Episode Transcript
[00:00:04] Speaker A: Ora viva, bem-vindos. O mais recente estudo do Observatório ACP sobre a mobilidade elétrica será o foco deste podcast. Mais um episódio. Eu sou o Carlos Raleiras. Acompanham-me nos próximos minutos o Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, Associação Automóvel de Portugal, e Elsa Serra, do ACP Autos.
Se me permitem, vou ler uma pequena passagem relativamente àquilo que foram as conclusões do estudo de mobilidade elétrica para, de alguma maneira, iniciarmos o tema que nos traz aqui e que vem confirmar um pouco a percepção que todos nós temos, que os elétricos estão a vender-se cada vez mais, há cada vez mais elétricos a circular, isto tendo por base Um inquérito que foi feito para sustentar este estudo do Observatório ACP foram feitas 1550 entrevistas que representam uma amostra daquilo que é a população portuguesa e as conclusões, como eu digo, são exatamente estas. Portanto, mais elétricos a circular, Os elétricos são os carros preferidos das mulheres e das pessoas mais velhas, entre os 35 e os 44 anos, e depois também, a partir dos 75, preferem este tipo de mobilidade também os consumidores que pertencem a uma classe mais alta. Este estudo mostra também que Um dos maiores entraves é a autonomia dos veículos, em comparação com um estudo praticamente igual que foi feito em 2023, há agora mais modelos capazes de percorrer distâncias maiores, mas curiosamente há menos veículos elétricos com autonomia até aos 300 km. Destes 1550 inquéritos que foram feitos, apenas 504 pessoas já trocaram a combustão pela mobilidade elétrica.
Para metade dos inquiridos sem carro elétrico, uma proposta viável seria o mercado conseguir ter modelos entre os 20 mil e os 40 mil euros, mas 49% estabelece um limite de 30 mil. Poderia continuar naturalmente com mais conclusões que estão neste estudo, pode ser consultado na íntegra no site do ACP.
De qualquer maneira, E um pouco pegando neste último ponto, nota-se que os construtores de carros elétricos começaram por elevar a fasquia, atendendo também ao valor da própria concessão dos carros, o valor sobretudo das baterias, mas pouco e pouco começam agora a surgirem no mercado também veículos de segmentos mais baixos, digamos assim, e temos aqui uma maior democratização no acesso ao veículo elétrico, Elsa.
[00:02:46] Speaker B: Sim, boa tarde, obrigada.
Nós temos um mercado realmente mais maduro, com mais evolução, com baterias com maior capacidade.
E os construtores, e o LDP poderá falar isso melhor do que eu, realmente apostaram em carros mais cidadinos, mais pequenos, com valor mais baixo, para chegar a uma maior população, mesmo tendo um mercado de entrada, um mercado de elétricos principalmente, Pelas mercados de frotas, estamos em níveis de quadros mais baixos e, portanto, conseguimos ter um maior volume.
E isso faz aumentar todo este ambiente de mobilidade elétrica com maior procura, seja de carros, seja de carregamentos.
[00:03:41] Speaker A: Claro. E, portanto, nas estatísticas e no número de vendas destes veículos, Isto está bem expresso, não é, Alder?
[00:03:49] Speaker C: Exatamente. Boa tarde. Antes de mais, muito obrigado pelo convite e saudar este estudo do ACP, que eu acho que é da maior utilidade para todos nós, estamos neste ambiente da mobilidade em geral.
