Episode Transcript
[00:00:00] Speaker A: Anos dos 30 é um podcast do Automóvel Clube Portugal que pretende dar a conhecer jovens talentos que se destacam nas mais diversas áreas da sociedade. Esta série tem o apoio da Ibanez. Sejam muito bem-vindos a mais um podcast do Automóvel Clube Portugal. Eu sou o Francisco Costa Santos e hoje na série Anos dos 30 temos Beatriz Pesqueira Pinto, que é animadora numa das rádios mais jovens do país, Cidade FM.
[00:00:23] Speaker B: Certíssimo.
[00:00:24] Speaker A: Beatriz, muito obrigado por teres vindo.
[00:00:26] Speaker B: Obrigada e eu.
[00:00:26] Speaker A: E vamos começar pelo início. Quando é que percebeste que querias entrar na rádio?
[00:00:31] Speaker B: Não sei. Olha, é uma ótima pergunta, eu não sei mesmo. Nunca tive esse sonho da rádio, desde music, que sempre soube que queria estar ligada a este meio, não que queria necessariamente rádio. Até achei que inicialmente ia mais para a televisão ou assim, mas sei que é um meio muito complicado de entrar E a rádio surge numa fase onde eu já estava meio desacreditada. Já pensei, bem, não vou para aqui, vou trabalhar para uma agência, ter um horário desde 9 às 6. E a rádio surge numa altura em que eu saio da faculdade e começo a querer investir mais na formação de rádio e ando na Católica numa formação avançada em rádio. Mais tarde, na World Academy, também uma formação de rádio e televisão. E acho que foi na World Academy que eu percebi que gostava de rádio. Porque tive um professor... Que te inspirou? Que me inspirou não necessariamente. Houve uma aula que nós tivemos que tínhamos que fazer um programa em rádio e ele queria que eu fosse o host, ou seja, a pessoa que controla a emissão.
[00:01:37] Speaker A: Ok.
[00:01:37] Speaker B: Para mim já era complicado falar, ou seja, fazer rádio. Quanto mais ser eu a host, não é? A pessoa que está ali a moderar. E eu lembro-me de falar com o meu professor e dizer não. Não. Primeiro, eu não tenho voz para isto. Esta é a primeira. E segundo, como é que eu vou mandar calar pessoas se eu é que gosto de falar? Nisto, ele começou-me a ouvir e disse... Entrou dentro do estúdio e disse, mas quem é que está a falar? E eu, ah, sou eu. Está uma porcaria, não é? E ele, não, está ótimo. Olha, acho que devias investir nisto. E eu fiquei, ah, calma. Eu gosto disto. E lembro-me que nessa aula estava a tremer imenso e disse, professora, não sei porque é que estou assim. E rapidamente percebi que provavelmente era porque eu gostava mesmo de rádio. Portanto, a partir daí, comecei a tentar a minha sorte.
[00:02:17] Speaker A: Dizes que nunca pensaste em ir para a rádio, mas a comunicação sempre fez parte da tua vida e tu sempre foste uma pessoa muito comunicativa.
[00:02:24] Speaker B: Sim, demais até hoje.
[00:02:26] Speaker A: Tu tiveste formação em comunicação e o que é que te levou para a comunicação? Já havia aí qualquer coisa que...
[00:02:32] Speaker B: Eu acho que não podia ser outra área. Eu acho que... O meu percurso mesmo no secundário foi tudo muito atribulado. Nunca foi fácil nada. Eu lembro-me que os meus pais queriam e quiseram que eu fosse para Ciências da Comunicação, não, enganei-me, Ciências e Tecnologias no secundário e eu fui. Mas tinha zero matemática e a professora continuava super acreditada que eu ia conseguir ter algum positivo ao longo do ano. Nunca aconteceu e às tantas no décimo primeiro ano eu disse à minha mãe, não, eu não quero isto, eu quero ir para a Humanidades. Voltei dois anos para trás. E a partir daí pensei, não. Ainda pensei em ir para a advocacia. Rapidamente percebi que não odeia estudar.
[00:03:09] Speaker A: Também tinha comunicação.
