“Pedro Tojal a Acordar Portugal”

Episode 64 January 30, 2025 00:29:34
“Pedro Tojal a Acordar Portugal”
ACP - Automóvel Club de Portugal
“Pedro Tojal a Acordar Portugal”

Jan 30 2025 | 00:29:34

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Show Notes

O autor de um dos programas de rádio de maior sucesso de sempre é convidado deste podcast, em que a sua paixão pelos automóveis e helicópteros conduziram a conversa.

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Episode Transcript

[00:00:08] Speaker A: Bem-vindos a mais um podcast do AutoNaval Clube Portugal. Sou o Mário Vasconcelos e hoje temos como convidado Pedro Tujol, um nome bem conhecido da rádio. Pedro, muito obrigado por ter aceitado o nosso convite. [00:00:17] Speaker B: Muito obrigado pelo convite. [00:00:19] Speaker A: Por início de conversa eu gostaria de saber se o Pedro Tujol tem saudades de acordar Portugal. [00:00:25] Speaker B: Tenho, de alguma forma tenho, mas eu gosto, na minha vida gosto de fechar ciclos, portanto esse ciclo ficou fechado, mas tenho saudades porque fizemos um conjunto de coisas interessantes. [00:00:37] Speaker A: É que eu estou a referir-me a um programa que marcou muito na rádio portuguesa. Ele iniciou no início dos anos 90 e manteve-se no ar por 10 anos, salvo eu. Que programa era esse? Sobretudo para as gerações mais novas que não viveram esses tempos. [00:00:56] Speaker B: É aquilo que se chamava antigamente os morning shows, portanto é um programa de amanhã, era na RFM, e tinha um conjunto de características que era uma proximidade muito grande com o ouvinte. E nós fazíamos coisas completamente inovadoras, desde a nível promocional e sempre com o programa por trás, de forma a que os ouvintes tivessem sempre uma razão nova para ouvir em cada dia. Isto era o objetivo. E correu bem. Nós fizemos várias coisas, não sei se é oportuno falar, mas vou-lhe dar o exemplo, que é uma coisa interessante. Nós apoiámos uma corrida de automóveis num autódromo de Estoril. E o que era normal, todas as rádios faziam, faziam um passatempo, davam os bilhetes e pronto. Nós o que fizemos foi, sim senhor, vamos dar bilhetes, mas vem ver as corridas comigo de helicóptero, portanto. quem ganhasse vinha comigo de helicóptero e vieram as colinas por cima. É interessante falar numa coisa que ele soube, uns tempos depois, que foi uma senhora, um ouvinte nosso, com uma criança, e aquilo foi de tal forma impactante para a criança, que ele veio ser piloto da Força Aérea. por causa do passeio que deu, segundo disse a mãe, claro, connosco no Edecopo. Portanto, nós fizemos muita coisa diferente. Tínhamos um camião-tigre onde fazíamos o programa nas diversas capitais dos distritos em Portugal e, portanto, fazíamos muita coisa e correu muito bem. [00:02:48] Speaker A: Correu o país de lés a lés. [00:02:49] Speaker B: Sim. [00:02:50] Speaker A: Mas como é que surgiu esse formato tão inovador que diferenciou tanto esse programa? [00:02:55] Speaker B: Eu sempre gostei muito de estudar e nessa altura eu ia muito aos Estados Unidos E aquilo que eu fazia, e que ainda hoje em dia penso, acho que nós não devemos ter vergonha nenhuma de perceber que as coisas, quando nos interessam, nós podemos utilizá-las. Não é fazer exatamente igual, porque as realidades são diferentes, mas fazer as coisas... E lá isso fazia-se muito, portanto era um tipo de programa que se fazia nos Estados Unidos, e que ainda hoje em dia se faz curiosamente. E pronto, e portanto criou-se este formato e que teve, correu muito bem e fez com que a própria RFM recebisse-se para o primeiro lugar com o programa. [00:03:42] Speaker A: E outra das coisas muito importantes