Sem dúvida, os veículos elétricos têm vindo a ter um crescimento, enfim, de algum modo significativo, e digo isto porque crescem acima dos valores de mercado, no mês de março as vendas elétricas cresceram 32%, portanto, enquanto o mercado está estagnado, à volta de 1%, isso é significativo de dois aspectos da nossa opinião. Cada vez mais os construtores de automóveis colocam novos modelos no mercado, Essa é uma realidade. Isto porquê? Porque quando se anunciou esta disrupção da indústria automóvel, sobretudo em termos da União Europeia, com uma regulamentação muito restrita em termos de objetivos de descarbonização e de metas a atingir, os condutores fazem parte da solução e lançam no mercado, cada dia que passa, novos modelos. E, sobretudo, e pegando aquilo que o Carlos referiu na introdução, estão previstos os lançamentos de modelos já abaixo de 30 mil euros, que é isso que o estudo também revela, que as pessoas pretendem realmente, e têm o seu orçamento nessa linha, veículos que vêm, digamos, corresponder àquilo que são os anseios das pessoas, e por outro lado também, e é isso que é fundamental para quem compra um elétrico, cada vez mais as baterias terem uma maior autonomia, isso é também significativo, Se juntarmos a isto, para fechar a quadratura do ciclo, a rede de carramento, que é um ponto que a CAP tem vindo sempre a insistir muito nesta matéria, porque de facto a União Europeia fez toda esta regulamentação com objetivos, mas não houve uma política concreta da União Europeia sobre, por um lado, incentivos à compra de elétricos, cada Estado faz o que entende, quer também quanto aos pontos de carramento. Há um regulamento, o chamado regulamento AFIR, que estabelece algumas metas, aquela distância de 60 quilómetros, etc.
[00:05:33] Speaker A: Será também, já agora, um dos pontos a debater num destes podcasts futuros.
[00:05:37] Speaker C: Exatamente, mas não há uma definição de uma meta europeia e, consequentemente, metas nacionais. Por exemplo, para dar um exemplo concreto, as metas de criminalização para 2030 estão à redução dos 55%. Há um estudo da Comissão Europeia que fala que são necessários 3,2 milhões de pontos de carregamento.
E há um estudo da nossa Associação Europeia de Construtores de Automóveis, a ACEA, que fala que terão de ser 6 milhões de pontos de carregamento para satisfazer as necessidades. Portanto, há aqui um passo ainda a dar, não da parte da indústria, os construtores prepararam-se, investiram-se...
[00:06:09] Speaker A: Mas a liberalização que temos estado a assistir agora no mercado português, vai incentivar também mais a mobilidade elétrica ou não terá um peso assim tão significativo?
[00:06:19] Speaker C: Bom, tem havido várias posições sobre essa matéria. Nós próprios já tivemos uma reunião com a Sra. Sária Estrada da Mobilidade sobre este novo regulamento.
tem vindo nos últimos dias a público várias posições diversas sobre isso, porque nós há aqui dois aspectos que temos que ter em linha de conta. Primeiro, a universalidade do sistema que temos tido, ou seja, esta entidade de Mobye que tem existido foi, aliás, tida como um exemplo em termos europeu e os nossos vizinhos espanhóis muitas vezes citam O exemplo português é interoperabilidade.
Mas houve, de facto, um estudo da Autoridade da Concorrência, e o Governo, nessa linha, tenta implementar as conclusões do estudo da Autoridade da Concorrência, que fala na necessidade de algumas alterações ao nível do sistema da mobilidade, designadamente haver taxas que serão desnecessárias, designadamente os meios de pagamento, digamos, serem mais fáceis num ponto de carramento, digamos, com o QR code ou com o cartão, uma maior ainda liberalização naquilo que são os fornecedores de eletricidade, os pontos de rendimento. Portanto, tudo isso foi tido em conta neste estudo. E, portanto, aquilo que a CAP tem dito é, sim senhor, nós concordamos com tudo o que são redução de taxas, liberalização, agora tem que-se acautelar o trabalho também que foi feito ou, digamos, o ponto até onde chegamos desta simplificação que existe para o consumidor não ter que ter, como dizem noutros países, quatro ou cinco cartões para carregar o veículo, ou terem um exclusivo que depois, se não existe, não podem carregar no outro, não tem o cartão.
Conjugando os dois pontos, achamos que é aí que estará, digamos assim, a virtude do novo sistema.
[00:07:53] Speaker A: Elsa, que outros pontos fundamentais relativamente ao estudo do Observatório ACP merecem serem destacados?
Antes de mais nada, também situando no tempo o próprio estudo, estes 1550 inquéritos que foram feitos.
[00:08:09] Speaker B: Pois, no primeiro estudo que foi realizado em 2023, na altura falávamos de que a partir de 2025 a União Europeia tinha decretado, 2030 peço desculpa, 2030 e depois de 2035 teria de ser totalmente, as viaturas vendidas, novas vendidas na União Europeia tinham de ser totalmente elétricas.