[00:03:11] Speaker B: Sim, verdade. Sou boa a argumentar. Mas, rapidamente percebi que não era uma opção e em conversa com os meus pais percebi, obviamente, que o futuro era ciências da comunicação. No caso, fiz ciências da comunicação e da cultura. E pronto, foi um bocado a partir daí que as coisas começaram A florescer e também é engraçado porque a rádio onde eu trabalho, a Cidade FM, é colada ao meu secundário, portanto eu encontro imensas vezes pessoas lá e quando eles me perguntam o que é que eu estou a fazer ou para que área que eu fui, a resposta é sempre a mesma que é não podias ir para outra. Portanto, eu acho que se fiz alguma coisa bem na vida, foi escolher a área em que trabalho. Não sei se no futuro vai dar frutos ou não, mas por enquanto... Já.
[00:03:54] Speaker A: Lá vamos, já lá vamos. Mas, por agora, a tua carreira na rádio é muito recente.
[00:04:01] Speaker B: É. Três anos.
[00:04:03] Speaker A: Ok, mas agora que estás a fazer a alocução é bastante recente.
[00:04:09] Speaker B: Sim, desde fevereiro.
[00:04:10] Speaker A: Pronto. No entanto, tu és uma cara que está cada vez a ser mais conhecida, estás a pertencer e a integrar programas e quem acompanha redes sociais da CDFM, quem acompanha a própria rádio vê-te em todo o lado. Como é que é essa experiência? Como é que é estar à frente do microfone, não como estamos agora num podcast controlado, mas por exemplo numa emissão em direto em que qualquer coisa pode acontecer?
[00:04:37] Speaker B: Dá medo. Dá muito medo até porque eu sou uma pessoa que considero ter um humor que às vezes, ou seja, pode ser mal entendido. Portanto, controlar essa parte faz parte do processo. Obviamente que a pessoa que eu sou fora da rádio é uma pessoa muito menos contida do que aquela que é em emissão, mas o meu percurso na Cidade FM e também como é que eu chego aqui à fase de locução e a diferença, ou seja, o estar à frente do microfone, ou melhor neste caso atrás, É muito... como é que eu ia te explicar? Nem sei bem. É estranho. É uma posição estranha porque eu estou há três anos na Cidade FM, apesar de só ter começado a locução desde fevereiro, portanto há quatro meses, I guess.
[00:05:27] Speaker A: Sim, sim, sim.
[00:05:27] Speaker B: Não sei fazer contas, portanto isto de cabeça está a ser incrível. Mas eu era coordenadora on-air, ou seja, eu estava no backstage, eu fazia toda a parte do back-office, tudo que era publicidade para o ar era eu que tratava, que escrevia, e de repente haver esta reestruturação de equipa e o meu diretor olhar para mim como uma voz e como uma personalidade agora em rádio, obviamente que dá medo.
[00:05:49] Speaker A: Tu já estavas dentro do sistema, já percebias como é que tudo funcionava, e o que é que deu esse salto?
[00:05:57] Speaker B: Olha, fui eu mesma. Não vou mentir. Fui eu mesma. O querer locução é uma coisa que o meu diretor sempre soube que eu quis, porque o meu percurso na Cidade FM começa com um estágio, ou seja, vou a uma entrevista na altura para o toque de saída com o Artur Simões, com a Tecas e com o Diogo Sena. Não fiquei. Ficou outra pessoa. Então, na altura, a coordenadora ONER, que é a Raquel, ligou-me a dizer, olha, não ficaste? Desculpa. Desculpa, eu ainda acabada de acordar. Estás a dormir? Eu não, não, não. Estava acordadíssima, meio-dia. E nisto, voltam-me a dizer, mas gostávamos muito de ti, gostávamos que viesse a uma entrevista com o Já São Horas, na altura, com a Laura Ferreira e com o Rui Simões.
[00:06:39] Speaker A: Já São Horas, exatamente.
[00:06:40] Speaker B: Exato, fui. A Raquel, entretanto, liga-me outra vez a dizer não ficaste. Não é possível.
[00:06:46] Speaker A: Tu pensaste, vou desistir do meu sonho.
[00:06:47] Speaker B: Não é possível, como assim? E ela dizia, mas gostávamos muito de ti, vamos ter aqui uma nova vaga para escrever notícias para o site e gostávamos de saber se estavas interessada. E eu lembro que na chamada comecei a chorar e ela, estou super feliz de fazer pessoas felizes e eu tipo, estou tão triste.