foi, entre as várias características que mencionou acerca do programa, foi o importante apoio que o programa deu aos concertos que se realizaram em Portugal na época. [00:03:56] Speaker B: Eu na altura era diretor de programas também da RFM. E, portanto, começámos por ter uma política de apoio aos concertos. Lá está. Não era só, como se fazia antigamente, que vinha o artista e tinha-se meia dúzia de bilhetes e dava-se aos ouvintes. Não. Nós fazíamos mais do que isso. Em primeiro lugar, capitalizávamos o que era o concerto para nós, tanto que Depois de umas guerras grandes com quem trazia os músicos por cá, aparecia, entre todos os cartazes, a RFM Apresenta e depois Supertramp. A RFM Apresenta, Genesis, a RFM Apresenta. Portanto, começou a haver aqui uma ligação muito importante. E essa ligação fez com que a rádio ficasse conotada com tudo o que aparecia de música importante em Portugal, música pop, claro, tinha a ver com a RFM. [00:04:55] Speaker A: O Pedro Tujal já tem dito que por esse programa passaram muitas histórias e até ideias novas, que depois foram aplicadas. Recordes assim uma? A história que talvez o tenha marcado mais. [00:05:09] Speaker B: São muitas. Há uma história que é... Sei lá. Nós fazíamos coisas diferentes. Vou-lhe dar um exemplo. Quando o André Botchelli começou a cantar, as rádios não passavam a Andrea Bocelli. Ponto, parágrafo. Porquê? Porque era a música clássica e, portanto, não passava. E eu achei que nós poderíamos fazer a diferença e eu comecei no manhã, pelo Jogo para Portugal, a passar a Andrea Bocelli. E o resultado foi um sucesso porque, de repente, como aquilo começou a bater muito, pois aquilo era automático e as outras rádios começavam a passar também. Nós sabíamos, porque as promotoras dos dias vinham dizer, a rádio tal também já está a passar, e por aí fora. E portanto isso aconteceu. E com o André Bocelli, porquê que eu falo nisto? Por esse caso de sucesso, mas porque ele veio, quando veio cá, a primeira coisa que ele fez, ele soube o que é que tinha acontecido e veio-me agradecer pessoalmente, ou seja, fez questão de, nem foi entrevistado porque ele não tinha tempo, mas fez questão de ir à rádio para agradecer pessoalmente à rádio e a nós aquilo que fizemos por ele para divulgar a música dele. Pronto, portanto nós tínhamos um conjunto de histórias muito interessantes que não aconteceram normalmente. [00:06:39] Speaker A: O Pedro há pouco falou, disse que também passou pela direcção de programação, fez líder outros projetos, mas tem a noção que ficará para sempre ligado a este programa que estamos a falar. Com um currículo tão vasto, é o programa que o marca? [00:06:59] Speaker B: Eu acho que faz parte. Mas eu tive outras coisas, outros projetos, como disse bem, que me deram imenso prazer, lá está, porque foram inovadores. A rádio, hoje em dia, as coisas parecem que são todas fáceis e já tudo existe, mas naquela altura, estamos a falar na década de 90, não é assim, há tanto tempo, há algum tempo, mas não há tanto tempo. [00:07:28] Speaker A: E início, não é? Logo início. [00:07:31] Speaker B: Nós fazíamos coisas E uma das coisas que foram feitas foi... A RFM faz parte de uma empresa que se chama Rádio Renascença. Quem estava à frente da Rádio Renascença era o engenheiro Magalhães Carejo, que um dia me chama e me diz assim, ao meu menino, que era como ele tratava, ao meu menino, nós... Temos aqui um conjunto de estagiários na redação, que são da Católica, e portanto eu queria-te pedir o favor se tu podias ensiná-los e nós vamos fazer uma rádio para jovens com estes estagiários. E vamos fazer uma rádio de jovens para jovens, a expressão que ele utilizou, de