Quando foi feito este estudo, em fevereiro de 2025, já havia a conjuntura internacional que promovia outra vez os combustíveis fósseis, nomeadamente através dos Estados Unidos da América, e então já este estudo refletiu aqui uma dúvida. Enquanto era uma certeza em 2013, aqui já não era esse ponto.
Mas as vendas, aquilo que estão a demonstrar, é que efetivamente as pessoas estão a aderir à mobilidade elétrica.
E eu acho que existe uma percepção de que as pessoas mais velhas têm a maior dificuldade em aderir às novas tecnologias.
[00:09:23] Speaker A: E o estudo prova exatamente o contrário, não é?
[00:09:25] Speaker B: Exatamente o contrário. Aliás, foi uma evolução que nós tínhamos do anterior estudo, em que tínhamos as faixas etárias com o limite a partir dos 65 anos. Hoje em dia, aos 65 anos, nós estamos ainda em idade ativa, só a partir dos 67 é que é a idade mínima para a reforma e, felizmente, há muitas pessoas que se mantêm ativas.
E, efetivamente, as pessoas mais velhas creio que estão mais preocupadas com o futuro e aderem, e até por se calhar têm tempo, têm tempo para planear as suas viagens, têm tempo para explorar esta nova formabilidade. E tem maior poder de compra, muitas das vezes, do que já tem. Não tem outros encargos que as famílias mais novas, que têm filhos, têm colégios.
Se calhar não podem dispender tanto dinheiro na aquisição de uma viatura.
[00:10:23] Speaker A: Fazendo aqui um comparativo entre o estudo de 2023 e de 2025, notei aqui uma curiosidade.
que é o facto de, neste último estudo, 45% das pessoas que participaram admitiu a possibilidade de optar por um elétrico motivado por uma preocupação ambiental, mas no estudo anterior, em 2023, este número era maior, era de 55%, ou seja, a intenção de compra, digamos, está a cair.
que razões terão aqui subjacentes, isto pode ter a ver com o facto da, sabemos que a aquisição de um elétrico tem a mobilização de verbo inicialmente, mas depois temos aqui algumas poupanças subjacentes em termos daquilo que é a própria manutenção dos veículos e depois a particularidade.
[00:11:14] Speaker C: Da.
[00:11:14] Speaker A: Questão do carregamento não ser tão mais barato como inicialmente se supunha.
O que é que podemos dizer sobre isto?
[00:11:24] Speaker B: Bom, eu creio, é uma opinião para praticar, de que tem a ver mais com a conjuntura internacional e quando a idade média, e corrijam-me se eu estiver enganada, mas do parque automóvel a 13,6 anos, de acordo com os dados da.
[00:11:42] Speaker C: ACAP, Já subiu um bocadinho, mas está sempre a subir umas décimas.
[00:11:46] Speaker B: As pessoas quando pensam em adquirir um carro pensam O que é que eu vou ter? Não penso que vou comprar o carro por 1, 2, 3, 4 anos, penso a 10 anos. Enquanto em 2023 diziam, a partir de 2035, eu não posso andar com o carro a combustão, porque apesar de dizermos que era apenas nas vendas, as pessoas ficaram com uma percepção que era uma de circulação ou que poderiam existir alguns limites dentro das cidades. Em 2025, o discurso nos mídias, que afeta toda a nossa percepção, não era este e, portanto, houve esse recuo aparente.
Em relação aos carregamentos, É verdade, os carregamentos estão mais caros, há a percepção de que os carregamentos estão mais caros e é aquilo que falava o Helder e muito bem, que na necessidade de eliminação de algumas taxas que estão a encarecer a mobilidade elétrica, mas a verdade é que também existem mais postos de carregamento e, portanto, também começa a existir alguma competitividade que vai permitindo os utilizadores fazerem alguma poupança.
Agora é tudo uma questão de aprendizagem. Os utilizadores não podem carregar no primeiro posto que lhe aparece. Têm de ter aplicações que façam o estudo e tentar perceber para o seu.
[00:13:14] Speaker A: Carro com as suas características.
[00:13:18] Speaker B: Mas nem todos podem.
É verdade o que nem todas as pessoas têm. Algumas pessoas são muito engenhosas e todos nós vimos pelas redes circulares cabos a saírem pelas varandas ou a atravessarem passeios.
porque nem todas as pessoas têm garagens, ou os condomínios, ou os prédios construídos, não estão preparados para isso.