[00:07:03] Speaker A: Chorar de tristeza, chorar de tristeza.
[00:07:05] Speaker B: Eu não queria isto. Agora, para te fazer notícias para um cliente da CidadeFM, obviamente que foi esse o salto e que me fez, obviamente fez parte do início do meu percurso, mas teve graça porque entretanto eu começo a fazer as notícias para o site, eu sempre gostei de escrever, portanto, ainda por cima a Gossi passou Cusca, portanto tudo via bolo.
[00:07:25] Speaker A: Mas que tipo de notícias é que você escrevia?
[00:07:28] Speaker B: Falar sobre música, novos lançamentos, sim, tudo isso. Portanto, eu fazia o meu trabalho e, entretanto, na Cidade FM existe uma coisa que é o workshop de locução. É um workshop que nós fazemos normalmente de seis em seis meses.
[00:07:42] Speaker A: É interno?
[00:07:43] Speaker B: É interno. Não, é interno Mentira, mentira.
[00:07:46] Speaker A: Se alguém que nos está a ouvir e quiser dar aquele primeiro passo...
[00:07:50] Speaker B: Podem enviar o e-mail para a CidadeFM, o e-mail está disponível no site da CidadeFM e recortamos pessoas, ou seja, analisamos currículos e depois as pessoas que achamos que fazem fit com a CidadeFM têm a oportunidade de fazer este workshop. Pronto, eu na altura fiz o workshop, eu e mais 15 pessoas, ou 14, whatever, E eu, na altura, eu fui com uma mente muito aberta que eu sabia que provavelmente eu não ia ficar. Não ia porque ainda continuo a achar que não tenho voz de rádio, aquela definição de ter a voz super... Mais.
[00:08:21] Speaker A: Tradicional, aquela voz de público colocada.
[00:08:23] Speaker B: Exatamente. Portanto, eu fui completamente sem expectativas. Acabei por fazer o workshop e fui escolhida. Para o meu espanto, estava à espera. Fui escolhida, mas entretanto, com protocolos de faculdades e não sei o quê, não consegui fazer o estágio. E pensei, oh não, mais uma vez. Ou seja, eu sinto que há pessoas que vão pela autostrada. Eu fui, claramente, pela Nacional durante muito tempo, fiz muitas paragens. Mas entretanto, saio da Cidade FM. Começo a trabalhar numa empresa super corp... ai, que não sei dizer.
[00:08:51] Speaker A: Corporate.
[00:08:52] Speaker B: Corporate. Trabalho das 9 às 6 e estive lá um mês. E eu estava, não aguento isto.
[00:08:57] Speaker A: Estiveste um mês porque não aguentaste?
[00:08:58] Speaker B: Não. Não, aí é que está. Há um plot twist aqui.
[00:09:02] Speaker A: Ok.
[00:09:02] Speaker B: E eu estava, não acredito nisto. Que seca de vida.
[00:09:06] Speaker A: Porque ou era muito ligado à comunicação ou então tu não ias mesmo conseguir estar ali.
[00:09:10] Speaker B: Eu preciso de falar. Eu preciso de falar, eu preciso de ter ideias, eu preciso de ser criativa, pronto. E ali, obviamente que era uma agência e também envolvia criatividade, mas claramente que não era aquilo que eu queria. Faltavam dois dias para o meu período experimental acabar e o meu diretor mandou-me uma mensagem a dizer que gostava de falar comigo. E eu pensei, ah, se calhar é pela locução que fiz, não sei o quê. Não era. Era para ser coordenadora ONER, que pronto, foi ótimo, eu adorei ser. Deu-me uma estaleca e fez-me ser... Eu acho que sou uma boa profissional. Não querendo... E que te faz perceber.
[00:09:44] Speaker A: Os bastidores todos da rádio, não é?
[00:09:47] Speaker B: Sim.
[00:09:48] Speaker A: O que é que tu fazias nessa posição?
[00:09:50] Speaker B: Nesta posição eu tratava tudo o que era da publicidade que ia pôr on-air, ou seja, tudo o que é guiões com marcas ou anúncios era eu que escrevia tudo, ou seja, depois tens os sonoplastas que fazem os arranjos, eu escrevia simplesmente tudo o que era a parte criativa. Pronto e foi ótimo e deu-me uma estaleca muito grande porque para além de eu fazer este trabalho a ideia também era coordenar um bocado a equipa, não é? Tentar ser o braço direito de cada um deles e obviamente que tu trabalhas num sítio com tantas personalidades é sempre complicado. Não é dar-te bem porque eu dei-me sempre bem com todos, mas são muitas personalidades, é normal haverem aqui... E muitos jovens, não é?