jovens para jovens. Eu, para não ser exaustivo, mas eu na altura disse que as coisas não eram feitas nesses termos. O formato mais difícil de fazer é o formato para gente nova. É fácil perceber porquê. Porque as pessoas novas estão sempre a mudar de gostos. Todos nós nos lembramos de não ouvirmos de um disco até à exaustão quando éramos novos e depois nunca mais ouvimos aquilo e a seguir vem outro e os nossos pais já nem podiam ouvir aquilo. Se vou fazer uma rádio para gente nova, tenho que ter em atenção isso. O que quer dizer que, para não ser um flop como tinham sido as outras rádios que tinham acontecido em Portugal, maiormente a Energia e por aí fora, E aquilo que eu fiz foi, e que era importante, era testar o mercado e perceber. Pronto. Então fizemos uma Radional, que chamava-se, agora não tem esse nome, mas ainda tem o nome Mega, Mega F.E. E a Mega FM era uma coisa completamente nova. Vou-lhe dar o exemplo. A rádio era feita de pé, que é uma coisa que parece que... Mas era feita de pé. As pessoas tinham aerobancos. Se quisessem sentarem, encostavam-se nos bancos. Foi a primeira rádio a tratar os ouvintes por tu. Porquê ? Porque as pessoas tratam daquele target, eles falam entre eles por tu, portanto era normal. Mas foi a primeira a fazer isso. E fizemos uma operação que eu achei extremamente curiosa, que foi começarmos a rádio sem publicidade. Objetivamente de dizer que esta rádio, durante os primeiros tempos, não vai ter publicidade. Ponto. Agora não sei se está a ver como é que o mercado reagiu. Ah, não precisa. Porque tudo o que é diferente as pessoas questionam e por aí fora. O que é um facto é que três meses depois, Entra uma campanha no ar a dizer, a rádio São António Herrera 97.4, ou a frequência, 97.4, no dia tal, quando tu ouvires um spot de Coca-Cola nesta rádio, e se for a chamada número 97, ganhas imediatamente um Volkswagen Beetle. Ponto. E isto era uma coisa completamente inovadora. Portanto, as pessoas, os ouvintes, ficaram de repente... Primeiro já se começou a falar a publicidade, mas de uma forma, lá está, completamente diferente. E foi um sucesso. Correu claramente. Pronto. Isto ainda agora para passar para falar das coisas antigas. E depois, quando saí, não sei se falaremos disso à frente ou não, depois, entretanto, saí, depois fiz-me um conjunto de rádios. Eu, e isso é uma coisa que me dá muito prazer, a quantidade de rádios que eu fiz, porque acho que aquela coisa de nós fazermos e ficarmos na história foi uma coisa que para mim não existe. Não existe. As coisas mudam, daqui a 10 anos já ninguém se lembra de nada, o que é normal. Agora, há uma coisa que é interessante que é, se este indivíduo não existisse, a rádio seria igual, Não. Pronto. Ok. Então isso é interessante. [00:11:37] Speaker A: Já aceita uma visão por esse prisma. E é interessante ter estado a falar sobre essas coisas inovadoras na época porque se hoje voltasse a fazer rádio quais seriam as maiores diferenças que encontraria a nível tecnológico, na forma de comunicar ou até nos formatos? E temos à nossa frente o entrevistado habituado à inovação, não é? [00:12:04] Speaker B: Sim, mas seria muito difícil, porque hoje em dia o auditório é muito difícil. A tecnologia não mudou muito, porque já na parte final era praticamente o mesmo que existe hoje em dia, com algumas diferenças, mas são muito poucas. Portanto, para fazer o programa, o que é que fazia de diferente? tinha que fazer diferente porque o mundo é diferente. E se nós queremos fazer algo que diga alguma coisa às pessoas, as pessoas são diferentes. Por isso é que eu digo que é muito difícil porque as pessoas hoje em dia têm um comportamento a nível de