[00:13:43] Speaker A: O podcast da ACP Elétrica do ano, já quando falámos com a Associação das Empresas de Gestão de Condomínios, portanto, falar da necessidade de haver uma remodelação e até alguns apoios para tudo isto ser reconvertido e possibilitar o carregamento doméstico.
Hoje, quem está para comprar uma viatura que tem essa necessidade, ou queira fazer essa compra, continua sem perceber o que é que vai acontecer nos próximos anos e também isto pode levar aqui a alguma indecisão.
[00:14:17] Speaker C: Sim, sem dúvida. Essa é a questão que tem sido colocada nos últimos anos aos consumidores. E nós que estamos nesta área do automóvel temos sempre amigos e pessoas conhecidas a perguntar o que é que devem comprar. E eu penso que as próprias marcas de automóveis ou os próprios vendedores da rede comercial às vezes não têm a resposta. Há aqui dois aspectos, enfim, cruciais. Um é a indústria automóvel, que é uma indústria centenária, está num processo de disrupção que não volta atrás, que é de facto eletrificação. Porque tudo o que já foi investido Só na União Europeia foram 250 bilhões de euros que os construtores investiram na eletrificação. Portanto, vai continuar, é um progresso que continuará a desenvolver-se, com maior autonomia, valores mais baixos de aquisição. É, digamos, a tecnologia, porque falamos às vezes de outras tecnologias que são compatíveis, que existem, hidrogênio, etc., mas a eletrificação é a indústria que seguiu, digamos assim, neste momento, que está em linha depois do motor de combustão, ou em conjunto com o motor de combustão.
é cada vez mais, esta é a linha, cada vez mais as redes de carregamento, também como ela se referiu, vão ser alargadas. Portugal também não fica muito mal na fotografia europeia no que respeita aos pontos de carregamento por cada 100 quilómetros, não é?
[00:15:25] Speaker A: Nesse aspecto somos um exemplo.
[00:15:26] Speaker C: Exato.
Temos aqui dois aspectos, o consumidor corporativo, as empresas, e o consumidor particular. As empresas têm vindo a comprar muito veículos elétricos para as frotas, têm aqui um benefício fiscal significativo, interessante, sobretudo ao nível da tributação autónoma, que em Portugal é uma taxa muito elevada para os veículos das empresas e, portanto, com os veículos elétricos há essa vantagem. Os particulares têm que ter outro tipo de incentivo, porque não dusem o IVA, não têm a tributação autónoma, portanto, geralmente têm menos capacidade económica, não é? Portanto, na nossa opinião, dá cabo. Tem que continuar a haver um sistema de incentivos, mas mais robusto do que tem acontecido, porque Venderam-se mais de 40 mil veículos elétricos em 2024 e houve um incentivo para 1.400 e pouco veículos.
[00:16:09] Speaker A: E este ano já terminou?
[00:16:11] Speaker C: Já acabou, eram 1.425, terminou logo. Portanto, terá que haver aqui um incentivo. Ou seja, os incentivos começaram há meia dúzia de anos quando se vendiam 3 ou 4 mil veículos elétricos. Eram mil incentivos. Portanto, nunca subiu o montante. E, por outro lado, a pessoa, o particular, tem que ver também aquilo que é o seu dia-a-dia, a sua rotina. Ou seja, quando compra um veículo elétrico, é isso que normalmente se tem que dizer, a pessoa se vê se na sua rotina diária, ou em casa, ou no local de trabalho, ou um posto público onde mora na zona da sua residência, se de facto tem essa comodidade para usar um veículo elétrico no dia-a-dia, para não ter o chamado estresse, digamos assim, do carregamento e poder fazer esses planeamentos de uma forma mais organizada, digamos assim. Portanto, quando se fala que veículo adquirir, nós, como disse a Elsa, até 2035, o que está previsto, os motores de combustão que se venderem, se mantiver o regulamento no último dia útil, 2034, podem circular durante 30 ou 40, até o carro andar, portanto, às vezes houve a percepção que acabam os carros, que não acabam.