Somos todos muito jovens. Tipo, até aos 30 anos. E depois há uma coisa engraçada na Cidade FM que é a Cidade FM é um sítio onde tu trabalhas com amigos. Quer queiras, quer não, tu envolves-te com eles e de repente somos todos amigos. E depois vem a parte em que tu tens de ser profissional de, ok, nós somos amigos, mas calma porque antes de sermos amigos aqui dentro somos colegas, obviamente. E essa parte era onde havia mais fricção, talvez, porque às vezes eu tinha que assumir uma postura séria, que é uma coisa que eu acho que as pessoas não estão muito habituadas a mim. Por isso foi desafiante. Pronto, e depois, passado este tempo todo, eu na altura tive uma conversa com o meu diretor a dizer que eu queria mesmo isto e tudo mais, e ele disse, faltam coisas, tem que haver aqui um clique. E eu a pensar para mim, mas que clique? Olha para mim! Olha para mim, que clique é que tem que haver mais? E na altura pensei, isto em dezembro agora do ano passado, novembro, falei com a Joana Miranda, que é uma locutora da Cidade FM, e ela disse-me, tens que mostrar, não é só dizer que queres. Queres locução? Então, bora pensar em alguma coisa.
[00:11:38] Speaker A: E o que tu fizeste? Um curso?
[00:11:39] Speaker B: Não, surge a ideia do podcast que eu tenho na Cidade FM com a Rita Domingues e com o Pedro Goias, que se chama Contenda. É um podcast de debate, onde a Rita, que é a nossa produtora, traz sempre um tema para discutirmos e eu e o Pedro estamos ali num debate intenso. Ele defende um lado, eu defendo o outro, até à exaustão.
[00:11:57] Speaker A: Pode ser acompanhado, desculpa me interromper, nas redes sociais e aconselho a irem pelo menos ao Instagram, porque é bastante divertido.
[00:12:04] Speaker B: E também no site da CidadeFM, em Cidade.FM. Fica aqui a publicidade.
[00:12:10] Speaker A: Com a criação do podcast, então houve.
[00:12:12] Speaker B: Aí... Sim, eu entreguei este projeto, fiz tudo sozinha, com a ajuda obviamente do Sonoplasta da Cidade FM, da Rita, do Pedro, que fiz a sessão fotográfica, fiz tudo. Eu cheguei ao Manel, que é o meu diretor, com a chave na mão. Tu não precisas de pensar em nada, não precisas de pensar em como é que aquilo podia ser. Não, está aqui. E isto foi um dia antes de eu ir de viagem. Portanto, eu vou para a Tailândia durante duas semanas e meia E digo ao Manel, ligo-lhe dois dias antes a dizer, liguei-lhe com uma basófia que eu não sei onde é que eu fui buscar. Liguei-lhe a dizer, olha, eu acho que tu ias ser a locutora. E ele, mas porquê? E eu com as minhas notas abertas no iPhone, a dizer-lhe porque isto, aquilo, aquilo, aquilo... E pronto, disse-lhe, obviamente sem expectativas nenhumas, sei que pode estar sempre um bocado reticente relativamente a isto. No dia a seguir apresento-lhe o podcast. À tarde, antes de me ir embora, ir fazer as malas para viajar para a Tailândia. Disse-lhe bem, Manel vou-me embora, se entretanto quiseres ter alguma coisa podes ligar. E ele então disse para eu me sentar e deu uma novidade, olha gostei muito do podcast. E dás-te parabéns, bem-vindo à equipa de locutores.
[00:13:16] Speaker A: Do mesmo antes de ires de férias.
[00:13:17] Speaker B: E antes de ires de férias.
[00:13:18] Speaker A: Que presente, que presente.
[00:13:19] Speaker B: Foi bom, foi bom. Mas foi... foi enervante ir para lá sem saber, ou seja, saber que quando eu voltasse já não estava mais confortável no sítio onde estava.