audição de rádio que não tinham antigamente. Principalmente as pessoas mais novas. Se fosse um projeto para gente mais velha, Era capaz de ser uma coisa com graça. Um malta mais da nossa idade. Isso era capaz de ser algo que podia ser interessante. Mas não haveria... Era diferente, mas não é assim manifestamente diferente. Porquê? Eu costumo, quando dava formação aos nossos locutores, vou falar na MEGA novamente porque é uma coisa interessante como inovadora, nós abrimos um concurso para os animadores da MEGA. Na altura concorreram à volta de 1600 e tal pessoas. Não sei se está a ver o que é que é. mil e tal pessoas para nós selecionarmos seis. Se não estou a enrolar seis, um ano já não recordo. Está a ver? Portanto foi uma coisa muito interessante. Mas estava eu a dizer, quando dava a formação, há técnicas de comunicação que elas são muito parecidas com os automóveis. O que é que eu quero dizer com isso? Com as chaves. Uma chave de bocas pode servir para desapertar um turbo ou pode servir para desapertar uma roda. Mas o que é um facto é que dificilmente ainda hoje em dia vai conseguir desapertar uma roda se não tiver uma chave. Portanto, a técnica Depois é a forma como é utilizada. Aliás, há um exemplo que se costuma dizer, às vezes até com outro sentido, que é a história do machado. Quer dizer, o machado é um instrumento que serve para fazer mal às pessoas como serve para fazer casas, não é? Para cortar madeira para fazer casas. É a forma como se utiliza. As técnicas de comunicação, desde que se saibam quais são, e isso aí é que E existe um conjunto de pontos de interconexão que ainda hoje em dia nota-se bastante que não existe muito, mas elas são utilizadas depois em função dos targets que queremos atingir. [00:15:04] Speaker A: E o Pedro Tijol falou de automóveis e é para lá mesmo que vamos encaminhar a nossa conversa. Como é que é a sua relação com os automóveis? Sei, por exemplo, que já participou em competições. nomeadamente uma que é o troféu Andrews. [00:15:19] Speaker B: Sim, eu corri em várias automóveis, em várias áreas, e uma delas foi a Citroën que me convidou para ir fazer uma corrida à Alpe d'Huez e que eles iam decorrer o troféu Sapsu. E lá fui eu com o jornalista daqui, o Francisco Nota, e lá fomos correr. E foi muito interessante porque teve pelo menos duas histórias giras. A primeira delas... Eu, como é evidente, nunca imaginei o que era correr no gelo. Cheguei lá e comecei a pensar. O que vou fazer é, durante a noite, vou andar a pé para perceber como é que aquilo é e assim fico com uma noção do que é que é o circuito. Como deve imaginar, andar a pé para esquecer do gelo. Mete-se lá ao pé e cai-se logo. Aí ficou logo o assunto arreglado. Depois, no dia a seguir, Há o sorteio para as pessoas começarem a testar. E quem é que é o primeiro ao sorteio? Quem é que é o primeiro a ir para a pista? Moá. Que ainda por cima tive para entrar... Não sei, mas espera aí uns 20 minutos porque eu ainda não estava pronto e não segui tanto o carro a trabalhar. O que é que eu fiz foi, deixei, como os carros vinham a seguir, era um pouco de tempo de diferença, deixei passar o carro que vinha a seguir e eu depois ia atrás para ver como é que ele abordava as curvas e por aí fora. Portanto foi uma história assim. E entretanto um dos convidados, portanto éramos nós os dois portugueses e o Mota e eu, e um dos convidados era um fulano que tinha sido campeão de ski francês, de seu nome Luc Alfain. e o local-fã também ia, como nós, dar ali uma voltinha e tal. Sendo que nós tivemos um briefing pela Citroën a dizer o seguinte... Isto é um troféu, é um troféu que é um troféu anual, portanto há diversas corridas