de 24 horas com os teus amigos, é espetacular.
[00:24:18] Speaker A: Aproveitava para perguntar, portanto, tu não tiveste... Desculpa lá que agora eu esqueci-me completamente. Para onde é que eu estava a ir?
Nós estávamos a ir para... No agendamento? Seria com o Estapa? Não, não, não, não.
Na questão nacional, não... É pá, perdi-me completamente. Não sei. E esta questão nacional, não tiveste, perguntaste.
[00:24:45] Speaker B: Se ele ia conseguir conciliar cá, Ah.
[00:24:47] Speaker A: Era isso, era isso mesmo. Desculpa. Desculpa, desculpa, desculpa.
Podemos, né?
Portanto, desde que não interfira nos planos da equipa, tu não tens exclusividade nenhuma, podes participar nas provas que quiseres.
[00:25:01] Speaker B: Sim, exatamente. Tenho que discutir com a equipa primeiro, mas nunca fui impedido de fazer nada, é só uma questão que tenho que fazer e eles deixam-me sempre participar. Claro que tenho de dar prioridade aos campeonatos da equipa, porque eu efetivamente só pago pela equipa para competir para eles e são campeonatos, como disse, que rendem muito mais para mim, mas tenho a possibilidade Tento sempre participar nos campeonatos da FUPAD e já participei dos anos e diverti-me imenso.
[00:25:27] Speaker A: Portanto, este ano foi um ano de ótimos resultados. Esperemos que para o ano se mantenha e consigas progredir. Há alguma questão que queiras levantar? Há alguma questão que queiras salientar?
[00:25:38] Speaker B: Não gostava de salientar que para quem gosta de corridas e gosta de carros, para experimentar o simracing com os amigos, com conhecidos, é muito divertido porque é bastante acessível. Não existe tal...
que me dê mais prazer do que fazer uma corrida de resistência de 24 horas com colegas meus que, independentemente do resultado, para nós é importante o resultado, mas quem se faz por diversão, e no final de contas o mais importante é a diversão, não interessa o resultado, é só participar e treinar com os colegas e fazer a corrida, é muito interessante.
[00:26:09] Speaker A: Eu confesso que me surpreendeu bastante também a primeira vez que pude ter contacto com um simulador verdadeiro, porque aquilo é mesmo muito real. O arcada que nós temos habituados a jogar numa Playstation, numa plataforma dessas, não tem nada a ver com um jogo, por exemplo, como o E-Racing, em que tens, e como tu referias, o feedback que tens é muito positivo.
Aproveito para perguntar, Diogo, este simulador que tu tens, onde é que ele está montado? Está dentro de casa? Está num quarto à parte?
Como é que alguém pode montar algo idêntico e com as condições que tu tens?
[00:26:44] Speaker B: Sim, tenho a minha plataforma em casa, uma divisão própria para mim, sempre tive.
É bastante acessível, é só arranjares o material necessário, montas no espaço livre e lá está. Portanto, é acível toda a agenda, como tinha dito, é só arranjar um material.
É importante ter... Há quem tenha 3 monitores, portanto essa é a única limitação de espaço. Temos um monitor central e outros laterais para simular a competir com outros carros. Precisas de ver as laterais dos carros, portanto é uma grande vantagem para quem tem que competir competitivamente. Mas essa é a única limitação em termos de espaço, portanto até é bastante fácil para quem queira arranjar uma rig para montar em casa.
[00:27:24] Speaker A: Ou seja, esses ecrãs dão-te a visibilidade como se estivesse com o capacete e com os retrovisores. Esses laterais funcionam se calhar como...
[00:27:30] Speaker B: Exatamente. Como podes imaginar, se tens um monitor central não consegues ver os laterais do carro quando estás a competir contra outro piloto lado a lado. Dá-te muito jeito, porque tens a possibilidade de olhar para o lado, estás a conduzir, tens de olhar para o lado, para aquele lado e dá-te uma visibilidade muito melhor comparativamente a um monitor central.
[00:27:48] Speaker A: Falávamos das suas competições a nível mundial, mas essa organização, ok, tudo bem, são as 24 horas de Le Mans, vocês não vão para a Le Mans.
[00:27:58] Speaker B: Não, exatamente. Competimos a partir da nossa riga em casa, com os nossos colegas, falamos online, temos uma plataforma que vamos no Discord ou no o que é que seja, em que estamos sempre em contato, não só nas coisas como nos treinos diariamente. Falamos uns com os outros. É como se fosse um jogo, exatamente, mas no intuito da competição e das corridas.