[00:13:27] Speaker A: Exato, que ia ser uma grande revolução e pela primeira vez ias estar a fazer algo completamente diferente. Diz-me uma coisa, tu para além da animação Quem te segue nas redes sociais vê que tu também acompanhas festivais, vais ter com o público. Conta-nos também essa parte do trabalho, porque não é só estares num estúdio de rádio, como estamos aqui agora, é estares no terreno, estares no campo. Como é que isso é tudo organizado? Como é que vocês organizam a vossa vida para irem até lá? Levam planos feitos?
[00:13:59] Speaker B: Sim, normalmente, ou seja, quem trata da organização é a coordenadora da ONER e a produtora, a Rita, que é a coordenadora de produção e pronto, o diretor e o subdiretor decidem quem que vai cobrir estes festivais e eventos e sim, normalmente nós levamos pelo menos o tipo de conteúdos que queremos gravar, tudo não é guionado mas sabemos quais são os.
[00:14:23] Speaker A: Temas que... Sim, mas já vão praticamente feitos, não é?
[00:14:26] Speaker B: Não são feitos, mas, por exemplo, agora eu estive num festival e organizámos o que é que íamos fazer lá com o público. E esta parte da rádio é a parte que eu gosto mais, que é a interação com as pessoas, acho que é super orgânico e eu adoro meter-me com pessoas, portanto, chegar ao pé de alguém e dizer assim, olha, não tens hipótese, vais participar e vais falar comigo, para mim é incrível e a verdade é que os resultados também são bons, portanto, alguma coisa andamos a fazer bem.
[00:14:51] Speaker A: E a recepção é sempre bem feita? Ou seja, as pessoas estão sempre disponíveis para falar com vocês?
[00:14:55] Speaker B: Não, não estão sempre disponíveis.
[00:14:56] Speaker A: Pergunto isso porque o que é? Porque maioritariamente acredito que sejam festivais jovens e que aí toda a gente os conhece, não é? Ninguém da nossa idade não o conhece a sempre.
[00:15:06] Speaker B: Toda a gente conhece a Cidade FM e muitos delocutores da Cidade FM. Eu sou nova, portanto obviamente que as pessoas não sabem de caras que é a Beatriz Pinto, não é? Tipo, ainda ficam ali mais reticentes. Não são todas as pessoas que são super recetivas. Há pessoas que dizem, e aconteceu agora há pouco tempo em Braga, as pessoas dizerem não, não quero e está tudo bem. Obviamente que nem toda a gente tem de participar. mas teve graça porque no primeiro dia tivemos a fazer conteúdos e as pessoas estavam muito reticentes no segundo dia os vídeos correram bem, houve bons resultados e as pessoas vinham ter comigo a dizer eu quero participar e eu ficava tipo malta, calma, é muita gente eu não consigo dar conta mas pronto, eu acho que é muito isto e no meu caso é aquilo que me dá mais prazer em fazer é falar com pessoas e estar com as pessoas e estar com os ouvintes dizerem que gostam de ouvir e que não gostam de ouvir, obviamente. Toda a gente gosta de ouvir isto, não é? Portanto, diria que é a parte mais interessante da minha experiência.
[00:16:07] Speaker A: E quando as pessoas acompanham programas como vocês têm, muitas vezes cria-se aquela relação. Já te aconteceu alguém chegar para ti e dizer, olha, adorei aquele programa X, adorei aquele momento em que vocês no podcast falaram disto?
[00:16:20] Speaker B: Acontece mais ao Pedro, por acaso, porque ele sai mais à noite do que eu.
relativamente ao podcast, acontece mais ao Pedro. A mim, aconteceu-me duas vezes dizerem que gostavam, uma delas foi assim, não estava à espera, porque uma coisa é mandarem-te uma mensagem no Instagram a dizer, olha, gosto muito de te ouvir, outra coisa é chegarem ao pé e te dizer, olha, tu trabalhas na Cidade FM, não é? E eu sempre pensei que, bem, no dia em que alguém me reconhecer na rua, eu vou amar. Não é que eu não tenha gostado, gostei obviamente, mas fiquei desconfortável e foi muito estranho porque eu achei que... Como eu sou super extrovertida e tudo mais, achei que ia estar... Yeah! Buena boa! Não, eu estava... Fiquei tímida. Fiquei tipo... Ah, eu não conheço esta Beatriz. Estou a conhecer agora. Mas é sempre bom chegarem ao pé de ti e dizerem assim... Olha, gosto de te ouvir. Podemos tirar uma fotografia? Obviamente que sim. E eu gosto que os ouvintes sintam que eu não sou uma pessoa longe deles. Percebes? Tipo, que eu sou uma amiga.