deste troféu, vocês são convidados, mas peço-vos para não se meterem muito nos carros e não bater nos carros, porque isto é muito importante para os competidores do Troféu Sábio, portanto vocês vêm aqui divertir-se, mas não se metam muito. Quando o Luke Callahan começa a primeira corrida, bem, não imagina, o homem, com aquela necessidade de ficar em primeiro lugar, começou a bater nos carros todos. [00:17:56] Speaker A: Não seguiu o conselho. [00:17:58] Speaker B: Todo. Não seguiu o conselho. Bateu nos carros todos. E mais, depois, no final, foi interessante, porque ele foi chamado à Motorhome, que é da Citroën, um camião de tigre enorme e tal, e eu só vier a passar nos ecrãs as imagens dele a bater nos outros carros e eles aos berros com ele. E assim eu fiz isto e fiz aquilo. O tal do Califá, que entretanto nunca tinha corrido de automóveis e que depois se mete a correr de automóveis, e uma das coisas que faz é ganhar um Dakar, e portanto fez a vida toda a seguir a isso nos automóveis, deixou um seguível. [00:18:33] Speaker A: Mas a sua experiência na competição automóvel ficou-se por aí? [00:18:37] Speaker B: Não, não, não. Aliás, eu comecei a... Primeiro comecei nos ralizinhos que havia, que era o ralio de rádio comercial, umas coisas que eram pequenas. com um navegador que era muito conhecido, o Alberto Marques, e muito amigo de amigos nossos. E depois a seguir começou a haver uma coisa que eram as 24 horas, que foram um conjunto de corridas feitas com carros iguais, primeiro Ford Fiesta, E pronto, eu fui convidado para fazer várias corridas de 24 horas, tanto em Portugal como em Espanha. E depois, a seguir, houve vários troféus que eu entrei. Portanto, entrei com os Fiesta, entrei com Seat, entrei com diversos tipos de Seat. [00:19:26] Speaker A: Estamos a falar de que épocas, Pedro ? [00:19:27] Speaker B: 98, para aí. Também corri uma corrida muito gira que a Siva mandou vir os Beatles, que era um troféu que havia na Alemanha, mandou vir os carros todos. mas os carros, já não me recordo, mas tinham 1200 e tal cavalos com slicks, portanto era um carro já interessante para correr, fiz essa corrida também, e depois fiz uma coisa que eu acho que foi interessante, que abriu o Rálio do Algarve, portanto foi o carro 0-0 em 1997, e depois num ano a seguir foi o carro 0. Para quem não sabe, o carro 00 é o carro que abre os ralis, mas que vai parando se não ouvir as coisas bem, dizer às pessoas para não estarem. O 0, não, o 0 já é um carro que já não para. É aquele que é imediatamente antes dos carros partirem. Portanto, tem que ir rápido. O resto está a crescendar, que tanto num ano como outro. Eu levava como navegador um colega meu da rádio, que se chamava António Nicolau, e que nunca fizemos notas. Portanto, eu fui para o Raleigh e não tinha notas nenhumas. Zero. Tanto no ano como no outro. Nesse ano que fui carro zero, o carro que eu levava era um Megane de fábrica, com mudanças sequenciais e por aí fora, que era o carro de treino. Um carro espetacular. E os pneus, eu tinha escolhido os pneus de chuva, porque teve sempre a chover. E eu lembro-me de uma desfida que estava a se fazer torrencialmente. O piso era muito bom. Era um piso muito bom. E eles fizeram, antes da curva, fizeram uma chicane que era para não entrar ali muito depressa. e eu venho para ali abaixo, chega a chicar, começa a reduzir, faço aquilo, e quando vou fazer a curva o carro começa-me a escorregar, e eu a ver o buraco de lado, e o carro a escorregar, o carro a escorregar. Resumindo, caí para o buraco. Caí para o buraco, mas foi uma coisa impecável. Porquê? Porque vinha a escorregar pela terra, tinha subido muito, a terra