Portanto, se precisamos de alguma coisa, estamos a falar com os nossos engenheiros. Temos sempre contato com os nossos engenheiros a ajudar na estratégia, a afinação do carro, comparar com outros carros de outras equipas. Portanto, estás em casa, tens acesso a isso tudo e é bastante interessante por ser muito acessível.
[00:28:35] Speaker A: É algo quase impensável porque pensa-se no desporto motorizado como, ok, a prova é em Espanha, por exemplo, temos que levar os carros para lá, temos que levar as equipas, os pilotos. Esta proximidade que o sim racing traz é algo quase impensável porque é uma excelente forma de aproximar as grandes estrelas mundiais, de forma que era impossível de o fazermos se não fosse através de internet e através destas plataformas. Esta proximidade que vocês desenvolvem com os pilotos é algo muito positivo para o meio e também ajuda a desenvolvê-lo.
[00:29:12] Speaker B: Exatamente, a nível de custos e logísticas não existem as limitações que existem no real. Não tens de deslocar aquele sítio, não tens de ter aquelas despesas, aquilo e aquilo. Portanto, sim, estamos... Uma pessoa normal consegue correr contra o Max Verstappen ou o Molando ou o campeão de GTs ou de IndyCar.
É só registares na corrida e estás a competir contra ele a partir de casa.
Portanto, tens de ser bom, porque eles estão nos splits de topos contra as melhores pessoas. Portanto, tens de ser bom também, mas é civil a toda a gente.
É só teres o desejo de quereres competir e consegues estar lá.
[00:29:50] Speaker A: O Diogo Pinto, de há uns anos, nunca pensou estar lado a lado com o Max Verstappen, pois não?
[00:29:56] Speaker B: Não, como eu tinha dito, eu só queria fazer por diversão. Já tinha corrido com ele várias vezes, mesmo quando estava a começar, como tinha dito. Uma pessoa normal consegue competir contra um campeão do mundo de Fórmula 1. E depois, uns anos mais tarde, virei-te colega dele. Não pensava na altura, mas claro que estou muito contente com isso.
[00:30:14] Speaker A: Ótimo.
queres despedida?
Tiogo muito obrigado por nos teres vindo esclarecer e tirar bastantes dúvidas sobre o simracing é verdade que cada vez é uma modalidade e já agora vou aproveitar para fazer mais uma questão já faz tempo de problemas na edição desculpa faz tempo de ter muitas questões o que é que eu te queria perguntar se Vês esta modalidade do simracing como com grande desenvolvimento futuro, não é? Até porque esta proximidade dos pilotos, cada vez há mais pilotos profissionais, pilotos do real de carros.
Não quero dizer assim, desculpa, desculpa. Eu quero dizer que...
Ok, já sei.
Diogo, pelo facto de termos grandes estrelas do automobilismo no simracing, é sinal de que esta é uma plataforma com futuro, não é?
[00:31:07] Speaker B: Sim, como já tinha dito, existe há várias décadas e recentemente, depois da pandemia, ficou mais mainstream, mas a nível de competição e correr e conduzir um carro, a experiência está lá, mas claro que não é a mesma coisa que deslocar a pista e sentir o cheiro da borracha, da gasolina, isso nunca vai ser substituível e é um nível completamente diferente de experiência, não é?
Mas, como disse, a nível de condução e competitividade contra outros pilotos está lá e é muito acessível. Pelo facto de ser muito acessível, acho que vai estar sempre presente e vai ser cada vez mais predominante no futuro o simracing como uma...
não só uma ferramenta para pilotos profissionais no real treinar e estarem ativos durante as provas, mas como para qualquer pessoa que queira competir e queira conduzir, mas que não tem a possibilidade de conduzir no real.
[00:31:52] Speaker A: Ótimo. É isso mesmo, Diogo. Muito obrigado por nos teres vindo esclarecer todas estas dúvidas que tínhamos sobre o SimRacing.
É uma modalidade que, para quem gosta, deve experimentar. Há formas acessíveis de o fazer.
E, já sabem, se quiserem ouvir mais podcasts, basta irem às nossas redes sociais, ao site do Automóvel Clube Portugal ou às nossas plataformas digitais como o Spotify. Muito obrigado.
[00:32:14] Speaker B: Obrigado.