[00:17:13] Speaker A: Até porque a intimidade é muito próxima, porque são temas atuais, são temas muito do dia-a-dia, e como vocês são, é muito a vossa personalidade, portanto vão ter contigo já quase como te conhecendo.
[00:17:28] Speaker B: Sim, ou seja, ainda não acontece muito, mas eu vejo, por exemplo, muitos dos meus amigos, a Teca que agora está na Rádio Comercial, a Catarina Moreira na RFM, nós estamos na rua e as pessoas vão lutar com elas e muitas vezes festinhas e abraços e não sei o quê. A mim não tanto, porque lá está, sou nova, ou seja, Rádio Comercial e RFM são rádios muito mais ouvidas.
Mas sim, é engraçado ver essa interação com o público e saber que as pessoas ouvem os conteúdos que, para mim, é inacreditável. Para mim, quando eu estou na rádio, eu estou a falar para os meus amigos. Só. Ninguém me está a ouvir. E eu esqueço-me que tenho milhares de pessoas a ouvirem-me.
[00:18:11] Speaker A: Claro. E durante a semana? Nós sabemos que os horários na rádio têm horas completamente loucas. E como é que isso funciona? Tu sabes perfeitamente como é que vai ser a tua semana, há coisas que são feitas à última hora. Como é que é um dia-a-dia na vida da Beatriz Pinto?
[00:18:29] Speaker B: Gostava de saber responder essa pergunta. Não, estou a brincar. Nós sabemos sempre os horários à sexta-feira, ou seja, o horário para a semana a seguir sabemos na sexta-feira anterior. Obviamente que eu estou alocado a um painel e o meu painel eu faço à noite das 8 às 10 e depois obviamente os outros animadores têm outros painéis. Há sempre imprevistos, há sempre férias e aí temos de cobrir sempre Os locutores têm que andar aqui meio a tapar buracos, não é? Digamos assim. Não é tapar buracos, é substituir outras pessoas. Neste caso, por exemplo, esta semana estou a fazer onze quatro, que não é o painel que eu costumo fazer. Portanto, a minha rotina também vai mudando um bocado. Normalmente, a rotina da Beatriz das noites. Agora, não é tão rotineira como eu gostava, porque neste momento estou a viver um bocado longe. Portanto, tudo o que é o que eu costumava fazer quando vivia em Lisboa, de exercício físico e não sei quê, está um bocado em stand-by. mas o que eu costumo fazer é tentar aproveitar, ou seja, não gosto de ficar em casa até às oito, até porque sou uma pessoa um bocado inértica, portanto, nem que seja ir para a rádio e estar com eles. Gosto de fazer, tenho toda a preparação do meu guião antes de fazer o programa, faço muita pesquisa e a minha ferramenta de trabalho é o meu telemóvel e é assim, reclamo muito de eu usar muito o telemóvel, mas é a minha pesquisa. Eu tenho de estar atualizada sobre as trends, eu tenho de saber que também isto é dois em um, não é? Porque eu adoro o TikTok, portanto, dar esta desculpa de, ah não, mas é o meu trabalho, é perfeita, não é? Mas eu tenho de estar sempre em cima de tudo o que está a acontecer, principalmente no mundo da música e no mundo dos famosos também, obviamente. E também gosto sempre de trazer temas da minha vida. Por exemplo, eu estou com amigos e às vezes eles estão a falar e eu estou tipo, pera, pera, não digas nada, deixa-me só apontar isto aqui. Portanto, é um bocado isto.
[00:20:19] Speaker A: Preparas então o teu trabalho enquanto estás a conviver e a comunicar.
[00:20:22] Speaker B: Sim.
[00:20:23] Speaker A: E era agora para aí que eu ia. Uma questão aqui mais filosófica. Para ti, qual é o poder da comunicação? O que é a comunicação?
[00:20:30] Speaker B: Essa é uma pergunta só. Interessante. Eu acho que a comunicação é...