Neste momento temos um parque automóvel de 7 milhões de veículos em Portugal e só 3% é que são elétricos, portanto há aqui uma percentagem esmagadora de motores térmicos, mas, dizia eu, as pessoas têm que ver qual é a sua rotina, digamos, diária, de planeamento de viagens, etc, para fazer a melhor opção, sendo que nos elétricos chamamos de eletrificados, Há outra categoria dos híbridos que tem, digamos, o melhor dos dois mundos. Portanto, tem a componente elétrica para o seu dia-a-dia, para a rotina de casa, de trabalho, etc. E depois tem a componente de motor de combustão para uma viagem mais longa de férias ou de trabalho.
[00:17:51] Speaker A: Vou aproveitar também a presença do LDRP, do secretário-geral da CAP, para lhe perguntar Para os vossos associados houve aqui uma alteração do modelo de negócio, porque há marcas que sabemos que estão a eliminar revendedores com vendas diretas. O que é que isto tudo para o negócio do próprio automóvel também tem vindo a alterar?
[00:18:13] Speaker C: Bom, houve aqui, de facto, até a nível da própria Comissão Europeia, o anúncio de que iria mudar o relacionamento entre as marcas de automóveis e as redes, que nós conhecemos como concessionários, não é?
Mas o que assistimos neste momento é alguma retração nesse movimento, ou seja, houve conjuntores que disseram que iam alterar sobretudo a figura do agente, não é? Passar de concessionário a agente. Há aqui uma diferença jurídica, porque o agente vende em nome da marca, não é uma empresa, digamos assim, com autonomia nessa faturação. Os custos de marketing também são da marca. Portanto, haveria uma mudança de paradigma, mas o que se verifica é que a maioria dos construtores estão a adiar esse modelo ou estão a fazer uma experiência numa das marcas, nicho dos grupos que têm, porque a figura do concessionário continua a ser uma figura fundamental na distribuição automóvel.
[00:19:01] Speaker A: E de confiança para o consumidor.
[00:19:03] Speaker C: Exatamente. O concessionário tem o goodwill, conhece os seus clientes, dá confiança ao consumidor, dá uma assistência, digamos, com uma capilaridade em todo o território nacional, porque é um bem tecnológico, enfim, eu costumo às vezes dizer que nós quando adquirimos alguns bens de consumo do dia-a-dia e a varia temos uma dificuldade enorme porque não encontramos assistência, e o automóvel não, nos 27 países tem uma oficina autorizada que pode ir e arranja a peça e repara o problema. Portanto, os concessionários têm aqui um modelo, têm aqui uma importância muito grande no modelo de distribuição e os condutores têm essa noção.
[00:19:40] Speaker A: Foi por isso também que os construtores chineses tiveram, digamos, esse cuidado de se irem associando, por essa Europa fora, com grupos já bem implementados para não perder essa confiança com o consumidor?
[00:19:52] Speaker C: Exatamente. Essa é uma questão muito pertinente. Houve aqui, eu chamaria até uma inteligência grande da parte dos construtores chineses em estar num território que não conhecem, a China e a China, a União Europeia, a Europa e a Europa, e ao quererem entrar, como têm feito, na Europa, noutro mercado que não conhecem, tiveram essa preocupação de se juntar a quem já estava no terreno. Ou seja, até as próprias financeiras especializadas do automóvel que já estão instaladas, são essas que eles recorrem, e portanto houve essa preocupação, na nossa opinião, inteligente da parte deles, porque os concessionários, os distribuidores, estão, digamos, em contacto com os consumidores, com o público, e tem essa grande vantagem, digamos assim, para uma marca de automóvel, para um construtor. Dá essa garantia ao construtor, à marca de automóveis.
[00:20:35] Speaker A: Nesta transição para a mobilidade elétrica, quase metade das pessoas que responderam e que participaram neste inquérito do Observatório ACP, deste grupo de 1.550 pessoas, 16% disseram que optavam por uma das marcas mais recentes no mercado, e aqui estamos a falar claramente dos veículos chineses. Elsa, por aquilo que se tem visto no próprio concurso ACP Elétrico do Ano, que já vai na terceira edição, agora é este ano, e que acaba também por ser uma montra daquilo que são as ofertas no mercado para os portugueses, é notória essa penetração?
Aliás, o ano passado o Elétrico do Ano foi um veículo chinês.
Portanto, é notória essa penetração cada vez maior no nosso mercado.