estava macia, portanto fiquei lá embaixo, passei ao lado de uma pedra, E, a seguir, foram-me buscar e ainda fui abrir o turno suficiente, mas o outro logo a seguir. Mas o que foi curioso, e a história é gira, por isso, estavam os falantes, que eram de Altea, comigo, e disseram-me que foi quem fez isto mais depressa. Claro. Fui quem fiz mais depressa, mas não terminei porque vim parar lá abaixo. E, portanto, também abriu o Raleigh de Balgarve. [00:22:10] Speaker A: E o Pedro Tijol também é piloto. [00:22:11] Speaker B: De helicópteros, como é que servem esse gosto? E tenho uma outra paixão que também já fechei agora. É curioso quando vinha para aqui, vinha a falar sobre esse tema com quem me trouxe. Que são as motos. Eu durante muitos anos andei de moto. O meu primeiro veículo de transporte eram motos. Eu lembro que comprei a minha primeira moto ao grande, era uma Triumph 500. E isto é interessante porque é que eu vou contar isto. Porque naquela altura as coisas eram... Nós não tínhamos dinheiro, não é? Tanto comprava-se uma moto com dinheiro, que se ia buscar não sei onde. Aquela moto era um charuto muito velha, que foi a única que eu consegui com o dinheiro que tinha. Quando comprei a moto, o que é que eu fiz? Fui ao Algarve e vim. Sozinho. Fui ao Algarve e vim. Foi isso. [00:22:57] Speaker A: E aventura. [00:22:58] Speaker B: Foi. Não havia autostradas, não havia nada, não é? Fui ao Algarve e voltaram. Isto é para mostrar mostrar o que é que se gosta. Portanto, durante muito tempo andei de moto que, curiosamente, muito me serviu para os carros e é uma técnica que é curiosa, que é muito parecida com os helicópteros. Onde é que eu quero chegar? O andar de moto, ou para se andar bem de moto, tem que se andar como voar. É a mesma coisa, tem que voar à frente. Ou seja, é sempre olhar para a frente e nunca olhar para o pé de nós. nas motos, está um carro à minha frente, eu não olho para esse carro, olho para o outro que está à frente. E quando nós nos começamos a habituar a conduzir assim, ou a voar assim, aliás, tecnicamente, a nível de voo, ensina-se a voar assim. Que é para quê? Que é para, se acontecer alguma coisa, eu já estou a par do que é que está a ter, e ainda vou tendo algum tempo para mudar. [00:23:54] Speaker A: Mas como é que lhe serviu esse gosto por conduzir, pilotar? [00:23:59] Speaker B: Eu estive na Força Aérea, No 25 de Abril. E, portanto, é um gosto que vem dessa altura sempre. Sempre quis voar e, curiosamente, helicóptero. Porque o helicóptero é uma máquina que requer muito desempenho de quem pilota. O que é que eu quero dizer com isto? Enquanto no avião nós temos as asas, as asas do helicóptero são asas rotativas, são as paredes, portanto estão sempre a andar, não é? [00:24:38] Speaker A: E muito mais instável. [00:24:39] Speaker B: E muito mais instável. Então se for um helicóptero pequeno, um negócio assim como a minha algumas vezes, estar a levantar, alguém a tira, estar a levantar e o vizinho do lado aqui comigo espirrar e o helicóptero mexe. Ele espirrar e o helicóptero mexe. Portanto percebe-se como é que aquilo é. Diz-te para dizer o quê, ainda só a nível de desempenho ? Por isso é que os pilotos de helicóptero têm que... Porque têm as mãos ocupadas sempre. A mão esquerda é com o coletivo, que é o que faz o helicóptero levantar, mais o acelerador, mais o compensador. A mão do meio é para o cíclico, os pés é para os pedais e depois ainda tem que se comunicar e, antigamente, fazer as navegações. Leva-se uma carta, hoje em dia obviamente com GPS, se a gente quiser não faz isto, mas é bom saber fazer porque se o GPS deixa de funcionar eu tenho que saber onde é que estou. E uma