Ou seja, sem comunicação não havia a informação que nós temos hoje. Principalmente, digam o que disserem, a rádio, para mim, é o meio de comunicação mais forte. Tivemos esse exemplo agora com o apagão. O apagão foi a prova disso. De todos os meios que existem no mundo, a rádio foi aquela que nunca parou. Portanto, sair à rua naquele dia e ver as pessoas todas no carro ouvirem rádio, assim, para quem faz rádio, é tipo...
[00:21:05] Speaker A: É importante.
[00:21:06] Speaker B: Isto é bom. Portanto, eu acho que é isso. Obviamente que sem comunicação nós não éramos pessoas informadas como somos hoje ou não tínhamos a possibilidade de querer ser informadas. Obviamente que há pessoas que escolhem não ser e está tudo bem. Mas, mais do que tudo, a comunicação é o poder de conseguirmos Comunicar, percebe?
[00:21:30] Speaker A: Transmitir informação, não é?
[00:21:31] Speaker B: Transmitir informação, estarmos ligados uns com os outros também. Bem, agora parecia que falava português do Brasil. Estarmos ligados. Mas é isso, e eu acho aqui mais para puxar a brasa a minha sardinha, eu acho que a rádio realmente é o ponto, é indispensável.
[00:21:46] Speaker A: Agora que estás com 3 anos de Cidade FM e que estás mesmo a fazer o que querias, mesmo sem saber o que querias, nós pensamos sempre no futuro, ou seja, tu já te consegues imaginar noutro cenário, esta porta já te abriu possibilidades de sonhar com outras coisas, ou seja, passar para televisão, séries, o que for.
[00:22:07] Speaker B: Eu acho que cabe sempre essa porta, não é? Tu começas e começas a pensar, ai o que é que será que eu vou estar a fazer daqui a 10 anos? Porque há muitos casos de pessoas que passaram pela rádio e que infelizmente depois a carreira acabou, não é? Isto é super comum. Obviamente que eu penso nisso. Não penso nisso como um projeto para...
[00:22:27] Speaker A: A curto prazo?
[00:22:27] Speaker B: A curto prazo, não. Obviamente que tenho... A Cidade FM é uma ótima escola. para rádio e há muitos exemplos de pessoas que foram para outros voos e estão ótimas. Por exemplo, a Tecas, como eu estava a dizer, da Rádio Comercial, teve oito anos ou nove na Cidade FM e surgiu a oportunidade de ir para a Comercial e está incrível lá e tudo mais. Agora, eu quero aproveitar todos os segundos da Cidade FM porque a Tecas é um exemplo que eu olho e é tipo o meu role model daquilo que eu gostava de um dia conseguir alcançar, que é obviamente que nesta profissão o mais importante são os timings, mais do que o trabalho, mais do que o talento, o timing é fundamental. Se não tiveres na hora certa no dia D, tipo, a probabilidade de tu conseguires é difícil e é triste, mas os timings são mesmo isto. E obviamente que penso no meu futuro É óbvio, não é? E custava muito um dia ir para a rádio dos grandes, não é?
[00:23:27] Speaker A: Ok. E tudo bem que a rádio atualmente tem muita imagem? E televisão? Não.
[00:23:34] Speaker B: Sim, é uma coisa que eu gostava de explorar, mas que ainda sinto que preciso de ganhar aqui muita segurança para um dia conseguir chegar lá, porque apesar da rádio hoje em dia ter muita imagem e tudo mais, nós estamos muito mais confortáveis atrás do microfone do que com mil câmaras à frente, não é? Portanto, acho que antes de chegar aí ainda há muito trabalho a fazer a nível de segurança e desenvolvimento pessoal.
[00:24:00] Speaker A: É que se tu quiseres, certamente será o teu futuro. Para terminar, e para quem nos está a ouvir, e já que tiveste um percurso com muitas curvas, o que é que tu podes deixar de mensagem para alguém que nos esteja a ouvir e que queira entrar neste mundo, que esteja com alguma indecisão e que queira tomar um passo como o que tu tomaste? O que é que tu podes deixar de recomendação para entrar no mundo da comunicação em geral e até da rádio, porque é uma grande paixão?