[00:21:23] Speaker B: Sim, a oferta está cada vez mais robusta e os chineses, as marcas chinesas estão a entrar e estão a investir em comunicação, a entrar, como o Aldepente disse muito bem, através de quem conhece bem o mercado e do ponto de vista do consumidor fica esbatida a insegurança. Então, mas se o meu carro tem um problema, quem é o... Onde é que eu vou? Ah, mas é aquele concessionário, é aquele grupo, portanto traz-me confiança. E aí nota-se realmente este aumento de cota de viaturas fora da Europa, diferentes das marcas tradicionais.
[00:22:16] Speaker A: Olhando ainda para conclusões deste estudo, relativamente a respostas, o peso do valor dos carregamentos também, apesar na escolha do consumidor, quando estamos a falar do veículo elétrico, é um dos fatores principais, seguido depois da própria localização do tal posto, como há pouco o Hélder falava, Mas quando os consumidores carregam fora do âmbito doméstico, têm sempre preferência por carregamentos rápidos.
Mas depois temos aqui a dificuldade de encontrar postos públicos disponíveis, especialmente fora dos grandes centros. É uma queixa de 27% dos condutores de veículos elétricos que responderam neste estudo.
Como é que vamos, com tudo aquilo que se tem falado da tal liberalização e daquilo que já é a nossa rede exemplar ao nível da Europa, sendo uma caixa de 27% das pessoas que participaram neste estudo, como é que podemos dar um passo em frente, Hélder?
[00:23:18] Speaker C: Pois, lá está, tem que haver aqui uma política coordenada. Têm vindo a instalar os chamados hubs locais em cidades mais do interior. O hub tem um conjunto de postos de carramento rápidos, semirápidos, enfim.
É essa a política que tem que ser seguida porque nós não podemos privilegiar só as grandes cidades e o litoral e deixar os consumidores, os automobilistas que estão no interior do país sem o ponto de carramento. Sei que, por exemplo, havia um objetivo da Movié de ter pelo menos um ponto em cada concelho, mas há concelhos, tem uma área geográfica muito grande e a pessoa tem que se deslocar umas dezenas de quilómetros, se calhar, para carregar o veículo. Portanto, terá que haver aqui, naquilo que é a chamada coesão nacional, uma particular atenção a uma redistribuição daquilo que é a rede de carramento ao longo do país e não só nas vias principais e nas grandes cidades como tem de algum modo acontecido, porque supostamente também é onde estão mais veículos a precisar do carramento, não é?
Portanto, acho que essa queixa é pertinente e tem que haver aqui um foco, uma atenção. E há um outro aspecto. que também por vezes é muito indicado, que é o facto de haver muitos postos que não funcionam, quer dizer, não se percebe como é que hoje em dia não há uma manutenção mais antenda.
[00:24:24] Speaker A: Passam-se meses e continuamos a ver aquela tomada sem funcionar, não é?
[00:24:27] Speaker C: Passam-se meses e continuamos a ver sem funcionar, quer dizer, isto tem que evoluir de uma forma mais célebre que rapidamente seja reparada essa situação. A sinalização, curiosamente tive agora num congresso em Espanha, e o grande problema em Espanha dos pontos de carregamento é que não estão sinalizados. Então o governo espanhol anunciou agora uma campanha para sinalizar, porque há pontos, mas não são sinalizados. Em Portugal, pelo menos, temos nas autostradas, nas vias, etc., alguma sinalização. Mas também é importante para os automobilistas terem essa percepção, porque dizia-se em Espanha que o facto de não estar sinalizado, e um automobilista circula umas dezenas ou centenas de quilómetros e não vê nenhum anúncio de um ponto de carregamento e diz, eu não vou comprar um elétrico, porque de facto não há onde carregar. Mas até há, mas não estão sinalizados.
[00:25:11] Speaker B: Mas também não estão coordenados, não é? Porque não existe ali a figura de uma BOBIE, que é uma entidade de história, que é o nome, que permite a partilha. Para mim, eu tenho um descanso sabendo, tendo um cartão qualquer, que eu consigo aceder a qualquer posto, mas mais do que aceder a qualquer posto, eu tenho o conhecimento que existe aquele posto, a sua capacidade, se está a funcionar ou não, e se está ocupado ou não.
[00:25:44] Speaker C: Está ocupado, que é muito importante.