das técnicas de saber onde é que estou, também já me aconteceu, do aletejo, e de repente não perceber bem onde é que... Eu sabia mais ou menos onde é que estava, mas não sabia muito o detalhe. Então olha-se e vê-se uma rotunda com várias setas, depois o helicóptero cai embaixo, a andar à volta e a ver. Isto vai para Évora, aquilo vai para Noruega, e os carros estão a olhar, a ver o helicóptero ali à volta. [00:26:05] Speaker A: Apanhou algum susto no ar ? [00:26:07] Speaker B: Já apanhou alguns. Já apanhou alguns. [00:26:12] Speaker A: Pedro, e do ar vamos para a gastronomia, porque eu sei que é um tema que também me agrada e sobretudo quando tem a possibilidade de estar à mesa tempos infinitos, porque até acha que isso é um ato cultural. [00:26:27] Speaker B: É verdade. [00:26:30] Speaker A: Gosta de cozinhar também? [00:26:32] Speaker B: Não. Eu cozinho algumas coisas, mas essencialmente marisco. Nada mais. E peixe. Ou seja, grelhar, grelhar, grelhar peixe. Durante uma parte da minha vida grelhei muito peixe. Depois disse, aí que foi tal ordem, uma dose tal ordem, disse nunca mais vou grelhar peixe na vida, mas depois mais tarde voltei. [00:26:54] Speaker A: Então é mais o prazer de estar à mesa, é isso? [00:26:56] Speaker B: É mais o prazer, mas também gosto, mas também gosto de... de cozinhar. Eu gosto muito de marisco e gosto muito de peixe. Mas eu penso que a história de estar à mesa é uma coisa muito interessante porque tudo o que está na mesa é da natureza. Não é verdade? Tudo o que está. Portanto, nós temos uma partilha permanente com a natureza quando estamos à mesa. E estamos ali. excelente e estamos à conversa, aquilo propicia com que nós estejamos bem e simultaneamente que as conversas sigam e que avancem. Eu acho que isso é importantíssimo. [00:27:33] Speaker A: Como é que classifica a cozinha portuguesa? [00:27:35] Speaker B: A cozinha portuguesa? Espetacular. A cozinha portuguesa é Eu gosto muito da cozinha portuguesa e da cozinha espanhola. Não ponho nunca as coisas do que é melhor, porque isso é uma coisa que não existe. O que é melhor, se é portuguesa ou se é espanhola, não existe. Sendo que nós temos uma coisa muito boa, que é o peixe e o marisco. E aí entra a história do ser melhor. E porquê que eu digo isto? Porque uma vez vi uma entrevista com aquele que era considerado os chefes dos chefes, que era o Adriá, que tinham orgulho em Barcelona, e o Adriá é galego. E é o chefe de chefes. E viu o Adriá dizer que o melhor peixe do mundo em marisco é o português. Ouviu o Adriá dizer. A partir daí, o crédito fica garantido, claro. Mas parece que há uma grande diferença. Não há. Por exemplo, o marisco no norte de Espanha, as xantolas do Cantábrico, são uma coisa do outro mundo. E a cozinha... A cozinha espanhola é muito rica porque a Espanha é muito grande. E a nível cultural é tudo muito diferente. O Norte é muito diferente do Sul e por aí fora. Curiosamente, nós, sendo um país pequeno, temos também essa diversidade. Mas um país muito maior. Mas temos essa diversidade. Ou seja, é curioso que 10 quilómetros ou 20 quilómetros ali em cima as coisas já não são bem iguais ao que eram ali em baixo. E isso é muito interessante e come-se muito bem. Agora, há uma moda da história do comer, a história dos chefes e não sei o que, isso é que eu já não sou fã. [00:29:14] Speaker A: Pedro Tijol, muito obrigado por ter vindo ao estúdio para este agradável converso. [00:29:17] Speaker B: Muito obrigado. [00:29:18] Speaker A: E obrigado também a quem nos segue, podem nos acompanhar no Spotify, Soundcloud, Apple Podcasts e nas redes sociais do ACP.

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