[00:24:29] Speaker B: Eu sou muito cética relativamente a estes conselhos, porque eu era a primeira pessoa a ouvir outras pessoas a darem estes conselhos e a ficar assim, está bem, estás a dizer isso porque contigo correu bem. E a verdade é que todos os clichés que nós ouvimos de não desistas e vai atrás do que tu queres, isto é mesmo verdade. Eu muitas vezes pensei em desistir. Eu quando estava no estágio, ia fazer curso atrás de curso e já estava, não aguento mais com isto, uma vez que eu liguei o meu pai e disse, para mim, Acabou. Também é um acto de coragem saber desistir. Mas ele não me deixou disso. Não, nem penses. É assim para mim. Filha minha, não desiste. Eu, claro, típico, não é? Mas eu acho que... Eu odiava ouvir este conselho, mas juro que é mesmo este conselho. Como eu estava a dizer, este meio da comunicação é... São sete cães a um osso. É mesmo assim. E isto, para além do trabalho e do talento, é o timing. Se tu não estiveres num sítio certo, à hora certa...
[00:25:24] Speaker A: Há quem esteja.
[00:25:25] Speaker B: Há quem esteja, exatamente. E neste caso, acho que o que eu posso dizer é não tentem ser alguém que vocês já conhecem, porque nós muitas vezes ouvimos pessoas na rádio e tentamos ser como elas, não é?
[00:25:38] Speaker A: Pois que são referências.
[00:25:40] Speaker B: Mas eu acho que a chave aqui é a mesma essa, é tu seres uma pessoa completamente diferente que ainda ninguém viu. Portanto, para além disso, obviamente, esta parte toda que eu estava a dizer dos clichés de as coisas acontecem contendo acontecer ou vai atrás daquilo que tu queres, eu adorava não dizer isto, mas é que é literalmente isto. E é preciso ter muita paciência, mesmo muita paciência. Eu sei que às vezes nós queremos mandar tudo para um sítio e não, eu não quero mais isto, acabou. E vou ter um trabalho onde vou ser se calhar infeliz a maior parte do tempo, Mas acho que a palavra chave aqui é a resiliência. Se tu insistires, insistires, insistires, vai haver um dia em que estás tu no sítio certa hora certa.
[00:26:25] Speaker A: Às vezes a única desculpa somos nós, não é?
[00:26:28] Speaker B: Sim. E muitas vezes é, ah não, mas se calhar não é para mim, é para ti. Garanto que é, se tu quiseres. Portanto, acho que é um bocadinho por aqui.
[00:26:37] Speaker A: Beatriz, muito obrigado pela conversa. Muito obrigado pela disposição e que o futuro vai reservar tudo o que tu quiseres. Está aprovado. Porque se conseguiste chegar à rádio através deste percurso, de certeza que vais conseguir tudo o que tu quiseres.
[00:26:48] Speaker B: Obrigada Francisco.
[00:26:49] Speaker A: Muito obrigado. E uma questão, Beatriz, antes de acabarmos. Onde é que podem seguir? Quais são as redes sociais onde podem acompanhar e onde é que podem ver os teus programas na CidadeFM?
[00:27:01] Speaker B: Olha, nas minhas redes sociais, Instagram, arroba Beatriz P. Pinto. No TikTok, é igual, Beatriz P. Pinto. Eu não faço muitos conteúdos no TikTok, eu uso mais o TikTok para ver, mas também tem lá alguns. E depois é seguir o Instagram da Cidade FM, arroba cdd anderscorefm. Lá publicamos muitas coisas, festivais, vídeos do podcast Contenda também, coisas que vamos fazendo por lá, trends, essas coisas todas. Relativamente à minha emissão, é das oito da noite. Às 10h, portanto, é sintonizarem a Cidade FM.
[00:27:31] Speaker A: Onde podem ouvir em direto.
[00:27:32] Speaker B: Onde podem ouvir em direto. Se não tiverem no carro, também há a aplicação e o site da Cidade FM, onde também podem ouvir. E todos os podcasts da Cidade FM também é nas plataformas de streaming, Spotify, Apple Music, essas coisas todas, ou no site da Cidade FM.
[00:27:47] Speaker A: Ótimo, muito obrigado. E obrigado também a quem nos esteve a ouvir. E já sabe, se quiserem ouvir este ou outros podcasts, basta passarem no site do Automóvel Clube Portugal, onde tem lá uma secção de podcasts, ou então nas plataformas habituais como o Spotify, o Apple Podcast. Muito obrigado.