[00:25:46] Speaker B: Exatamente.
[00:25:46] Speaker C: Mas lá está, são essas variáveis também que é preciso dar resposta a esses 27% que colocaram essa dúvida, exatamente.
[00:25:54] Speaker A: E agora, com esta agitação económica a nível mundial, o que é que aí vem? Há taxas, entretanto há suspensão de taxas e agora estamos aqui neste entretanto para ver Para que lado é que vamos?
[00:26:07] Speaker C: Para a indústria automóvel é mau, porque a indústria automóvel é uma indústria globalizada, ao longo dos anos globalizou-se, porque os condutores, falamos que são europeus, mas depois têm fábricas na China, têm fábricas nos Estados Unidos, têm parcerias com condutores chineses, têm componentes que vêm do México, têm componentes que vêm do Sudeste Asiático, portanto é uma indústria global. E, para a globalização, aquilo que é fundamental é a eliminação de taxas e tarifas e, de facto, ao longo das últimas décadas fomos assistindo gradualmente à eliminação de tarifas alfangárias e isso contribuiu para a globalização e para o crescimento do PIB a nível mundial.
Este anúncio que tem vindo com avanço e recurso nas últimas semanas, estas tarifas que levam após as retaliações, é um claro retrocesso, digamos, daquilo que é o comércio mundial, daquilo que seria o ideal para a livre circulação de bens entre os vários blocos.
É um retrocesso que vai ter repercussão antes de mais, se for implementado naturalmente, como foi anunciado.
Nos consumidores, sempre quando os Estados Unidos anunciam, os consumidores americanos vão ser penalizados naturalmente, há um aumento da inflação, que é uma realidade, há um retrocesso tecnológico, por exemplo, se implementar...
[00:27:12] Speaker A: A indústria portuguesa, e neste caso estamos a falar dos fabricantes, mas também a questão dos componentes, Apesar de tudo, talvez Portugal não seja dos piores países em termos de afetação.
[00:27:26] Speaker C: Sim, há o efeito direto e indireto. Nós temos a indústria de produção automóvel, porque produzimos 330 mil veículos nas fábricas em Portugal.
[00:27:33] Speaker A: O mercado da União Europeia.
[00:27:35] Speaker C: Alemanha, França, Itália e Espanha. Para os Estados Unidos não chega a 1%, é uma exposição minoritária. Temos uma indústria importante de fabrico de componentes, que tem cerca de 4%, não chega a 5% de fabrico para os Estados Unidos, mas depois há o efeito indireto, ou seja, nós produzimos componentes em Portugal que vão para fábricas na Europa que exportam para os Estados Unidos. E se houver uma retração da procura por parte dos Estados Unidos, naturalmente, por causa das taxas, Estas fábricas param a linha. Aliás, já várias fábricas anunciaram a paragem de linhas de produção na Europa, quer na Europa, quer no Reino Unido, e, naturalmente, reduzem a encomenda dos componentes, não é? Naturalmente. Nós também.
Se o nosso mercado alemão é um mercado que leva 27% da produção de automóveis, se há uma retração económica na Alemanha ou outra, encomendam menos carros e as nossas fábricas reduzem a produção. Portanto, há aqui os efeitos indiretos que são realmente muito importantes e que estamos a tentar, digamos assim, a cautelar nesse sentido.
[00:28:27] Speaker B: Eu creio que vai ser afetado não só os automóveis elétricos, como os automóveis térmicos.
Toda a indústria vai.
Sejam produzidos onde forem os carros. Portanto, esta inflação vai ser global, porque vai afetar todos os consumidores, porque há trocas de taxas e de tarifas entre os bolsos.
[00:28:53] Speaker A: Relativamente ao assunto que nos trouxe aqui, o estudo do Observatório ACP sobre a mobilidade, Elsa, não sei, quer ainda fazer alguns sublinhados de algumas conclusões que possam ser mais elucidadas, sublinhadas, para além.
dos pontos que já fomos aqui falando.
[00:29:11] Speaker B: Não, eu creio que estes são efetivamente os pontos mais relevantes deste estudo.
Mas o estudo demonstra que as pessoas estão interessadas, mas acima de tudo ainda um grande desconhecimento sobre a mobilidade elétrica.
É todo um paradigma novo de mobilidade, requer habituação, requer estudo e requer experimentação. E muitas destas entraves que as pessoas têm à mobilidade elétrica é por desconhecimento.
A maior parte das pessoas com quem falamos, e nós aqui no automóvel que o Portugal temos, somos muito interpelados, As pessoas dizem, ah, mas eu não quero comprar um carro elétrico porque depois tenho medo da autonomia. Mas quanto é que faz? Não faz 100 quilómetros por semana.
Portanto, ah, mas se eu tiver de ir ao Algarve.
Se tiver um lugar que não faz uma viagem direta, para, tem carregamentos.
Mas depois existe sempre aqui o empolar das notícias no 15 de agosto, não é? Que os carros fazem a fila. É a Andover.
Mas se nós formos no mesmo dia pelas estações de abastecimento de combustível, também vimos as mesmas filas e se calhar somarmos, se formos o último da fila ou se tivermos o azar de uma bomba estar fechada, também temos ali fortes momentos de espera.
Mas, acima de tudo, creio que é necessário mais pedagogia na mobilidade elétrica para podermos esclarecer as dúvidas e abrir aqui um bocadinho o horizonte.
[00:30:55] Speaker A: E falou na experimentação que, neste caso, no ACP Elétrico do Ano, há também modelos à disposição para as pessoas poderem experimentar.
[00:31:05] Speaker B: Não sei se quer... Nós, no ACP Elétrico do Ano, O grande objectivo é dar a conhecer as novas viaturas elétricas, é só sobre viaturas elétricas.
E no ano passado tínhamos experimentação aqui na sede na Rua Rosa Araújo.
[00:31:23] Speaker A: Apenas em Lisboa?
[00:31:24] Speaker B: Apenas em Lisboa.
E agora este ano abrimos que as pessoas podem experimentar nos concessionários de cada marca. Portanto, basta inscreverem-se no site.
não é preciso ser sócio ou não, experimentam as viaturas, tomam o conhecimento, é muito importante e nós promovemos esta experimentação, e depois votam e ajudam a eleger o melhor elétrico.
[00:31:50] Speaker A: Vou terminar com o Helder Pedro, sendo o rosto visível da associação que representa o automóvel, o comércio automóvel em Portugal. A última questão é exatamente para onde é que caminhamos nesta mobilidade elétrica.
De alguma maneira, pergunto, tal como já tinha logo no início falado na questão dos modelos mais pequenos e económicos, começam agora a surgirem cada vez mais com maior número. Será por aqui que a expressão da mobilidade elétrica vai ganhar dimensão?
[00:32:21] Speaker C: É, porque é esse o anseio dos consumidores, não é? De facto, ter um modelo com um valor mais baixo do que aquilo que tem havido até aqui e com as autonomias possíveis cada vez maiores. E, portanto, essa é a aposta, digamos, da indústria também, é dar uma maior oferta a um preço mais baixo e, como eu disse, há vários modelos anunciados já para lançamento este ano que estão dentro desses objetivos, não é? Se associarmos a isso a tal aposta na rede de carregamento e uma política de incentivos mais robusta, Aí abrimos a mobilidade elétrica ao particular. Como disse, as empresas têm outras vantagens, outras facilidades em termos fiscais, mas sobretudo o particular é importante que entre na mobilidade elétrica por essa via. Essa é a aposta. Muito bem.
[00:33:03] Speaker A: Agradeço aos dois por terem disponibilizado estes minutos para trocarmos ideias sobre a mobilidade elétrica.
Detalhámos o mais recente estudo do Observatório ACP sobre a mobilidade elétrica, abordando também, naturalmente, questões paralelas que tem relevância para esta matéria. Como eu já disse, o estudo pode ser lido na íntegra no site do Automóvel Clube de Portugal. E ainda a propósito do ACP Elétrico do ano, informo que o período de votação para os familiares já terminou, terminou a 15 de abril. A categoria seguinte vai englobar os modelos premium e vai decorrer de 1 a 15 de julho. Pode conhecer os seis modelos a concurso na revista do ACP, mas também no próprio site do concurso. As redes sociais vão também sendo atualizadas com novas informações. E, no fim, há um carro elétrico para sortear entre todos os participantes nesta iniciativa. Sendo assim, até ao próximo podcast. Muito obrigado. Até à próxima.